A guerra ainda não acabou, infelizmente, e é preciso falar disso com as crianças
Silvia Adrião* Publicado em 10/04/2022, às 15h35
A guerra é um assunto que, infelizmente, está mais uma vez presente nos noticiários, nas mídias e também nas rodas de conversa de quase todas as famílias. As crianças, espertas como são, não ficam alheias ao tema. Por isso, pais, responsáveis e educadores precisam ficar atentos aos pequenos para ampará-los e ajudá-los, sempre que for necessário, com os medos e anseios que este tema pode gerar. É preciso abrir uma escuta acolhedora quando a criança trouxer suas dúvidas, sem desmerecer ou minimizar seus sentimentos.
Tratar do assunto “guerra” com os pequenos deve ter limites, pois não é recomendável dar mais detalhes do que a própria criança já tenha trazido. A exposição demasiada a imagens e notícias da guerra pode acabar gerando ainda mais ansiedade e insegurança. A ideia é se orientar pelas próprias perguntas que a criança fizer.
É importante também termos a consciência de que, muitas vezes, não teremos todas as respostas sobre o tema. A questão da guerra é extremamente delicada e, nem sempre, nós, adultos, conseguimos lidar com tantas informações e tristezas. Tratar com honestidade e franqueza ajuda a criança a entender que está tudo bem ter dúvidas, sentir medo e buscar conforto.
Além do diálogo e cuidado para não expor tanto as crianças aos noticiários, podemos recorrer aos desenhos, convidando-as a manifestar seus sentimentos por meio dessa potente linguagem, usando como tema disparador a “paz”, por exemplo.
Outra forma de abordar o tema é buscar a leitura de livros e histórias que ofereçam reflexões, respostas temporárias e consoladoras. “O livro da Paz”, da editora Panda Books, ou o livro “Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque e Ziraldo, são sugestões que geram boas conversas, sobre paz ou sobre medos. O livro “O monstro das cores”, da editora Aletria, também é uma boa sugestão, pois trata, de forma leve e lúdica, a questão dos sentimentos e emoções.
Por fim, é fundamental que os adultos afirmem para as crianças que a guerra nunca é bem-vinda e que o diálogo e a busca por soluções pacíficas deveriam ser a melhor escolha.
*Silvia Adrião é diretora Pedagógica da escola AB Sabin.