As nutricionistas Melina Conejo e Bianca Naves dão dicas para mães e pais com filhos pequenos prepararem refeições nutritivas apesar da correria
Rodrigo Moraes* Publicado em 08/09/2021, às 13h16
De segunda à sexta-feira, a correria é sempre a mesma para a produtora Ligia Domeniche. Como a escola de seu filho, Dante, de 4 anos, não fornece refeições, antes de sair de casa, ainda às 6 da manhã, ela se certifica que está tudo certo com o almoço que preparou na noite anterior e que o filho vai levar na lancheira.
Resolvida a primeira questão do dia, é hora então de encarar o trânsito e partir para a labuta. Chegado o meio da jornada, nada de correr até o restaurante, pois, afinal, em tempos de covid, todo cuidado é pouco. Do mesmo preparo da noite anterior, de onde surgiu a refeição do filho, vem também o prato que Ligia saboreia no refeitório da empresa onde trabalha.
No fim da tarde, é hora de encarar o trânsito mais uma vez e buscar Dante na escolinha. Mas ainda faltam duas refeições até o dia terminar: primeiro, o lanche da tarde do filho, e depois o jantar, de onde sairão novamente as refeições para o dia seguinte.
É aí que entra em cena a grande estrela das várias peripécias que Ligia desenvolveu para, mesmo com uma rotina puxada, sem empregada doméstica ou babá, preparar sempre bons alimentos para ela, para o marido Arthur Augusto e, especialmente, para o filho.
“O Dante é muito seletivo para comer, especialmente na hora do lanche, e quando dá seis da tarde, ele está com muita fome. Então eu sempre tenho uma sopa de legumes pronta em porções individuais, que eu descongelo de um dia para o outro”, conta Ligia.
“A questão da alimentação é uma das coisas que mais me preocupam nas tarefas domésticas. Há vezes em que o Dante passa um tempão brincando sozinho e eu uso esse tempo para preparar algo. Mas tem dias que ele só quer ficar comigo, daí a hora de comer vai chegando e não tem nada pronto. A sopa é uma garantia que vai ter sempre uma refeição saudável para o lanche dele, que depois janta comigo e com o pai”, complementa a produtora, que faz questão também de ressaltar a ajuda que recebe da mãe e da avó de Arthur no preparo dos alimentos.
“Além da sopa que eu mesma preparo, tem também a ‘sopa da bisa’, que a bisavó do Dante prepara e ele ama de paixão. Então, quando a gente vai na casa da ‘bisa’ Maria Nice, ela prepara uma panela enorme e eu trago para casa.”
Como se vê, para dar conta de ter sempre refeições de qualidade, além de contar com a ajuda da mãe e da “bisa", Ligia segue uma organização rigorosa.
Uma vez a cada 15 dias, a mãe de Lígia, Maysa, assume as brincadeiras com o neto, momento que ela aproveita para preparar a alimentação para as duas próximas semanas.
“Esse é o dia que aproveito para cozinhar muito. Faço a maioria das proteínas e deixo congeladas na porção família. Ou então deixo coisas pré-preparadas. Se tiver um frango, deixo temperado; ou deixo um bife já empanado; ou então uma grande panela de carne moída, que pode virar recheio de uma panqueca ou um molho à bolonhesa”, explica Ligia, que, segundo a nutricionista clínica Melina Conejo, está de parabéns.
“Que bom seria se todas as mães fossem como a Ligia”, celebra a nutricionista, que é mãe de Lucca, de 4 anos, e Fiorella, de 1 ano e cinco meses, além de autora do e-book Lancheira Saudável.
“Para as mães que forem usar a ideia da sopa não apenas como lanche, mas para o jantar, é preciso acrescentar também uma proteína, que pode ser, por exemplo, carne desfiada”, complementa a nutricionista, que ressalta a importância da organização, como faz Ligia.
O mesmo alerta, assim como o mesmo elogio à mãe de Dante, faz a nutricionista Bianca Naves, ela também entusiasta das sopas e congelados, e mãe de duas crianças, Giovana, de 5 anos, e Isabela, de 1 ano e nove meses.
“A sopa facilita muito a vida, pois nela podemos agregar muitos vegetais, e sempre temos que ter ao menos três, como abóbora, cenoura e couve, além de uma fonte de carboidratos, que pode ser ou arroz, batata, macarrão, mandioca ou mandioquinha, além de proteína de origem animal, como uma carne moída magra, uma carne desfiada ou um peito de frango; por fim, se possível, uma leguminosa, como feijão, ervilha, lentilha ou grão de bico”, lista Bianca, que faz questão, no entanto, de recomendar que a sopa não seja batida, mantendo alimentos sólidos no prato.
"Isso é importante para manter os nutriente, especialmente as fibras, que se perdem quando ela é batida", explica.
Melina Conejo faz a mesma recomendação, chamando a atenção para a importância da mastigação na hora da refeição. "Ela é uma etapa do processo digestório. É quando enviamos mensagens ao cérebro dizendo que estamos nos alimentando. Se apenas tomamos algo, perdemos essa etapa e o sinal de saciedade fica prejudicado".
As duas nutricionistas fazem a questão de chamar a atenção também para a importância das frutas, verduras e vegetais na alimentação das crianças, e dão dicas de atitudes que, apesar de simples, podem ajudar muito na praticidade do dia a dia.
“Para facilitar, quando as mães tiverem um tempo, elas podem aproveitar para deixar já higienizados os ingredientes que chegam do mercado. As frutas que vão ser consumidas até o dia seguinte já podem até mesmo ser guardadas cortadas, e isso vai facilitar a vida na hora da correria”, diz Melina Conejo.
“E as folhas também podem ser guardadas na geladeiras. Para isso, basta lavar e guardá-las secas, e assim elas vão durar mais”, complementa Bianca Naves
Sobre alimentos gostosos e também nutritivos, ambas também dão sugestões que são saudáveis e podem alegrar as crianças.
Melina aposta na pipoca, que, se feita com água no microondas, é um excelente carboidrato, de baixo índice glicêmico”. Já Bianca dá a dica de “bolo de banana com aveia, que é nutritivo e sempre muito bem-vindo”.
Por fim, como tanto Melina quanto Bianca reforçam a necessidade do consumo de vegetais, Ligia tem ela também uma dica, desta vez para crianças que, como Dante, não são grandes fãs de legumes e verduras.
“Eu consigo colocar tudo que ele, a princípio, não comeria, misturando no arroz. Para isso, criei, por exemplo, o arroz laranjinha, que é o arroz com cenoura, e também o arroz do Hulk, que é o arroz com espinafre”, conta Ligia, mostrando que, para dar conta de garantir refeições saudáveis em meio à correria do dia a dia, é preciso ser não apenas organizada, mas também muito criativa.
*Rodrigo Moraes é jornalista
**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil.
Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas.
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