Entenda como garantir a segurança de adolescentes e jovens, propiciando a autonomia e socialização
Erika Tonelli * Publicado em 18/05/2022, às 06h00
Cada fase da vida nos traz desafios diferentes, de acordo com cada faixa etária, aos pais, responsáveis e cuidadores. Um deles é a vida social mais ativa e independente, a partir da adolescência, com os convites para eventos, como: festas na casa dos amigos e amigas, baladas e shows. A grande questão que surge é: como garantir a segurança de adolescentes e jovens, propiciando a autonomia e socialização tão necessária nessa idade, mas ainda sim garantir espaços seguros e protetores a eles?
Como abordei no artigo anterior, é importante desenvolver a cultura da prevenção de acidentes conforme as crianças crescem e vão adquirindo novas habilidades, para que quando jovens saibam como cuidar de si e também de sua comunidade. Mas esse aprendizado e conhecimento sobre o cuidado e proteção não deve ser desacompanhado da orientação e supervisão de um adulto responsável para orientá-los a fazer escolhas seguras.
Vale reforçar que cuidar da proteção e segurança dos mais jovens não é exagero; ainda mais num país em que a cultura da prevenção de acidentes ainda não se faz presente no dia a dia. O cuidado, a atenção e as medidas de prevenção precisam ser colocados em prática regularmente por todos que compõem a sociedade – responsáveis, sociedade e Poder Público, para que não aconteçam mais tragédias como as ocorridas no passado, como a tragédia do incêndio numa casa noturna de Santa Maria (RS) que matou 242 pessoas e feriu outras 636, em 2013.
Enquanto pais, familiares e cuidadores, é fundamental informar-se sobre os locais frequentados pelos adolescentes e jovens no que se refere ao entorno, mas também ao espaço físico onde ocorrem as baladas, como: boates, casas de shows e eventos. Existem algumas normas de segurança primordiais que podem ser checadas previamente e também vale orientar melhor os jovens sobre o que eles devem observar.
É importante saber que esses locais devem cumprir normas e ter alvarás de segurança para seu funcionamento, como os de combate ao incêndio (que devem ser expostos na entrada do local), além de apresentar saída de emergência, extintores, iluminação de emergência e sinalização de saída de emergência. Esses são sinais bem simples de serem percebidos e levados em consideração, além disso, é ideal que também tenha sistema de extração de fumaça e alarme de incêndio com detecção de fumaça.
Ao frequentar esses espaços, procure se informar sobre a lotação máxima. Uma placa que informa o número de pessoas deve ser exposta em local bem visível, de preferência na entrada do estabelecimento. Observe, ainda, onde ficam as portas de emergência e escolha, de preferência, uma posição de fácil saída.
Também oriente o jovem a ficar atento aos pertences, evitando deixar bolsa, celulares ou carteira na mesa sem nenhuma vigilância, e à bebida, mantendo o copo sempre a vista para não cair em golpes como o “boa noite cinderela”. E, em situação de emergência ou que observe alguma irregularidade, deve-se ligar para 193 para solicitar ajuda ou denunciar.
É sempre importante criar algum sinal ou código com os responsáveis, amigos e amigas mais próximos que possa demonstrar que o adolescente e jovem está passando por um momento de perigo e necessita de ajuda. Infelizmente a liberdade e autonomia também os coloca em contato com diferentes tipos de pessoas seja via redes sociais e aplicativos, nos momentos de lazer e curtição. Por isso, sempre esteja vigilante e dialogue sobre os riscos de violências, bem como crie uma forma própria de comunicar isso.
Lembre-se, por fim, que essa vivência social em grupo é importante para a formação deles, ainda mais após um período de pandemia que privou o contato presencial e prejudicou a saúde mental de tantos adolescentes e jovens. Mas, é preciso garantir o diálogo aberto a espaços seguros, do ponto de vista físico e de violações de direitos, porque a insegurança e violência aumentam a cada dia.
*Erika Tonelli é a especialista da Aldeias Infantis SOS Brasil em Entornos Seguros e Protetores.
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