Ter filhos mais fortes e saudáveis é um desejo comum entre pais e mães, e os esforços para atingir esse objetivo podem começar mais cedo do que você imagina. Um estudo recente, feito por pesquisadores da Universidade de Southampton, na Inglaterra, apontou que a força muscular das crianças está relacionada ao nível de vitamina D no organismo da mãe durante a gravidez.
A pesquisa, publicada no jornal científico The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism (JCEM), mediu os níveis de vitamina D em 678 mulheres na 34ª semana de gestação. Tempos depois, os pesquisadores mediram a massa e a força muscular das crianças ao agarrarem um objeto com as mãos, com quatro anos de idade. Os resultados mostraram que mães com níveis mais altos de vitamina D no organismo geraram filhos mais fortes.
O pesquisador Nicholas Harvey, que liderou o estudo, afirma que essa relação entre vitamina D e força muscular também pode surtir efeitos na saúde futura das crianças. Para ele, é provável que a maior força observada aos quatro anos persista na vida adulta e ajude a prevenir problemas que têm sido relacionados à baixa força muscular em adultos, como diabetes, quedas e fraturas.
Outros problemas ligados à vitamina D
O estudo da Universidade de Southampton se soma a outros que vêm comprovando e reiterando a importância da vitamina D na gestação. Uma pesquisa publicada no final de 2012 pelo JCEM, por exemplo, apontou que mães com carência de vitamina D no primeiro e segundo trimestres da gestação têm maiores chances de gerar bebês abaixo do peso normal.
Há ainda registros na literatura médica que sugerem uma ligação entre a falta da vitamina D e a ocorrência de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, infecções vaginais e perda de massa óssea pela mãe. A comprovação destas hipóteses ainda depende de trabalhos complementares, mas os indícios já deixam claro que a atenção aos níveis da vitaminta D deve ser redobrada durante a gravidez.
O principal fator de formação de vitamina D no organismo é a exposição diária ao sol. Justamente por isso, é comum haver altos índices de carência dessa vitamina entre moradores de grandes cidades, onde as pessoas passam a maior parte do tempo sob iluminação artificial, seja em casa, no trabalho ou em locais de lazer como shopping centers.
Para combater o problema, o obstetra Jurandir Piassi Passos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aconselha que as gestantes tomem sol por cerca de 30 minutos todos os dias, de preferência no início da manhã ou no final da tarde, quando a intensidade dos raios solares é mais amena.
Caso você não consiga separar meia hora apenas para isso, vale dividir o período em intervalos menores, espalhados ao longo do dia. Quem pratica atividades ao ar livre, por exemplo, já está cumprindo sua cota.
A exposição ao sol deve ser feita sem uso de filtro solar e não precisa usar biquíni ou maiô. Você pode estar de bermuda e camiseta, expondo apenas braços, pernas, pescoço e rosto.
A alimentação também pode ajudar a elevar as doses de vitamina D no organismo. A principal fonte são os peixes de água salgada e seus óleos – como o óleo de fígado de bacalhau –, mas a gema de ovo e os derivados do leite também contém a vitamina em menores quantidades.
Suplemento ajuda?
Jurandir Passos argumenta que, embora esses esforços para melhorar os níveis de vitamina D sejam importantes, eles podem não ser suficientes. “Há trabalhos que mostram que mesmo com uma mudança nos hábitos alimentares e com exposição ao sol pode ser difícil atingir os níveis ideais da vitamina”, diz o obstetra. Nesses casos, pode ser necessário receitar suplementos, e a maioria dos polivitamínicos indicados pelos obstetras às gestantes já contém doses de vitamina D.
O médico lembra que, antes de fazer qualquer alteração nos seus hábitos, é importante conversar com o seu obstetra para evitar também o problema oposto: excesso de vitamina D. “Essa vitamina pertence ao grupo das lipossolúveis, que se acumulam no organismo, diferente das hidrossolúveis que são eliminadas. O excesso da substância é prejudicial e pode causar alterações renais, sensação de boca seca, náusea e vômitos”, explica Passos.
Por isso, é importante medir os níveis de vitamina D no sangue de cada pessoa e, somente a partir disso, definir a dose correta de suplementos, caso eles sejam realmente necessários.
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