Para Leonardo Hatano, cuidar da natureza não é apenas preservar o meio ambiente no futuro: também é garantir a vida humana no presente
Sabrina Legramandi* Publicado em 20/09/2021, às 16h20
O mundo está mudando e o cotidiano já informa sobre essas mudanças. A falta de água na região Centro-Sul do Brasil, as oscilações de um tempo quente para um frio extremo repentino e as queimadas nas florestas não são acontecimentos isolados. Tudo é consequência de uma ação humana que, se não for mudada, pode trazer resultados ainda mais graves. Mas o que fazer?
Apesar de os grandes empresários e governantes terem uma parcela imensa de responsabilidade pelos desastres ambientais, criar uma rotina que respeite a natureza e envolva as gerações que viverão no planeta futuro – as crianças – também deve ser um dever dos pais.
"Os governantes e empresários devem adotar medidas de preservação, recomposição do ambiente natural e investimentos em novas tecnologias para desenvolvimento sustentável. Individualmente, é possível colocar em prática comportamentos mais sustentáveis e educar as gerações futuras a cuidar melhor de nossa casa: o planeta Terra", explica Leonardo Teruyuki Hatano, biólogo, professor da Academia de Ação Climática no Brasil e coordenador dos projetos de educação ambiental no Centro Educacional Agrourbano Ipê.
Cuidar da natureza, segundo Leonardo, envolve não apenas respeitar o meio ambiente, mas entender que a vida humana também faz parte de tudo isso e deve ser protegida. "O ser humano moderno tem se distanciado cada vez mais do ambiente natural", afirma. Para ele, o principal foco dos pais deve ser ensinar o princípio básico do cuidar: a empatia.
Se colocar no lugar do outro ou exercitar analisar o problema a partir da visão do outro ajuda a criar uma cultura de paz e respeito às diferenças." (Leonardo Teruyuki Hatano)
Para mostrar que o cuidado com as plantas, os animais, os seres microscópicos e os fatores abióticos deve ser algo natural e não "papo de ambientalista", Hatano dá dicas que podem ser colocadas em prática em casa hoje mesmo.
Leonardo ressalta que o papel dos pais deve ser gerenciar o consumo excessivo em casa. Ensinar as crianças a lerem o rótulo das embalagens e comprar produtos de agricultores familiares que produzem de forma ecológica pode ser bom tanto para a saúde da família quanto para a do planeta.
"Comprar de produtores locais faz com que você consuma menos produtos químicos e é ótimo para a economia local e o meio ambiente por evitar o transporte de produtos por longas distâncias com a utilização de combustíveis fósseis", explica o biólogo.
É importante que os pais incentivem os filhos a reutilizarem potes e alguns tipos de embalagens. Segundo Hatano, isso prolonga a vida útil do material que seria descartado e evita que ele chegue a aterros sanitários e polua o meio ambiente.
Além disso, uma boa prática é ensinar as crianças a separar corretamente os resíduos sólidos que podem ser reciclados. "É essencial que os materiais recicláveis cheguem em boas condições às usinas de reciclagem, gerando economia de recursos naturais e energia", afirma.
Leonardo sugere uma atividade que faz bem à natureza e também ensina e diverte as crianças: construir um minhocário para processar os resíduos orgânicos. "As crianças têm muita curiosidade em relação a esses invertebrados, muito importantes para o solo", diz.
Cultivar plantas também é uma opção ótima para educar as crianças. Além de demonstrar os ciclos da natureza, ter mudas em casa também ensina responsabilidade aos pequenos. O biólogo dá a dica de delegar responsabilidades diárias no cuidado, como a rega.
Ter plantas em casa possibilita falar sobre o processo de fotossíntese e a importância dos seres fotossintetizantes para minimizar o aquecimento global, entre outras descobertas que surgirão durante o desenvolvimento de cada espécie escolhida." (Leonardo Teruyuki Hatano)
Se a família decidir plantar espécies comestíveis, a prática ainda pode melhorar a alimentação em casa. "Essas plantas podem se transformar em uma bela refeição e isso é uma oportunidade para orientar as crianças sobre alimentação saudável", finaliza o biólogo.
*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe