A vacinação para COVID deve ser administrada nas crianças com doenças reumáticas, mesmo em uso de medicação imunossupressora, estando liberada apenas a da Pfizer
Maria Carolina dos Santos* Publicado em 31/01/2022, às 09h56
Crianças com doenças reumáticas imunomediadas (DRIM) apresentam um risco aumentado para infecções tanto pela disfunção do seu sistema imunológico como pelo tratamento imunossupressor a que são submetidas. As infecções são importantes causas de incidência e mortalidade neste grupo de pacientes.
No Brasil, infelizmente passamos por um período em que houve uma queda nas nossas taxas de cobertura vacinal, que sempre foram exemplares. Acredita-se que isto esteja associado à questão da pandemia, em que os pais acabaram por não levar às crianças às unidades básicas de saúde e pelas informações falsas sobre vacinas. Temos quedas de 8 a 15 pontos percentuais em algumas vacinas.
Além disso, ainda existem várias dúvidas das famílias destes pacientes quanto ao risco da vacinação, em relação a sua efetividade, ao risco no desenvolvimento da doença e aos possíveis efeitos colaterais. É claro que a resposta imune à vacina em um paciente imunossuprimido acaba sendo variável, mas ainda assim se sobrepõe a não vacinação, ou seja, há uma maior proteção com a vacinação.
Em relação à COVID-19, as taxas de mortalidade associadas a crianças são muito maiores (5 a 10 vezes) aqui, quando comparadas às taxas em países da Europa e nos Estados Unidos. Devemos lembrar também que as crianças podem desenvolver a síndrome inflamatória multissistêmica, manifestação tardia da infecção pelo Sars-CoV-2 que pode levar à mortalidade além de sequelas associadas a quadros cardiovasculares e neurológicos.
Desta forma, a vacinação para COVID está indicada e deve ser administrada nas crianças com doenças reumáticas, mesmo em uso de medicação imunossupressora, uma vez que não se trata de vírus vivo, estando liberada apenas a da Pfizer, para os pacientes pediátricos imunocomprometidos.
Assim, sempre devemos manter a carteirinha de vacina das crianças atualizada, prevenindo doenças e complicações que podem ser maiores naquelas com doenças reumáticas. A prevenção é sempre melhor.
Por Maria Carolina dos Santos - @reumatologiasp
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