Mariana Kotscho Publicado em 25/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 13h55
A pandemia obrigou famílias e escolas a dividirem responsabilidades pela educação de crianças e adolescentes. Quem achava que a obrigação de educar era exclusiva de um espaço onde se “depositava” o estudante às sete da manhã e fazia o “resgate” da criatura às seis da tarde, descobriu ser necessário conviver com o filho. Mediando e auxiliando o seu processo de educação.
Para debater o processo chamado de educação parental, foi organizado o Parenting Brasil – Primeiro Congresso Internacional de Educação Parental, que foi realizado de maneira híbrida. Todas as palestras puderam ser vistas presencialmente (num hotel em São Paulo) ou pela internet, mediante inscrição prévia. O evento aconteceu entre 19 e 21 de novembro.
A psicóloga Patricia Nolêto, especialista em terapia cognitiva comportamental, falou sobre a importância do comportamento dos pais para o desenvolvimento dos filhos. “Quando é que, de fato, a gente desperta para a parentalidade? Pode ser no momento que você vê o ultrassom do seu filho, pode ser no momento em que você enxerga a primeira foto do seu filho. Isso varia muito”, explica Patrícia.
A educação dos filhos, na maioria das vezes, obedece a um processo de reprodução. Nessa toada, os pais acabam repetindo os erros e os eventuais acertos. Num processo de ensinamentos e de trocas. “É um elo, quando a gente estabelece parâmetros para os nossos filhos, na verdade, a gente está fazendo uma mistura daquilo que nossos pais fizeram, e acabamos reproduzindo”, comprova a terapeuta com a sua própria experiência como mãe: “A minha mãe, por exemplo, não costumava transmitir muita afetividade. Ela não era muito de dar abraços, e beijos. Quando eu tive minha filha, a Clara, decidi que seria diferente. Hoje, ela olha pra mim e diz que eu sou a mãe mais beijoqueira do mundo.”
Mas a psicóloga entrega também algumas escorregadas no processo. “Uma coisa que eu não gostava na minha mãe é que ela era um pouco chantagista, volta meia usava o argumento emocional, e volta e meia, lá estou eu utilizando, é preciso se policiar”, alerta.
“Para estabelecer limites devemos entender primeiro quem são os nossos filhos, quais as características deles, e aí sim estabelecer esse acordo. É como se fosse um plano”, diz Patrícia.
Também é fundamental compreender que há maneiras diferentes de educar os filhos e é necessária uma mediação e muita conversa entre os responsáveis pelo processo da educação das crianças: “ Meu marido já teve dois filhos, antes de termos a Clara, e eles já são adultos. No início, ele tinha dúvidas sobre se a maneira como eu estava educando ela ia funcionar de fato”, conta Patricia.
O congresso Parentingteve como objetivo disseminar culturas e estratégias sobre a educação parental. E teve a participação de diversos especialistas na área de educação e psicologia. A organização foi da Parenting e da CEO do Canguru, Ivana Moreira.
“Esse congresso é a realização de um sonho. Quando eu comecei a me interessar por parentalidade, eu era jornalista da área de economia e nunca tinha coberto nada de educação. Mas senti a necessidade de trabalhar com isso. E todo mundo que está aqui neste congresso vai poder dizer que viu o comecinho desse movimento”, afirma Ivana.
*Por Raphael Preto Pereira