Bom pra cachorro! E gato, coelho, porquinho da índia... O convívio de crianças com animais de estimação impacta em todos os aspectos da vida
Ivy Farias* Publicado em 22/09/2021, às 08h44
Basta rolar o feed de qualquer rede social para ver uma imagem que deixa o dia mais agradável: crianças e animais convivendo trazem, automaticamente, um sorriso no rosto de quem vê. Nos Estados Unidos, por exemplo, um bebê de um ano e nove meses dorme, acorda e faz refeições com três cachorros. O diário é compartilhado pela família em Samson, the Dood que tem mais de um milhão de seguidores em todo o planeta. Mas, fora das telas, como é a rotina entre crianças e pets? A realidade é tão fofa quanto os stories?
“Muitas habilidades de vida são desenvolvidas na infância então, quando crianças estão com animais em seu cotidiano, um aprendizado fundamental é a sensibilidade: animais são oportunidades para que elas tenham novas experiências como responsabilidade afetiva”, explica Mariana Paz, psicóloga especialista em infância, mestre em Análise do Comportamento (UFPA) com formação internacional de instrutor de Mindfulness para crianças e adolescentes.
Para a especialista, o contato com os bichos é interessante por ser incondicional já que a criança entende que não tem expectativa, nada em troca. “É uma lição de vida este contato: empatia, sensibilidade e responsabilidade são promovidas a partir desta relação”, diz Mariana. “Naturalmente que não são apenas em relações com animais que estas habilidades serão desenvolvidas: é mais uma possibilidade que potencializa, mas não é exclusiva”, explica.
Durante a pandemia, muitas famílias optaram por interagir com animais e, com um contexto de isolamento, os bichos passaram a desempenhar um papel de socialização. Mariana ressalta que é importante alinhar as expectativas com relação à faixa etária pois, naturalmente, uma criança muito pequena, de três a cinco anos, não terá condições de se responsabilizar plenamente. “Não são apenas comportamentos de responsabilidade como oferecer o alimento ou levar para passear e sim sentimento de responsabilização”, pontua.
“Convívio com animais traz uma sensação de pertencimento à família e, a partir daí, é bom saber quais são os valores da família, por que se ter um animal: qual o objetivo para este bicho nesta rotina?”, reflete a psicóloga. “Qualquer pet é válido para o convívio com crianças”. Já a médica veterinária acupunturista Naiana Pereira Di Nardo ressalta que, além das vacinas em dia, é primordial que o uso de vermífugos esteja em dia: “Os banhos semanais- ou conforme a raça de cada animal- é fundamental”.
Criança muito pequena pode ter gato, cachorro? “São escolhas muito particulares e não existe certo ou errado. Aqui o importante é entender como cada família vai acolher o animal, o quão o sistema familiar está receptivo e comprometidos com o pet”, diz Mariana. A psicóloga alerta que não são apenas os cuidados cotidianos e sim a presença do bicho na rotina da família. “Não adianta nada exigir mais do que se pode dar”, pontua ela, lembrando que, em casos que a família tem o bicho antes da chegada do bebê, o convívio natural é distinto de quem vai ter um bichinho de estimação em outro momento da infância. “Por isso é importante saber o porquê daquele animal ser inserido no contexto familiar”.
No Reino Unido, onde mais de 70% das famílias têm animais de estimação, um estudo da Universidade de Edinburgh em parceria com a Sociedade Protetora dos Animais chama a atenção sobre a relação entre crianças e pets: o impacto positivo na autoestima é de 80% (maior até que no educacional- 45%). O estudo The Pet Effect: What effect do pets have on children’s development and health? (O Efeito Animal: Quais efeitos os animais trazem para o desenvolvimento e a saúde das crianças?”) avaliou aspectos como saúde, educação e liberdade (autonomia para comer, beber, expressar desconforto e medo) e, no quesito saúde mental e contato com telas, todos os animais avaliados (cães, gatos ou pequenos mamíferos) trazem benefícios.
“A questão do contato físico é importante neste caso”, salienta Mariana. “Animais que demonstrem respostas, interações podem favorecer mais ainda sentimentos como cuidado, compaixão e responsabilidade. O contato físico, o toque, o carinho oferecido pelo bicho é fundamental”, explica.
E se a criança tiver um comportamento de Felícia, que aperta o bicho, puxa o rabo? Mariana alerta: “É uma ótima oportunidade para explicar como cada animal reage e, muitas vezes, ainda não aprendeu como lidar com os bichos”. Então não há que se interpretar estas atitudes como crueldade ou intenção de prejudicá-lo e sim como um aprendizado. “Estas ocorrências servem para ensinarmos crianças como é o tratamento com um ser diferente de si”, explica.
*Ivy Farias é jornalista e apaixonada por animais
**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil.
Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas.
Conheça mais no site do programa
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