Covid-19: Respire, estamos em guerra, e precisamos proteger nossos filhos

Que o mundo não nos atropele, que as notícias, os terrores, a apatia não nos engulam. Precisamos mais do que nunca do simples, do óbvio, do real

Vinicius Campos* Publicado em 19/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h36

Você já respirou hoje? Nessa semana? Nesse mês? Que o mundo não nos atropele, que as notícias, os terrores, a apatia não nos engulam. Com a covid-19 e suas consequências, precisamos mais do que nunca do simples, do óbvio, do real -

Conseguiu desligar a TV, o rádio, o celular? Ficou em silêncio, olhou para o céu e respirou? Apagou todos os eletrônicos, todas as luzes, abraçou o seu filho e respirou?

Tá foda!

Sabemos que está.

O nosso país está afundando num mar de lama difícil de sair.

Mortes, mentiras, enganos, fome, miséria.

Há muito tempo não víamos algo assim.

Sentimos nossa estabilidade ameaçada. E é óbvio que as crianças são contagiadas por aquilo que sentimos.

Pra nós, e pra eles, falta gente, abraço, e sobram incertezas.

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Por isso mais que nunca precisamos nos desconectar do megabyte para que a real conexão encontre espaço para acontecer. Pé no chão, luz solar, brisa. Comida caseira, cafuné, poesia. Você já leu hoje? Nessa semana? Nesse mês?

Sentou com seu filho e contou uma história? Fez um desenho e cantarolou uma canção?

Que o mundo não nos atropele, que as notícias, os terrores, a apatia não nos engulam. Precisamos mais do que nunca do simples, do óbvio, do real. Não importa escola, não importa o curso de inglês, ou a viagem. Estamos em guerra, e precisamos proteger nossos pequenos. Num mundo onde sobram angústias, depressões adolescentes, desengano, estar ao lado, tranquilizá-los, abraçá-los, dizer que está tudo bem, que tudo vai ficar bem, é fundamental.

Meus filhos sofreram neste último ano, vejo em suas expressões, em seus silêncios, em seus olhos viciados em telas cheias de cor e movimento.

Cuide dos teus, faça silêncio, se olhe no espelho, de verdade, por dentro, faça carinho em seu cachorro, regue as plantas, encontre a poesia que ela continua existindo, e será a única capaz de nos fazer respirar melhor, e descansar de tanta dor. Ria. Chore. Acampe na sala de tv.

Falta pouco.

Falta menos.

Nos resta, com serenidade, aprender o que for possível, ensinar o que tivermos guardado dentro do peito e  sonhar com um Brasil um mais justo e feliz.

Eu acredito. Já vi o país assim. E sei que juntos, voltaremos a sorrir e fazer planos. Por nós, pelos nossos filhos.

*Por Vinicius Campos, escritor e pai de 3 adolescentes Colunista do Papo de Mãe.

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Assista ao vídeo de Stella Azulay falando sobre as angústias na pandemia:

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