O tempo voa, frase clichê. Mas é o que sinto, o que sempre pressenti
Vinicius Campos* Publicado em 12/02/2021, às 00h00 - Atualizado em 16/02/2021, às 11h42
Hoje minha filha mais velha está completando dezoito anos. 18!
O tempo voa, frase clichê. Mas é o que sinto, o que sempre pressenti.
Meus filhos, pra quem ainda não sabe, chegaram depois de um processo de adoção.
Adoção tardia. Vieram pra nossa casa quando tinham nove, onze e ela, doze anos. Sempre soube que tinha pouco tempo para educá-los, que precisava condensar toda a criação em poucos anos, que precisava passar pra eles a maior quantidade de informação antes que eles crescessem.
No começo, atropelado por essa pressa, acho que ignorei tempos, delicadezas, e entrei num ritmo acelerado, numa cobrança exagerada que não era justo nem com eles, nem comigo.
Com a distância penso que teria agido de outra maneira.
No dia seguinte tudo é sempre mais fácil, né?
Por isso escrevo, quem sabe alguém do outro lado possa se identificar, quem sabe possa ser útil…
Se ela voltasse a ter doze anos e chegasse pra morar com a gente de novo, eu faria menos esforço pra ensinar a importância de escovar os dentes e brincaria mais com ela no banheiro, relaxaria com a mania de fazê-los ir pra cama cedo, e me deitaria mais em sua cama pra falar bobagens, gritaria menos, cantaria mais, talvez nem ficasse bravo se algum dia ela não quisesse tomar banho e brincaria com ela no barro.
Porque no final das contas é o que desejo para minha filha. Que em sua vida adulta ela valorize o mais simples, o mais doce, o mais poético, e não deixe que as obrigações, as certezas, as regras tornem sua vida cinza. Desejo que minha filha seja uma mulher livre, aberta às aventuras, aos prazeres, que transite com o olhar sereno, com o coração puro, e que possa em meio a tanto caos encontrar poesia e beleza.
Feliz aniversário, pequena. Estou tranquilo, já não tenho pressa em te educar, porque você demorou pra chegar, mas desde então é pra sempre, e o aprendizado não acaba aos dezoito, tua idade adulta não acaba com a minha paternidade, sou e continuarei sendo seu porto seguro até o fim dos meus dias, porque meu amor é profundo e eterno. Obrigado por me deixar ser seu.
*Vinicius Campos é escritor, pai de 3 adolescentes e colunista do Papo de Mãe
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