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Meu filho não tem amigos: devo me preocupar?

Neste Dia do Amigo, 20 de julho, conversamos com a psicóloga clínica Osmarina Vyel, que comentou sobre a importância da amizade

Ana Beatriz Gonçalves* Publicado em 20/07/2021, às 15h31

Como estão as amizades em tempos de pandemia?
Como estão as amizades em tempos de pandemia?

Quando falamos sobre infância, vem em mente alguns aspectos marcantes como brincadeiras, costumes e pessoas. Este último em especial os amigos. A amizadenão só ocupa um lugar importante na vida de uma criança, como também possui um papel importante em seu desenvolvimento cognitivo e afetivo. No entanto, assim como pode ser extremamente fácil para alguns, para outros, fazer amigos é uma tarefa difícil.

Neste Dia do Amigo, celebrado anualmente no dia 20 de julho no Brasil, Argentina e Uruguai, conversamos com a psicóloga clínica Osmarina Vyel, que atua há mais de 30 anos estudando comportamentos humanos, e que explicou o que fazer quando a criança tem muita dificuldade de fazer amiguinhos.

Mas primeiro...

Qual a importância da amizade?

crianças se abrançando - dia do amigo
Amizade entre crianças

"A amizade é muito importante, até porque a raça humana, por natureza, vive em comunidade, não vive isolada", começa explicando Osmarina Vyel. Segundo a psicóloga, o ato de trocar ideias, emoções e vivências com outra pessoa é um estímulo para o desenvolvimento pessoal, principalmente no período da primeira infância (de 0 a seis anos).

Quanto mais a criança é estimulada, mais ela estabelece esses vínculos. E é através dos vínculos que se tem autonomia emocional. Então quanto mais ela vivência, experimenta, se relaciona, mais experiências internas ela vai criando. (OV)

Assim como qualquer relacionamento, seja familiar ou amoroso, a amizade não é uma via de mão única, e por isso, quando falamos de amizade entre crianças, é preciso entender a personalidade delas.

"Na psicologia a gente entende que existem duas características de personalidades distintas: aquelas que são mais expansivas e que chamamos de extrovertidas, e as introvertidas, que não têm tanta facilidade de fazer amizade", explica a especialista.

A troca é muito importante, mas Osmarina Vyel reforça: é preciso respeitar a natureza da criança, ou seja, se ela for mais tímida, não forçar a barra. "Todo estímulo é bem-vindo, mas se o adulto forçar muito, ela pode sair desse lugar e nem sempre será bom".

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O que fazer quando a criança não consegue fazer amigos?

Antes de tudo, a psicóloga diz que em casos assim, é permitido que os pais estimulem seus filhos a sair, brincar e até mesmo propor atividades diferentes. Entretanto, isso é bem diferente que forçar, como no exemplo: "Vai lá, dá um bejinho em fulano, vai lá abraça ciclano... Tem criança que não gosta disso e precisa respeitar", pontua.

Também é necessário se atentar aos possíveis desestímulos que as crianças possam estar sofrendo, sendo eles; passar muito tempo no celular, tablet e videogame. "Elas vão crescer mais apáticas, e quando se tornam adolescentes acabam sentindo muita dificuldade de estabelecer formas de comunicação com outras pessoas".

É comprovado cientificamente que a primeira infância é uma fase em que 700 e 1.000 novas conexões nos neurônios são formadas por segundo. Todo e qualquer estímulo é captado, e eles reverberam pelo resto da vida. Por isso as relações humanas são tão intensas e necessárias durante este momento (dos zero aos seis).

A primeira infância é fundamental para o desenvolvimento do indivíduo. As relações estão em tudo, não só na amizade. Os pais olhando para as crianças agora estão preparando elas para o futuro", afirma.

Antes de tomar qualquer atitude, quem cuida precisa observar a personalidade da criança para a partir daí entender qual linguagem usar. "Autoestima é tudo, e isso independente das características de personalidade, de ter amigos ou não. A confiança e segurança na criança é o ponto principal".

Como fica a amizade na pandemia?

O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da Covid-19, e apesar de as coisas estarem voltando a um "novo normal", muitas crianças ainda estão passando mais tempo com seus pais em casa, do que na escola com os amiguinhos ou aproveitando festas e encontros para brincarem e vivenciarem com plenitude a amizade.

Segundo Osmarina Vyel ainda não é possível mensurar as consequências que essas relações podem vir a sofrer, ou já estão sofrendo, mas ela garante que após essa vivência única e marcante, as coisas devem tomar caminhos diferentes.

Por um lado eu percebo que as crianças vão valorizar mais as amizades, porque perceberam quanta falta faz no dia a dia. Por outro, muitas delas não fazem mais questão desse convívio ou desaprenderam", conclui. 

Se até os adultos estão sentindo dificuldade de se relacionar cara a cara, em meio a muitas incertezas e inseguranças, já que a Covid-19 continua se espalhando e nem todos foram vacinados, para as crianças não é diferente.

Entretanto, a psicóloga diz que os pais podem colaborar para este processo. "Orientando sobre os cuidados que ainda precisamos tomar, já dá para ir restabelecendo esse contato com as outras crianças de uma forma harmônica".

Amigas de infância

Em homenagem ao Dia do Amigo, Roberta Manreza e Mariana Kotscho, idealizadoras do Papo de Mãe, compartilham algumas imagens que representam um pouco da trajetória de amizade das duas, que se conheceram na infância e desde então nunca mais se desgrudaram.

Dia do Amigo
Feliz Dia do Amigo!
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Trajetória de Mariana e Roberta 

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