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O poder do leite

Da importância do leite materno nos primeiros anos de vida à manutenção deste alimento ao longo dos anos de crescimento: o que você precisa saber

Rodrigo Moraes* Publicado em 15/09/2021, às 14h22

Qual a importância deste alimento?
Qual a importância deste alimento?
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Hoje, quem vê o pequeno João Pedro mamando até cinco vezes ao dia não imagina que a jornalista Bruna Bittencourt teve que lançar mão de algumas estratégias para garantir ao filho o tão importante leite materno.

Como nos primeiros dias de vida o bebê, hoje com 10 meses, não tinha força suficiente para fazer a “pega”, Bruna começou com a relactação, utilizando o próprio leite materno. Com essa técnica, João Pedro continuava mamando, mas recebia o próprio leite materno através uma pequena sonda, menos difícil de sugar. Bruna seguiu com esse método por 21 dias.

Passadas as primeiras três semanas, Bruna resolveu tentar o bico de silicone, que para João Pedro funcionou muito bem, e seguiu com ele até os três meses. A partir daí, começou a retirar o auxílio aos poucos e, 15 dias depois, João Pedro estava mamando naturalmente.

amamentando
Bruna e o filho João Pedro

Bruna fez questão de testar todas as alternativas porque sabe da importância do aleitamento materno. Até os seis meses de vida, o leite da mãe deve ser o único alimento do bebê. Com isso, como mostram dados do Ministério da Saúde, é possível reduzir em 13% a mortalidade até os cinco anos, assim como evitar diarreia e infecções respiratórias, diminuir o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão, reduzir as chances de obesidade, além de contribuir para o desenvolvimento da cavidade bucal do pequeno e promover o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

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Vencidos os primeiros seis meses de vida, é chegada a hora do bebê começar a receber outros alimentos além do leite materno, como aponta a nutricionista Monica Lopes de Assunção, doutora em saúde da criança e do adolescente, docente da Universidade Federal de Alagoas.

“O leite materno é a melhor forma de iniciar a nutrição do recém-nascido, em função da sua composição única e insubstituível de nutrientes, que vão auxiliar os processos de crescimento e desenvolvimento infantil, sendo a prática do aleitamento materno exclusivo recomendada até os 6 meses de vida, e continuada junto com a introdução da alimentação complementar até os 2 anos de idade”, afirma a nutricionista.

Bruna Bittencourt mais uma vez seguiu à risca as recomendações de saúde. Assim que o filho completou seis meses, iniciou a introdução alimentar, desta vez sem qualquer dificuldade.

“O João Pedro come super bem desde o início, de tudo. Com a introdução alimentar, ele naturalmente começou a mamar um pouco menos, em intervalos maiores. E como passou a ir ao berçário aos 8 meses, desde então ele fica um intervalo de 5 a 6 horas sem mamar, durante o dia. Mas quando estamos o tempo todo juntos, como nos finais de semana, a quantidade de mamadas é maior, entre 3 e 5 vezes ao dia”, conta Bruna, que deixa o filho livre para mamar quando e quantas vezes quiser, sem regras de horário.

A nutricionista Monica Lopes de Assunção explica que, após os 6 meses, o leite materno já não supre todas as necessidades energéticas e nutricionais da criança, o que leva à recomendação da introdução alimentar. No entanto, diz ela, até que complete um ano, mesmo não suprindo todo o necessário, o leite segue sendo a principal fonte de nutrientes das crianças.

Passado o primeiro ano de vida do bebê, outras fontes lácteas podem ser oferecidas. Mas para as mães que quiserem seguir também amamentando, tudo bem, pois ele continuará sendo uma excelente fonte nutricional, diz a nutricionista Monica Assunção.

“As fontes lácteas contribuem com a oferta de proteínas e cálcio em quantidades superiores as encontradas em outros alimentos. Na ausência de amamentação e do consumo de leite e derivados, atender às necessidades de uma criança com cálcio proveniente de vegetais é muito difícil, pelo fato da ingestão destes alimentos acontecer em pequenos volumes”, diz a nutricionista, que é autora do ebook Guia Prático para a introdução alimentar, disponível gratuitamente no no insta dela: @monica_lopesassuncao.

Bruna Bittencourt pretende, mais uma vez, seguir as recomendações dos especialistas com João Pedro. “Pretendo amamentar no mínimo até ele completar um ano e, no máximo, até que ele faça 2 anos, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde”, conta a jornalista, que, no entanto, segue aberta aberta a outras possibilidades.

“Se em qualquer momento desse período, após o primeiro ano, eu sentir que não desejo mais amamentar, e que essa experiência entre nós dois já não está mais tão legal, pretendo parar. As minhas ‘metas’ de amamentação foram construídas com um passo de cada vez. Vejo a amamentação como um momento de prazer e conexão entre nós dois. Se virar algo incômodo, paramos”, diz.

Bruna está correta, diz Monica Lopes de Assunção. A decisão sobre o melhor momento para deixar de amamentar cabe sempre à mãe. “Não existe um momento exato para deixar de amamentar, não há qualquer recomendação sobre prazo máximo para o desmame”, ensina a nutricionista.

E quando a amamentação chega ao fim, a criança deve seguir tomando leite?

Em seu livro "Por que bebemos leite", o economista Almir Meireles conta que o leite de outras espécies faz parte da dieta humana há muitos e muitos anos. Mas nem sempre isso foi assim.

“Há cerca de 7.500 anos, alguns humanos adquiriram a capacidade de manter a produção da enzima lactase na vida adulta. Este traço genético se revelou uma vantagem competitiva, pois os habilitava a continuar a beber e digerir o leite também de outras espécies”, conta.

E ao mesmo tempo que mostra porque tomamos leite, explica também porque algumas pessoas são intolerantes a ele.

A lactase, que atua no intestino delgado, tem como função quebrar a lactose, o açúcar do leite, um dissacarídeo, em dois outros açúcares, monossacarídeos, que são a glicose a galactose. Esses sacarídeos são absorvidos pelo organismo sem qualquer problema. No entanto, as pessoas que não têm a lactase no organismo apresentam reações ao ingerir leite.

“É importante distinguir a intolerância, que é a reação à lactose, da alergia ao leite, que é uma reação imunológia à proteína do leite”, explica Monica Lopes de Assunção.

Também conhecida como APLV, a alergia à proteína do leite de vaca é uma reação do sistema de defesa do organismo às proteínas do leite, como a caseína, alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina, entre outras, que o nosso corpo não consegue digerir. Portanto, alergia se dá como reação às proteínas, enquanto a intolerância é a incapacidade de absorver adequadamente a lactose. 

Seguir ou não consumindo leite após a amamentação, este é um tema polêmico, diz Monica. “Tomar leite é importante, mas não imprescindível. Assim, o ideal é que seja analisado individualmente, passando pela orientação de um profissional de saúde”, diz a nutricionista, que faz questão de ressaltar ser muito difícil conseguir suprir as necessidades que as crianças têm de cálcio sem leite ou seus derivados.

Ela também faz um alerta às mães cujos filhos apresentem reação alérgica ao leite enquanto ainda estão no aleitamento materno. Nestes casos, a recomendação é para que as mães não parem de amamentar. A criança deve seguir mamando, pois isso vai auxiliar no desenvolvimento do sistema imunológico infantil. Leite e derivados devem sair da alimentação da mãe, não do bebê.

Para as crianças que já não mamam no peito, mas apresentarem reação alérgica ao leite de vaca, a nutricionista diz que, nesse caso, “o ideal é procurar um especialista para avaliar a fórmula infantil mais adequada para a situação. Bebidas vegetais, como de arroz, aveia, entre outras, enriquecidas com cálcio, podem ser utilizadas, mas precisam, antes, passar pelo crivo de um alergologista e de um nutricionista para uma avaliação individual”, diz Monica.

Por fim, ela chama ainda a atenção das mães para a importância da leitura atenta do rótulo das fontes lácteas oferecidas aos bebês acima de 1 ano. Isso pode evitar que elas ofereçam aos filhos bebidas ou alimentos preparadas com adição de açúcar, corantes e conservantes.

*Rodrigo Moraes é jornalista

**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil. 

Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas. 

Conheça mais no site do programa

Nestlé por crianças mais saudáveis