Papo de Mãe

Um olhar para as mães atípicas

Além dos atendimentos clínicos exclusivos para mães atípicas, decidi compartilhar diversos assuntos relacionados a essa realidade que elas vivem.

Roberta Manreza Publicado em 18/11/2020, às 00h00 - Atualizado em 19/11/2020, às 11h11

Imagem Um olhar para as mães atípicas
18 de novembro de 2020


Por Mariana Sotero Bonnás, psicóloga das Mães Atípicas. 

Então decidi que se ninguém olhava para elas, eu olharia.


A primeira vez que tive contato com as mães de crianças com deficiência, as mães atípicas, foi durante a faculdade, quando comecei a atender crianças com autismo na pós-graduação que fazia. Desde aquela época observava para os olhos tão atentos e preocupados daquelas mães.

Todos olhavam para a criança, falavam dela, mas ninguém perguntava para a mãe como ela estava. Isso me incomodava. Os anos foram passando e eu continuei atendendo as crianças com desenvolvimento atípico e depois trabalhando com a inclusão delas nas escolas e aqueles olhares maternos sempre me acompanharam.

Então decidi que se ninguém olhava para elas, eu olharia. Porque ninguém percebe que elas também precisam de cuidados e muitas vezes essa maternidade é romantizada, dizendo “filhos especiais vem para mães especiais”, tirando delas o direito de dizer que está difícil, que estão cansadas e precisam de ajuda.

Por isso que além dos atendimentos clínicos exclusivos para mães atípicas, decidi compartilhar diversos assuntos relacionados a essa realidade que elas vivem. Para que elas tenham voz, se sintam acolhidas e saibam, acima de tudo, que não estão sozinhas.

Eu sempre falo que, quando uma mãe recebe um diagnóstico, é como se colocassem um pano escuro na sua frente e faz com que ela não consiga enxergar o futuro. Mesmo que ninguém saiba exatamente, quando se está grávida, a mulher imagina como será a cor do cabelo, dos olhos, para quem o bebê irá puxar, o que ele vai querer ser quando crescer e o diagnóstico chega como se dissesse “nada disso irá acontecer”.

É importante que todos esses sentimentos sejam validados, que elas possam entender e aprendam a melhor maneira de lidar com essa nova vida que se apresenta, pois ainda há maneiras de viver uma maternidade leve e feliz.

Porque ter um filho com deficiência não é “perder” o futuro, não é castigo, nem sinal de que ele precisa de conserto, mas sim um convite a olhar diferente e a mostrar para a sociedade que todos nós temos diferenças, apenas algumas são mais visíveis do que as outras e todas devem ser respeitadas.

Mariana Sotero Bonnás – Psicóloga das Mães Atípicas – CRP 06/92998

Instragram e Facebook: @marianabonnas




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