21 de junho de 2011
Preguiça ou dificuldade de aprendizagem?Por Maria Irene Maluf*
No final de um semestre escolar, quando analisam o aproveitamento acadêmico de seus filhos, algumas famílias se vêem frente de um problema inquietante. As razões são muitas e todas elas compreensíveis.É natural que em algum momento dessa análise surja a preocupação com a adequação do desenvolvimento da criança, caso esta, mesmo que se dedique aos estudos com constância, não consiga se sair bem nas avaliações escolares. Mas aparece também e muitas vezes, uma clara apreensão devida tanto ao desinteresse do filho pela aprendizagem formal quanto à aparente dificuldade deste se adaptar às exigências da escola, a obedecer ao calendário para entrega de pesquisas e lições, a se preparar convenientemente para as provas e até de conservar o material em ordem. Esses e muitos outros exemplos são motivos para inquietações que acabam gerando um ambiente de desentendimento familiar e sofrimento para a criança.É comum se ouvir dos pais, que até entenderiam as notas abaixo da média obtidas pela criança, se esta tivesse “algum problema”, como se apresentar qualquer um dos comportamentos acima já não constituísse uma razão válida para se procurar com a origem da questão, pois o resultado final é o mesmo: baixa auto-estima, dificuldade de socialização, prejuízos crescentes na aprendizagem e fracasso escolar. E tudo com um agravante que não se pode esquecer: o tempo apenas aumenta esses problemas, os acumula e solidifica , quando não termina por afastar totalmente o jovem da escola, de oportunidades futuras de trabalho, do crescimento pessoal , profissional e social.É claro que existem crianças e mesmo adultos que sempre apresentaram maior interesse pelas questões do conhecimento e outros que preferem se dedicar a atividades artísticas, esportivas, ao comércio, etc. Mas frente às necessidades fundamentais de aprendizagem de nossa cultura, como o ler, o escrever e o contar, às exigências sociais básicas, não há como escapar da escolaridade fundamental, mesmo também por que é obrigatória por lei. Assim, a criança não conseguir obter ao menos a média mínima para aprovação, já preocupa e muito ao final do primeiro semestre. Resta pensar nas causas e providenciar a solução e aí é que aparecem as questões mais conflitantes.Se a criança não tem problema de aprendizagem, por que não estuda? Preguiça, má vontade, falta de responsabilidade, costumam ser as razões apontadas. Mas por detrás desse desinteresse aparente existe sim uma questão que precisa de cuidados: a falta de motivação pelo saber. É normal as pessoas gostarem de ser elogiadas e apreciadas por sua inteligência e por serem bem sucedidas. E tenho constatado nestes trinta anos de profissão, que uma parte expressiva desses casos onde as crianças parecem indiferentes ao sucesso escolar, se deve a atitudes e exemplos que elas têm dentro de casa, da falta de informações sobre o que se espera dela e o quanto é importante para a família e para ela própria o bom aproveitamento escolar. Crianças não desenvolvem a auto-estima necessária para desejar sempre alcançar o sucesso, se não sabem o que devem fazer quando fracassam e são criticadas ou castigadas continuamente por isso. Crianças desmotivadas apresentam comportamentos de frustração, ansiedade e desorganização, pois o insucesso constitui um processo paralisante: todos sabemos que após duas ou três experiências desastrosas, as pessoas saudáveis procuram se resguardar, evitando um novo contato desagradável e penoso com aquilo que gerou o fracasso. Além de tudo que foi exposto , crianças e jovens com alguma dificuldade real de aprendizagem, muitas vezes, também são acusadas de “preguiçosas” e é frequente notarmos na avaliação psicopedagógica as conseqüências calamitosas que essa situação gera no seu desenvolvimento afetivo e intelectual.Conversar frequentemente com o filho e com seus professores sobre seu desempenho escolar é um primeiro passo na tentativa de prevenir e até resolver esses impasses, de verificar causas e planejar soluções. Mas se a situação se agravar e persistir, um profissional especializado em psicopedagogia deve ser consultado, pelo bem estar e crescimento saudável da criança e do jovem.Fonte:
http://www.irenemaluf.com.br/*Maria Irene de Matos Maluf é pedagoga com habilitação em Educação Especial e e especialista em psicopedagogia. Participou como especialista convidada do Programa Papo de Mãe exibido em 19.06.2011. DICA DE HOJECâmara oferece curso para professores de escolas públicasPrograma vai selecionar 54 mestres de todos os estados para participar de aulas presenciais de educação para a democracia, em BrasíliaA Câmara dos Deputados abriu inscrições, até 22 de julho, para um curso presencial de educação para a democracia, dirigido a professores do ensino médio de escolas públicas. O Programa Missão Pedagógica no Parlamento vai selecionar 54 professores de todo o Brasil – dois de cada estado e do DF – para participar de treinamento em Brasília sobre temas relativos às instituições democráticas, cidadania, política e educação para democracia nas escolas.Os docentes participarão de aulas dialogadas, palestras, visitas, oficinas pedagógicas, oficinas temáticas e rodas de conversa, privilegiando sua participação ativa, a integração entre a teoria e a prática e a troca de experiências. A Câmara vai arcar com as seguintes despesas dos participantes: passagem aérea de ida e volta (Estado de origem/Brasília/Estado de origem); hospedagem em hotel; alimentação durante a realização do programa e traslado entre o hotel e o local de realização das atividades do programa. Os locais de hospedagem e alimentação serão determinados pela Casa.Para participar, o candidato deve mandar para a Câmara dos Deputados os seguintes documentos: ficha de inscrição e declaração de compromisso; cópia do documento de identidade oficial e do CPF; cópia do diploma, certificado ou declaração de conclusão do curso de graduação em nível superior; declaração de tempo de serviço e relato de experiência pedagógica na qual tenha trabalhado com seus alunos temas relacionados à democracia, cidadania ou política.O programa acontece entre os dias 2 e 8 de outubro de 2011, com início das atividades às 8h e término às 20h. O resultado da seleção estará disponível no site da Educação Legislativa da Câmara dos Deputados . Acesse a página do Programa Missão Pedagógica no Parlamento onde estão disponíveis: edital, ficha de inscrição, termo de compromisso, declaração de tempo de serviço e declaração de participação em Conselho.Mais informações: Coordenação de Educação para a Democracia.E-mail:
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