Papo de Mãe

Crianças são as que mais sofrem com dermatite atópica

Cerca de 20% das crianças e 3% dos adultos são afetados pela dermatite atópica (DA), doença que tem origem genética e é considerada crônica.

Roberta Manreza Publicado em 24/10/2019, às 00h00 - Atualizado às 20h56

Imagem Crianças são as que mais sofrem com dermatite atópica
24 de outubro de 2019


Por Dra. Márcia Carvalho Mallozi, Coord. do Departamento Científico de Dermatite Atópica da ASBAI*

Cerca de 20% das crianças e 3% dos adultos são afetados pela dermatite atópica (DA), doença que tem origem genética e é considerada crônica. As principais características são pele seca e coceira intensa, que muitas vezes resulta em feridas. É mais comum na infância e cerca de 60% dos casos ocorrem no primeiro ano de vida.

No bebê as lesões predominam na face (bochechas), pescoço, couro cabeludo e, ocasionalmente, no resto do corpo. Em crianças maiores, adolescentes e adultos a DA atinge as dobras dos braços e pernas, face (em pálpebras) e pescoço.

A doença assume forma leve em 80% das crianças acometidas e em 70% dos casos há melhora gradual até o final da infância.

O que acontece com a pele? DA se caracteriza por um processo inflamatório da pele com períodos alternados de melhora e piora. Os intervalos podem ser de meses ou anos entre uma crise e outra, mas alguns pacientes mantêm doença crônica contínua. Não é contagiosa e está associada à asma e rinite. Além de ter um fator hereditário, que determina a secura da pele, a DA pode ter vários desencadeantes como alimentos, aeroalérgenos (ácaros, fungos, epitélio de animais), perfumes e suor. Os aspectos emocionais desempenham um importante papel, tanto funcionando como fator desencadeante como agravante, tendo papel fundamental na auto-recrusão dos pacientes.

“Por apresentar menor produção de gorduras naturais, a pele fica mais áspera, o que provoca coceira e feridas, facilitando infecção por bactérias e fungos”, explica a Dra. Márcia Carvalho Mallozi, Coordenadora do Departamento Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Estudos mostram que metade das pessoas adultas com DA nas formas mais severas sofre com ansiedade ou depressão e 55% apresentam problemas para dormir, muitos por causa da coceira.

O tratamento é baseado no controle da doença e o alívio dos sintomas. A necessidade de medicamentos varia para cada pessoa, seja criança ou adulto, de acordo com o tipo e intensidade das lesões na pele.

Recomendações da Especialista: “Um banho por dia (não mais), rápido e com água morna. Hidratante e sabonete orientados pelo médico são de fundamental importância para manter e refazer a barreira cutânea. Medicamentos como antibióticos e corticoesteróides podem ser utilizados dependendo da gravidade da doença. A imunoterapia, também conhecida como vacina de alergia, poder ser recomendada em alguns casos, a critério do médico especialista em Alergia. Além disso, é essencial tratar as doenças associadas”, explica Dra. Márcia.

Novos medicamentos veem sendo estudados, alguns já liberados fora do Brasil, que promoverão uma melhor abordagem do paciente com DA de moderada a grave, mas com provável alto custo.

Outras dicas que podem auxiliar o tratamento:

– Manter a hidratação da pele contínua mesmo que esteja bem, no período fora de crise.

– Não tomar remédios por conta própria e não passar produtos na pele, sem orientação médica.

– Usar roupas leves. Evitar roupas apertadas e de cor escura no verão. Preferir tecidos de algodão e malhas. Evitar tecidos sintéticos, lycra ou jeans.

– Banhos de sol devem ser, de preferência, nas primeiras horas da manhã ou ao entardecer. Ao sair da piscina ou praia, tirar a roupa molhada e tomar um banho rápido, com aplicação de creme hidratante em seguida. Usar protetor solar sempre que se expuser ao sol.

*Sobre a ASBAI

A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 21 estados brasileiros.

Twitter: @asbai_alergia
Facebook: Asbai Alergia
www.asbai.org.br



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