Algumas vezes, a gripe pode ser particularmente assustadora para os pais. Neste inverno, nos EUA, pelo menos 53 crianças, em todo o país, morreram por doenças relacionadas à gripe. Os pais precisam saber quando é hora de correr para o hospital.
Roberta Manreza Publicado em 19/03/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h07
Por Dr. Moises Chencinski*, pediatra e homeopata
Algumas vezes, a gripe pode ser particularmente assustadora para os pais. Neste inverno, nos EUA, pelo menos 53 crianças, em todo o país, morreram por doenças relacionadas à gripe. Os pais precisam saber quando é hora de correr para o hospital
Apesar do fato de a gripe levar a mais internações e óbitos entre crianças do que qualquer outra doença prevenível por vacina, os pais frequentemente recusam a vacinação contra a gripe, segundo um novo estudo, publicado no American Journal of Infection Control, publicação oficial da Associação de Profissionais de Controle de Infecções e Epidemiologia.
O estudo, projetado para esclarecer sobre por que as vacinas contra a gripe não são mais amplamente utilizadas, reuniu dados de 131 dos 140 pacientes elegíveis (9 meses a 18 anos) que foram testados durante a temporada de gripe 2012-13. Os pais preencheram um questionário sobre antecedentes de influenza, vacinação em outros locais, razões para não vacinar e intenção de vacinar no ano que vem.
Os três motivos mais comuns relatados pelos pais para não imunizar seus filhos contra a gripe foram:
(1) Pensar que a vacinação contra a gripe não era necessária;
(2) Medo de possíveis efeitos colaterais; e,
(3) Esquecimento.
As razões para a não vacinação eram semelhantes entre os pais, independentemente de seus filhos terem sido testados positivos ou negativos para a gripe.
O primeiro e mais comum motivo poderia abranger a crença de que o risco de contrair a gripe é baixo em sua família, bem como o de que a vacina oferece pouca proteção. Uma razão raramente discutida na literatura médica refere-se ao motivo pelo qual muitos pais não pensam que as vacinas contra a gripe são necessárias é a infrequência com a qual muitos indivíduos e famílias experimentam a gripe. A maioria dos pacientes com gripe positiva (59%) e os controles (89%) no estudo não apresentaram história prévia da gripe, e aqueles com influenza anterior tiveram significativamente mais risco de serem positivos.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês: Centers for Disease Control and Prevention – CDC), mais de 200 mil pessoas, nos EUA, são internadas a cada ano, por doenças respiratórias e cardíacas associadas a infecções sérias do vírus Influenza. A gripe está associada a 3.000-49.000 mortes por ano. A vacinação pode reduzir doenças e prevenir hospitalizações relacionadas à gripe.
Como lidar com a gripe?
A receita padrão para a gripe é ficar em casa e descansar, beber bastante líquido e manter a dor e a febre sob controle, com medicamentos sem receita médica.
Mas, às vezes, a gripe pode ser particularmente assustadora para os pais. Neste inverno, nos EUA, pelo menos 53 crianças, em todo o país, morreram por doenças relacionadas à gripe. Os pais precisam saber quando é hora de correr para o hospital…
“Esta não é uma pergunta fácil de responder. De vez em quando, mesmo entre crianças saudáveis, a gripe pode gerar prostração importante, deixando-a muito doente, muito rápido”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
A maioria dos pais sabe que precisa monitorar as crianças com menos de 5 anos para qualquer sinal de que a doença está ficando mais grave. É importante prestar ainda mais atenção aos bebês e crianças menores de 2 anos, certificando-se de que estão sendo hidratadas.
“E, embora a grande maioria das crianças atingidas por um ataque de gripe se recupere rapidamente, um pequeno número poderá desenvolver complicações potencialmente fatais, que exigem atenção médica imediata”, afirma o pediatra.
Crianças com condições de saúde crônicas como asma, diabetes, fibrose cística, paralisia cerebral, doenças cardíacas ou convulsões também estão em maior risco de desenvolver complicações relacionadas à influenza e a doença pode exacerbar problemas médicos subjacentes.
E sempre vale a pena lembrar que gripe e resfriado são doenças diferentes.
O que observar?
Sinais para observar em crianças são febre alta persistente que não diminui e a que diminui apenas para subir novamente. “Quando isso acontece, o tempo é essencial; uma febre persistente ou recorrente pode significar que a criança desenvolveu uma complicação, como pneumonia ou uma resposta inflamatória perigosa, e os pais devem buscar atendimento médico imediato”, recomenda Chencinski.
Os pais também devem estar atentos à sepse, uma complicação potencialmente fatal causada pelo ataque esmagador de uma infecção ao organismo. A condição é caracterizada por febre ou calafrios, dor ou desconforto extremos, pele úmida ou suada, confusão ou desorientação, falta de ar e alta frequência cardíaca.
“O problema com a gripe é que isso acontece muito rapidamente. Os pais precisam estar realmente prestando atenção. As coisas podem progredir dentro de 48 horas ou menos. Os sintomas que exigem cuidados médicos imediatos são: respiração pesada, ou respiração rápida e superficial, dor ou pressão no peito; lábios azuis ou roxos; menos resposta aos estímulos do que o habitual; pele úmida; recusa a comer ou a beber; diarreia e vômito, aumentando o risco de desidratação”, diz o pediatra.
Em geral, se uma criança é particularmente irritável, está dormindo demais, parece confusa, tonta ou não alerta mentalmente, e não age como habitualmente, os pais devem procurar ajuda médica. Os vômitos graves e as convulsões também são sinais de perigo.
Preocupações com bebês e crianças pequenas
Quando se tratam de crianças com menos de 2 anos, os pais devem estar atentos para garantir que o filho esteja recebendo líquidos suficientes e observar a cor da urina (ver se ela não fica mais escura), sinais de desidratação que exigem cuidados médicos imediatos. Outros sintomas a serem observados em bebês são problemas para respirar, incapacidade de comer, menos fraldas sendo usadas do que o normal e choro sem produzir lágrimas.
“Para um bebê com menos de 1 ano, há um limiar mais baixo para ver o médico. É preciso observar com muito cuidado e estar em sintonia com as mudanças. Embora possa não parecer científico, a maioria dos especialistas diz que os pais devem confiar em seus instintos. Eles conhecem seus filhos melhor do que qualquer outra pessoa, e se eles pensam que algo está errado, eles devem telefonar para o pediatra e pedir conselhos ou levar a criança para a emergência. Quando a mãe está realmente preocupada, isso não deve ser trivializado – o pediatra deve olhar essa criança de perto”, diz Moises Chencinski.