O pediatra Moises Chencinski fala sobre a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno
Dr. MOISES CHENCINSKI* Publicado em 14/06/2022, às 08h53
Talvez essas informações mais concretas a respeito da amamentação e do leite materno tragam uma realidade que muitos não conhecem ou não dão a devida atenção.
Quem sabe assim, com os números no papel, fique mais claro o quanto podemos e devemos agir para proteger, apoiar e promover a amamentação.
Ainda há muito a se fazer (e estamos tentando há tempos e vamos continuar), sem perdermos o que já temos (e temos perdido muito).
O Brasil tem a maior rede de bancos de leite humano do mundo e “exporta” tecnologia para mais de 20 países. Isso quer dizer que está tudo bem por aqui?
Isso representou apenas 55% da necessidade de leite humano para os prematuros nascidos nesse ano. Temos muito, mas precisamos de muito mais do que temos.
Já doou seu leite humano excedente hoje?
Lançada pela UNICEF e OMS em 1991, a IHAC (Iniciativa Hospital Amigo da Criança) está no Brasil desde 1992. São normas importantes para que a amamentação seja protegida, preservada e estimulada nas maternidades. Seria bom demais se muito mais crianças tivessem a oportunidade de nascer em um ambiente como esse.
Para ser um Hospital Amigo da Criança, há necessidade de se seguir uma série de critérios estabelecidos pela Portaria Nº 1153 (22/05/2014). O estabelecimento de saúde que cumprir e atingir os objetivos recebe a placa da “Iniciativa Hospital Amigo da Criança”, válida por 3 anos, com autoavaliação anual e reavaliação presencial trienal.
Entre 1992 e 2010 foram credenciados 353 hospitais nessa iniciativa, entre as cerca de 5.000 “casas para nascer”, e, atualmente, o Brasil conta com 307 HAC.
Seguindo com números.
Se essas poucas recomendações estivessem bem estruturadas mundialmente, os resultados preveniriam 20 mil mortes de mães, 832 mil mortes de crianças até 5 anos de idade e trariam uma economia de 302 bilhões de dólares. Tudo isso por ano.
Pesquisas e mais pesquisas esclarecem as ações do leite materno protegendo e promovendo a saúde de mães e seus bebês e, a cada dia, outras evidências aparecem, não para criticar ou julgar as mães que não amamentam, mas para colocar uma luz sobre a importância de favorecer todas as mães que querem e não conseguem amamentar, quer seja por falta de orientação, ou de rede de apoio, ou de políticas públicas ou por qualquer outra razão (são muitas).
A OMS estabeleceu metas de aleitamento para 2.025 e, sem que elas fossem atingidas, aumentaram essas programações para 2.030. Ou seja.
Para 2025 - 50% das crianças abaixo de 6 meses em Aleitamento Materno Exclusivo.
Para 2030 - 70% das crianças abaixo de 6 meses em Aleitamento Materno Exclusivo.
O ENANI-2.019 (realizado antes da pandemia) mostrou que nossa taxa chegou a 45,8% de aleitamento materno exclusivo (AME) em crianças abaixo de 6 meses.
Essa foi a nossa última, e ótima, pesquisa a respeito de aleitamento materno no Brasil. Cada resultado poderia ser motivo de um post enorme aqui. Mas, dessa vez, vou só trazer alguns números da pesquisa.
E fecho o texto com essas importantes conclusões dessa pesquisa:
“Quase a totalidade das crianças brasileiras foi amamentada alguma vez e metade delas mamou por pelo menos 15,9 meses. Contudo, as prevalências de AME e de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida, embora expressivas, ainda estão aquém do preconizado pela OMS, e uma grande proporção das crianças usava chupeta ou recebia alimentos por mamadeiras, o que pode prejudicar a continuidade do aleitamento materno. A prática do aleitamento materno cruzado, apesar de ser contraindicada pelo Ministério da Saúde, apresentou frequência relativamente elevada, e a doação de leite humano para BLH foi baixa no Brasil. Evidencia-se, assim, a necessidade do fortalecimento de ações, políticas e programas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.”
1 a 7 de agosto de 2.022 – 31ª Semana Mundial de Aleitamento Materno.
FORTALECER A AMAMENTAÇÃO. EDUCANDO E APOIANDO.
*Dr. Moises Chencinski , pediatra e homeopata.
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