O pediatra Moises Chencinski fala dos dez anos do movimento Mamaço, mais uma importante ação da Semana Mundial do Aleitamento Materno
Dr. Moises Chencinski* Publicado em 02/08/2021, às 10h58
Em março de 2011, a antropóloga Marina Brandão, na época aos 29 anos, foi impedida de amamentar seu filho de 3 meses, nas dependências do Itaú Cultural.
Esse fato teve uma grande repercussão e no dia 12 de maio de 2011, um grupo de cerca de 30 mães se mobilizou e organizou a primeira manifestação contra uma ação de constrangimento sofrida por uma mãe que amamentava seu filho em público.
Surgiu assim, há 10 anos, o Mamaço: uma atitude de confronto, de demonstração de força, de empoderamento, de conscientização, de sensibilização contra a opressão e a “regulamentação” de uma ação da natureza.
A instituição, o Itaú Cultural, reagiu prontamente e, reconhecendo o equívoco da atitude, acolheu a manifestação de forma pacífica, ajustando a sua proposta e o seu regimento interno.
Assim como nesse episódio, ano após ano, o Mamaço foi a bandeira de ativistas (entendido como quem não é passivo) como protesto para manifestar seu posicionamento contrário às restrições de locais para amamentação. Um lactente não escolhe hora ou lugar para ter fome.
Após esse episódio, em 04 de junho de 2014, a Lei nº 16.396, instituiu a garantia e o direito de as mães amamentarem seus filhos nos recintos coletivos de acesso público dos estabelecimentos comerciais situados no estado de Santa Catarina.
Desde abril de 2015, a cidade de São Paulo seguiu a mesma linha através da Lei nº 16.161/2015, regulamentada pelo decreto Nº 56.494 (13/10/2015).
Apesar de essas ações terem se estendido por várias cidades e estados, ainda não há, até o momento, uma lei nacional que proteja as mulheres que queiram amamentar em público.
A partir do 1º Mamaço em 2011, durante esses 10 anos é celebrado no Brasil um movimento conhecido por Hora do Mamaço, evento oficial da AMS Brasil (Aleitamento Materno Solidário ) desde 2012, com a participação de mulheres do mundo todo.
A cada ano, ações de proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno, como fotos, vídeos, depoimentos e os próprios Mamaços, reúnem milhares de mães em todo o planeta.
No site do movimento, a partir de julho de 2013, sob a coordenação em São Paulo de Simone de Carvalho (Facilitadora da “Hora do Mamaço” para todo Brasil), ano a ano com uma participação de mais mulheres, em mais cidades e mais países, aquele 1º ato de protesto se transformou em uma celebração mundial de todas as conquistas em prol do aleitamento materno.
No dia 04 de agosto, às 10 horas, pelo Facebook Se As Mães Soubessem e pelo Instagram @patriciapivatoedu, participo de uma live com a presença também da Simone de Carvalho.
O tema da Live é Empoderamento Materno e Amamentação. Será uma oportunidade dentro da SMAM (Semana Mundial do Aleitamento Materno) para falarmos mais uma vez da importância do aleitamento materno e das mães tornarem-se protagonistas desse momento.
P.S.: Ah, em 2013 eu estive lá, na Casa das Rosas, em São Paulo, contribuindo como mais uma voz a ecoar e a reforçar o empoderamento dessas mães.
*Dr. Moises Chencinski , pediatra e homeopata.
Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Autor dos livros HOMEOPATIA mais simples que parece, GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego, É MAMÍFERO QUE FALA, NÉ? e Dicionário Amamentês-Português
Editor do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Criador do Movimento Eu Apoio leite Materno.