Roberta Manreza Publicado em 05/05/2015, às 00h00 - Atualizado às 09h05
Gabriela Agustini – Bebe.com.br
Basta passear por uma loja de móveis infantis para que as dúvidas comecem a surgir: qual modelo oferece mais vantagens? Há um selo que garanta a sua segurança? As versões desmontáveis para viagem podem ser usadas no dia a dia? Respondemos a estas e outras questões. Confira!
1. Há vários modelos no mercado. Como fazer uma boa escolha?
Existem vários critérios a se considerar. Um deles é o tamanho do móvel. O mais comum segue o padrão americano: 1,30 m de comprimento por 70 cm de largura. Mas atenção: essa medida se refere apenas à parte interna do berço e serve de referência para o colchão. Com a grade ou outros acessórios, o móvel pode ultrapassar o 1,50 m por 80 cm. Dado importante a se considerar, principalmente quando há pouco espaço disponível no quarto. Uma opção ligeiramente menor é o berço nacional, cujo padrão tem 1,30 m por 60 cm.
“Quem procura berços com medidas específicas pode ainda encomendar uma peça sob medida”, recomenda a arquiteta Andréa Murao, de Taubaté, interior de São Paulo. A alternativa é comum em lojas especializadas.
Muitos berços possuem acessórios acoplados como cômoda, trocador, gaveteiro, armário. Há ainda os que viram mini-cama e os desmontáveis para viagem. Sistema anti-refluxo, diferentes níveis de estrado e grade móvel são outros diferenciais encontrados e valiosos.
2. Existe algum selo que garante a qualidade do berço?
Desde dezembro de 2012, os berços infantis são fabricados e importados somente atendendo aos requisitos aprovados pelo Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial — apenas berços de balanço ou de movimento pendular e berços utilizados para fins hospitalares estão isentos da certificação. Além disso, desde 21 de junho de 2014, o selo também passou a ser obrigatório para a comercialização do móvel. Para saber se o modelo escolhido é confiável, é imprescindível checar se a peça vem com manual de instalação com versão em português e instruções claras de como montá-la.
3. Quais critérios de segurança o berço deve seguir?
Algumas medidas são extremamente importantes. A grade lateral do berço deve ter no máximo um espaçamento de 6,5 cm para evitar que o bebê coloque a cabeça no vão. O Inmetro determina ainda que entre o estrado e as laterais do berço a distância não deve ultrapassar 2,5 cm. “Dessa forma, a criança não tem como prender as mãos ou pezinhos”, explica Gustavo Kuster, gerente do instituto. Outro ponto fundamental: a altura entre o estrado e a lateral do berço tem de ser, no mínimo, 60 centímetros. “Isso evita que o bebê consiga pular para fora do móvel, quando estiver maior”, diz.
Ingrid Stammer, coordenadora da ONG Criança Segura, alerta ainda para o cuidado com berços que contenham braçadeiras ou suportes. “A criança pode prender a roupa e se machucar”. Partes destacáveis ou pontiagudas como as quinas do berço também não são bem-vindas (prefira os modelos com quinas arredondadas). E atenção às rodinhas: se forem quatro (uma para cada pé do berço), é obrigatório um sistema de travamento em duas delas para garantir estabilidade.
4. Até que idade a criança deve dormir no berço?
Algumas já podem passar para a cama com grades laterais entre 1 ano e 1 ano e meio, outras permanecem no móvel até os 3 anos. Em relação aos berços desmontáveis para viagem, vale ficar atento à indicação impressa na embalagem. “No geral, eles não são recomendados para maiores de 17 quilos”, explica Fabiano Nyenhuis, diretor de marketing da Infanti Brasil, um dos principais fabricantes do produto.
O pediatra Francisco Dutra, da Maternidade Pro Matre, em São Paulo, lembra, no entanto, que a mudança para a cama depende, antes de tudo, de a criança já ter criado o hábito de dormir a noite inteira. “Do contrário, os pais correm o risco de receber o pequeno no seu quarto toda noite”, enfatiza.
5. Por uma questão de tradição ou de economia, posso pegar emprestado o berço antigo de minha irmã ou adquirir um em loja de usados?
Não existe prazo de validade para móveis. No entanto, o bom senso dos pais é imprescindível nesta hora. “Berços fabricados há muitos anos podem estar fora do padrão de segurança atual”, explica Gustavo Kuster, do Inmetro. O importante é verificar as condições do produto, checando, por exemplo, se existem fiapos de madeira, tinta desbotando ou parafusos frouxos. Tudo isso precisa ser consertado se a intenção é realmente levar o berço.
6. E se eu mandar um marceneiro fazer o berço do meu filho?
“Desde que todas as especificações de segurança sejam seguidas, não há problema”, explica Ingrid Stammer, coordenadora da ONG Criança Segura. Para não se esquecer de nada, uma dica é imprimir as normas da ABNT e passar para o profissional. Vale atentar para o tipo de tinta utilizada na pintura do móvel. Ela não pode ser tóxica, ou seja, ter em sua composição metais pesados como o chumbo. Não se esqueça de verificar se a madeira utilizada na confecção está em bom estado, se os parafusos são novos e estão bem ajustados e se não existe nenhuma ponta ou fiapo que possam prejudicar a segurança do bebê.
7. Os berços desmontáveis podem ser usados no dia a dia? São seguros?
“Não vejo problema em usar esse tipo de berço em casa”, responde Francisco Dutra, da Pro Matre. O pediatra reforça apenas o cuidado na hora de guardar o produto, evitando acumular poeira ou umidade e dá uma dica: “os modelos com visor lateral permitem que a criança seja vigiada mais facilmente”.
8. Vale a pena comprar um berço com o sistema anti-refluxo?
O sistema anti-refluxo permite a elevação do colchão na cabeceira. Isso é ótimo para evitar a regurgitação, comum nos primeiros meses de vida do bebê. No entanto, ele não é imprescindível. “Se o bebê for diagnosticado com o problema do refluxo, os pais podem comprar um travesseiro específico para isso ou elevar os pés da cabeceira do berço em 30 graus”, explica o pediatra Francisco Dutra.
9. Além da segurança, o que mais levar em consideração na hora da compra?
O espaço disponível é um dos itens essenciais para a decisão. “Se o quarto é pequeno, vale investir em berços com cômodas, trocadores ou gaveteiros acoplados”, conta a arquiteta Andréa Murao, de Taubaté. Verifique também se é possível movimentar o berço sem dificuldade. Para isso, vale experimentar algumas manobras na loja. “Lembre-se de que muitas vezes ao abaixar a grade ajustável, por exemplo, você estará com um bebê no colo”, diz a especialista.
10. Devo colocar o berço em algum lugar específico do quarto?
Não é aconselhável posicionar o móvel perto da janela. “A criança pode tentar pular quando ficar maior”, explica Ingrid Stammer, da ONG Criança Segura. O ideal é colocá-lo em um local de fácil acesso e que não atrapalhe a passagem. “Uma boa dica é deixar bem ao lado da poltrona de amamentação para simplificar a vida da mãe”, diz a arquiteta Andréa Murao.
11. Mosquiteiro faz mal para o bebê?
O acessório em si não representa perigo, mas pode servir para o acúmulo de sujeira e causar uma reação alérgica na criança. O pediatra Francisco Dutra alerta ainda para outro problema: se o mosquiteiro estiver ao alcance das mãos da criança, ela pode puxar a tela e se enrolar inteira. Por esse motivo, o especialista recomenda a substituição do artefato por telas contra mosquitos nas janelas.
12. Devo comprar protetor de berço?
O acessório que dá um charme ao móvel e para todo o quarto do bebê é motivo de polêmica. Segundo Ingrid Stammer, da ONG Criança Segura, o enfeite é perigoso, pois pode provocar asfixia na criança. Ela explica que o risco de o bebê bater a cabeça dentro do berço é muito menor que o de sufocar, por isso não se deve colocar ali nenhum tipo de almofada, protetor, travesseiro ou bichinho de pelúcia.
O pediatra Francisco Dutra é outro que dispensa seu uso. “Para os recém-nascidos, não representa tanto perigo, mas quando a criança começa a ficar em pé por volta dos 6 meses, ela pode usar o protetor como degrau para pular do berço”, alerta.
Se você decidir pelo enfeite mesmo assim, seja cautelosa com a limpeza dele. “O acúmulo de poeira no tecido pode causar reações alérgicas. Elas não são comuns nos recém nascidos, mas podem aparecer quando o bebê passar dos quatro meses”, diz o pediatra.
13. Como escolher o colchão certo?
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos do Repouso, os colchões de berço (para pequenos de até 3 anos) devem ser de espuma e ter densidade 18. “O ideal é que ele acompanhe as curvaturas fisiológicas da criança”, orienta o ortopedista Douglas Russo, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. “E é importante usar o bom senso na hora da escolha do modelo”, complementa o especialista. Ou seja: o objeto não deve ser nem muito duro nem muito mole. Quando estiver mais crescida, a criança poderá dormir em um colchão com densidade um pouco maior, próximo aos 23 – valor recomendado para quem tem menos de 50 quilos.
14. A grade móvel representa um perigo para a criança?
Depende. Os pais não podem deixar o bebê no berço com a grade abaixada e devem regular a altura do estrado de acordo com o crescimento da criança. Na hora da compra, atente para a grade. “Ela deve ter um deslocamento simples para facilitar a vida da mãe e difícil o suficiente para que o bebê não consiga mexer nela sozinho”, alerta a arquiteta Andréa Murao.
15. Existe berço para gêmeos?
Não. E, segundo o pediatra Francisco Dutra, os bebês não devem permanecer no mesmo móvel. “Há o risco de as crianças se enrolarem uma na outra, podendo causar um acidente”, diz. Deixá-los juntos pode ainda comprometer o conforto dos pequenos. O melhor é um berço para cada um. Falta espaço no quarto? A arquiteta Andréa Murao lembra que é possível encomendar berços menores e sob medida na maioria das lojas especializadas.
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Dica: Assista ao Papo de Mãe sobre Segurança Infantil