A tecnologia faz parte da aprendizagem, os tempos mudaram e, cada vez mais, é preciso estarmos atentos às habilidades socioemocionais das crianças
Thainara Morales* Publicado em 20/02/2022, às 06h00
Você já deve ter observado que os modelos das escolas tradicionais não estão funcionando mais tão bem com as nossas crianças. Isso tem um motivo: os alunos simplesmente não são mais os mesmos. Com a chegada de tecnologias cada vez mais avançadas, a metodologia precisou mudar e se adequar — isto é, deixar de ser estática para ser dinâmica.
Mas para que o ensino seja realmente efetivo, pais, escolas e professores estão se valendo das neuriciências. Mas na prática, como é possível trabalhar em casa e na sala de aula estimulando o cérebro de nossas crianças? Primeiro, é preciso saber que o processo de aprendizagem está ligado diretamente ao cérebro. Dito isso, trabalhar as emoções para auxiliar os pequenos a terem equilíbrio mental e promover a saúde mental dentro de casa e na sala de aula são pontos-chave. A valorização das emoções no processo de ensino e aprendizagem é de suma importância e faz com que enxerguemos os alunos de maneira global.
Além disso, um processo de aprendizagem deve ser criativo, dinâmico, leve e alegre. Para uma aprendizagem significativa é preciso atingir os benefícios dos neurotransmissores. E o que é isso? Os neurotransmissores são substâncias que fazem as conexões entre um ou mais neurônios por meio de um processo químico chamado sinapse. Entre eles estão a Dopamina, que dá a sensação de prazer e motivação, Ocitocina, responsável pelos sentimentos de amor e união, e Seratonina, conhecido como hormônio da felicidade.
Para atingir todos esses neurotransmissores é necessário interiorizar o aprender. Uma maneira simples de conseguir acessá-los é ensinar as crianças a comemorar pequenas conquistas diárias, refletir sobre erros e acertos, resolver problemas e saber técnicas de relaxamento.
Já dentro da sala de aula, a professora pode acessá-los ao trabalhar essa conexão por meio de jogos, técnicas mnemónicas, uso imaginativo de textos, prática real, simulados, tecnologia e auto explicação.
É necessário pensar em atividades que possam exercitar as funções executivas e que ajudem a fazer novas conexões cerebrais com cada área do cérebro. O objetivo é sempre estimular o raciocínio lógico, a linguagem, a atenção e a memória auditiva e visual, o rastreamento visual, o desenvolvimento de estratégias, o planejamento, o treino de orientação temporal e espacial, o controle inibitório, a coordenação visório-motora, a lateralidade, a sequência e a classificação e o cálculo.
As pesquisas avançaram muito no conhecimento sobre como o cérebro aprende. Nesse sentido vale lembrar que, embora pareça que o professor estipula o que vai ensinar e o que não vai ensinar, o aluno é quem decide se quer ou não aprender. Se a turma parece desmotivada, o professor precisa rapidamente acionar estratégias para conquistar aqueles neurônios, redimensionando a atividade, mudando a pergunta e negociando com os estudantes.
*Thainara Morales, pedagoga, pós-graduada em psicopedagogia clínica e institucional, pós-graduada em análise do comportamento aplicada, com MBA em gestão de pessoas, liderança e psicologia positiva, mestranda em neurociências e proprietária da Clínica Arte Psico.
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