Roberta Manreza Publicado em 29/06/2016, às 00h00 - Atualizado às 12h49
Renata Velloso *, mãe de adolescente
A grande maioria dos pais é preocupado com o que os filhos acessam na internet ou assistem na televisão. Não queremos, obviamente, que os nossos filhos tenham acesso a conteúdos inapropriados para a idade deles, tanto em termos de violência quanto em termos de conteúdo sexual explícito. Para atender a essa nossa vontade, existem diversos sistemas criados com a finalidade de dar controle aos pais sobre aquilo que os filhos acessam na internet. Esses sistemas prometem controlar desde o conteúdo até o tempo que os filhos passam na rede. Mas será que eles funcionam?
Depois de mais de 10 anos de formada, resolvi voltar para os bancos da faculdade. Ao contrário do que acontecia quando eu me formei pela primeira vez, no final da década de 90, nessa segunda faculdade, o uso da internet já estava totalmente disseminado entre os alunos que passavam boa parte do tempo livre (e também no tempo que deveriam estar estudando) navegando na rede. Certo dia, houve um boato de que a faculdade iria limitar o acesso a sites populares que não estavam relacionado com os estudos. Na época, o principal alvo era o Orkut. Antes que o boato fosse implementado, eu já tinha recebido um e-mail me ensinando como burlar o sistema de controle.
O mesmo acontece com os nossos filhos. A escola secundária da minha filha também bloqueou o acesso a Netflix, Facebook e outros sites nos computadores emprestados aos alunos. Um grupo de estudantes passou a cobrar dos colegas o serviço de desbloqueio. A única vantagem da medida foi ter estimulado o espírito empreendedor nesse pequeno grupo. Em termos de controle, o resultado do bloqueio foi mínimo.
É comum que os pais peçam ajuda aos filhos para se entender com o controle remoto da TV. As gerações que nasceram depois da invenção da internet são nativos digitais, em um mundo em que a maioria de nós é estrangeiro. Eles têm muito mais habilidade (e tempo livre) para conseguir fazer o que querem online, independentemente do quando nós, pais zelosos, desejamos controlar. É uma luta perdida.
O que fazer então? Simplesmente deixar pra lá? Não. Algumas coisas podem ser feitas para que o seu filho tenha uma relação saudável com a TV e com o computador. A primeira é dar o exemplo. Se você fica o dia todo com a cara enfiada no seu celular, fica complicado exigir que o seu filho pegue um livro para ler. Já dizia o grande médico e filósofo alemão Albert Schweitzer “o exemplo não é a melhor maneira de educar, é a única”.
O segundo passo é manter uma relação de confiança com seu filho, e isso é muito mais fácil de ser estabelecido através da conversa do que da ameaça. Fale com com seu filho. Conversando você vai saber que tipo de conteúdo ele anda assistindo e com isso poderá orientá-lo melhor. Se ele confiar em você, a chance dele ouvir o que você está falando é muito maior.
Por fim, lembre-se da sua própria adolescência. Eu assistia escondido aos filmes “inapropriados” que passavam na Rede Record de madrugada, na tal da sessão Sala Especial. Adolescente, independentemente da época, é tudo muito parecido. Melhor que eles saibam como assimilar de maneira saudável aquilo que estão vendo do que proibi-los de ver.
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* Renata Velloso é mãe da Luiza (15), da Julia (12) e da Clara (10). É formada em Administração e Medicina e mora desde de 2011 no Vale do Silício (EUA). É autora do livro “Criando Unicórnios”, um manual de empreendedorismo para jovens a adolescentes que pode ser baixado gratuitamente no sitehttp://www.criandounicornios.com.
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