A psicanalista Anna Mehoudar fala sobre a importância de observarmos nos bebês, crianças e adolescentes para entendermos como é a personalidade deles
Mariana Kotscho* Publicado em 21/09/2021, às 07h00
Será que somos capazes de observar nossos filhos e filhas e perceber como eles realmente são? E conseguimos também aceitá-los deste jeito que são? Ou ainda projetamos e idealizamos demais aquilo que queremos dos nossos bebês, crianças ou adolescentes?
Para a psicanalista Anna Mehoudar, diretora do Gamp.21 (Grupo de apoio à maternidade e paternidade), é importante termos paciência para entender e respeitar aqueles que trouxemos ao mundo.
A projeção é inevitável desde a gravidez. E, na medida em que eles nascem, a gente tem a oportunidade de confrontar o que a gente imaginava com a realidade. Tem uma construção que faz parte do dia a dia que é das coisas mais interessantes da vida". (Anna Mehoudar)
A rotina da parentalidade não é fácil e os pais e mães acabam se dando conta de que é uma construção, é aquele filho, naquela hora: é aprender juntos como vai ser este desenvolvimento. "É necessário aprender a observar e perceber qual é o caminho que a criança te indica em qualquer idade. E as crianças gostam de ser levadas a sério, de conversar, de dizer o que querem ou não querem", completa Anna.
Toda criança tem um ritmo e cada uma vai ter o seu. O respeito à individualidade de cada filho também é um aprendizado. Para Anna Mehoudar, outra questão que merece destaque é o respeito à personalidade de cada um, até porque a humanidade é composta por pessoas diferentes. Há crianças mais extrovertidas e outras mais tímidas, fechadas, quietas - e isso não necessariamente é um problema.
"Nem toda criança vai gostar de ser fotografada e exposta o tempo todo pra todo mundo e isso também precisa ser respeitado", exemplifica Anna Mehoudar.
Há movimentos da criança que fazem parte do próprio desenvolvimento e por isso alguns traços de personalidade podem mudar conforme ela cresce. Um bebê que era mais "dado" pode se tornar uma criança mais tímida.
"Fica muito difícil para a criança quando há uma cobrança dos pais para que ela seja de outro jeito", alerta Anna Mehoudar. E ela chama a atenção para este momento que vivemos em que parece que pais e mães estão sendo desqualificados como se eles precisassem de ajuda pra tudo, para aprender a botar filhos para dormir ou aprender o jeito certo de educar, como se existisse a ideia de que tem uma perfeição a ser atingida:
Isso acaba refletindo na criança, de que ela precisa ser perfeita, e isso é pesado. Como se para os pais serem bons pais exigissem que os filhos fossem perfeitos e os filhos querem atender seus pais. É preciso tomar um certo cuidado neste sentido". (Anna Mehoudar)
Anna Mehoudar também ressalta a importância de observar as crianças para entender quais são suas habilidades e do que elas gostam, já que é preciso seguir o dom que ela tem e não o que os adultos gostariam que ela tivesse. O diálogo (falar e ouvir) deve existir desde cedo, de acordo com a idade da criança ou do adolescentes. Ouvindo e observando nossos filhos e filhas descobrimos como eles realmente são, ou como estão se construindo.
Portanto, traços de personalidade não podem ser encarados como problemas. Mas é claro que, mais uma vez, vale a observação. "Se os pais começam a perceber algo que não está legal, se a criança se fecha muito e começa a ter prejuízos por isso, daí sim vale procurar ajuda", conclui Anna Mehoudar.
Tem crianças muito observadoras e eles precisam deste tempo de observação para ir pro mundo. Por isso é preciso ter paciência". (Anna Mehoudar)
Ou seja, sempre aprendemos com nossos filhos.
*Mariana Kotscho é jornalista
**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil.
Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas.
Conheça mais no site do programa
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