A vida começa no corpo

É necessário cuidar de si para cuidar do outro. Mulheres precisam olhar para a própria saúde pensando na longevidade e na qualidade de vida

Renata Veneri* Publicado em 24/05/2021, às 08h00

A mulher precisa cuidar da saúde do corpo, inclusive na gestação -

 “A natureza é sábia e o corpo humano é absolutamente fantástico. É nele e a partir dele que a vida toma forma. No momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo com sucesso, o organismo da mulher começa uma escalada de transformações que vão mudar a vida dela para sempre. Em todos os sentidos”. Assim introduzimos “Grávida ativa”, o terceiro de oito capítulos do livro “Atividade Física no Cotidiano – Todo mundo pode se mexer”, que escrevi com a minha treinadora e parceira de programa de rádio há dez anos, Camila Hirsch.

Capa do livro

A essência do nosso trabalho é convidar as pessoas, mulheres e homens, a se colocarem na agenda como prioridade número zero. Aqui, neste espaço, vamos falar essencialmente com elas. Sem cuidar de si, dizem médicos e psicólogos, é praticamente impossível cuidar do outro, mesmo que não pareça tão claro e que você se julgue - e que seja, de fato - uma leoa de primeira grandeza.

Se pararmos para pensar que a vida começa no corpo e que ao longo de toda a nossa existência ele será um aliado indispensável, talvez possamos ser mais zelosas, amorosas e acolhedoras com ele. Zelosas na forma como nos relacionamos com hábitos minimamente saudáveis. Amorosas no sentido de sermos gratas pela vida, pelas relações, pelas experiências, pelas conquistas, pelos desafios. Acolhedoras na maneira como nos enxergamos no espelho e na cobrança diária que fazemos em relação a padrões estéticos mirabolantes que adoecem muita gente.

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Tenha você o perfil que tiver, as experiências que tiver, os perrengues que tiver, uma coisa é certa: sem saúde, nada acontece. Não existe tempo jogado fora quando o assunto é o nosso bem-estar físico, mental e emocional. Tempo jogado fora é aquele que passamos cuidando da vida do outro nas redes sociais, lamentando o que o outro tem e a gente não, comparando os nossos filhos aos filhos da “família margarina” da escola ou da TV, arrumando desculpas de todos os tipos para não encaixar o mínimo de atividade física na nossa rotina, sabotando aquela decisão tomada há pouco sobre a necessidade de mudar hábitos para viver mais e melhor.

Falando em viver mais e melhor, a expectativa de vida só cresce e precisamos estar preparadas para chegar à velhice com autonomia, segurança, energia e vitalidade. Levante a mão quem não se imagina, velhinha, servindo de exemplo e sendo companhia para filhos, netos e até bisnetos cheios de pique?!

O sucesso da literatura infantil “Vovó Delícia”, de Ziraldo, não nos deixa mentir! Para conseguir desfrutar plenamente das pessoas e para realizar aqueles sonhos tão sonhados é preciso ter saúde. Saúde do corpo e saúde da alma. E quem ajuda nisso tudo? Sim, ela, no feminino: a atividade física!

Se você está querendo engravidar ou já está grávida e nunca parou para refletir sobre a importância da movimentação corporal, está na hora. Converse com sua médica ou médico, veja se está tudo bem na gestação e encontre algo que faça sentido para você, que caiba na sua rotina, no seu bolso, na sua realidade.

Caminhar, por exemplo, não custa nada e é um excelente exercício tanto aeróbico como muscular: você vai conseguir fazer o coração bater um pouco mais acelerado e se optar por trajetos com subidas e escadas, também estará requisitando músculos e articulações. Se você sempre foi ativa, siga com suas atividades, sempre conversando no pré-natal e acompanhando sua evolução.

Se você está se perguntando: mas como, quando e de que jeito começo, quantas vezes por semana, por quanto tempo preciso me mexer, aqui vão os dados da Organização Mundial da Saúde. Para sair da perigosa zona de sedentarismo, a conta para as gestantes é a mesma para qualquer adulto: meia hora de qualquer tipo de atividade física, cinco vezes por semana, o que totaliza duas horas e meia semanais. De novo: e por que preciso me mexer? Para evitar excesso de peso que coloca mãe e bebê em risco, para fortalecer a musculatura, melhorar a circulação sanguínea, prevenir câimbras, varizes e inchaços exagerados, controlar dores musculares e articulares e garantir mais disposição, afastando, inclusive, o surgimento de uma depressão durante a gravidez ou depois do nascimento do rebento.

Conforme escrevemos no livro - imaginando convocar todas as grávidas, atuais ou futuras - “com ou sem grana, feliz ou triste, magra ou gorda, casada ou solteira, mais jovem ou mais velha, baixa ou alta, ativa ou sedentária, com ou sem trabalho, mais ou menos livre, essa nova mãe precisará estar com a casa minimamente arrumada para poder receber acolher e nutrir essa novidade.

Não existe modelo pronto de maternidade: cada mulher vivenciará a sua, de acordo com a vida que leva e com as escolhas que faz. O que a ciência sabe é que quanto mais essa mulher estiver em equilíbrio, melhor para ela e para o bebê (dentro e fora da barriga)”.

Renata Veneri

*Renata Veneri (@rveneri), 45, é jornalista, apresentadora de rádio e TV, praticante de atividade física e mãe coruja da Bruna, 29. Foi editora-chefe do Café com Jornal, chefe de Pauta do Jornal da Band, diretora da rádio Bradesco Esportes FM, chefe de Criação e de Produção da rádio BandNews FM e apresentadora, editora e repórter dos jornais da Lillian Witte Fibe nos portais UOL e Terra. Acaba de lançar o livro “Atividade Física no Cotidiano”, pela Editora Contexto, junto com sua treinadora e parceira de microfone, Camila Hirsch.

Assista aqui reportagem do Papo de Mãe com dicas de exercícios para fazer em casa no pós-parto. Com Gisele Monteiro

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