Roberta Manreza Publicado em 21/05/2015, às 00h00 - Atualizado às 16h24
Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger Fonte: Agência Brasil e Portal EBC
Em comemoração ao Dia Mundial de Doação de Leite Humano, celebrado no último dia 19, o Ministério da Saúde lançou ontem (20) a Campanha Nacional de Doação de Leite Materno. O tema deste ano é “Seja doadora de leite materno e faça a diferença na vida de muitas crianças” e o público alvo são bebês prematuros.
A campanha tem como objetivo aumentar o número de novas doadoras voluntárias e o volume de leite materno coletado e distribuído para recém-nascidos, especialmente prematuros de baixo peso internados em unidades de saúde. Atualmente, o volume de leite materno coletado representa de 55% a 60% da real demanda no país.
“Nossa meta é que a gente consiga ampliar em 15% a doação de leite humano voltado prioritariamente para bebês prematuros. Um litro de leite humano vai auxiliar dez bebês prematuros. É fundamental que todas possam fazer parte dessa história”, destacou a ministra interina da Saúde, Ana Paula Soter.
Dados do Ministério indicam que, de janeiro a dezembro de 2014, foram coletados em todo o Brasil 184 mil litros de leite materno, beneficiando 178 mil recém-nascidos. Ao todo, 164 mil mulheres doaram leite neste período. De 2008 até 2014, aumentou em 11% no volume de coletas de leite materno no país.
“Hoje em dia, felizmente, as pessoas já têm noção da importância do leite materno”, avaliou o coordenador da Área de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, Paulo Bonilha. Ele lembrou que a orientação da Organização Mundial da Saúde é pelo aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e pelo aleitamento complementar até os 2 anos ou mais.
Números apresentados pelo ministério mostram que o consumo de leite materno é capaz de reduzir a mortalidade infantil (crianças menores de 5 anos) em até 13%. No Brasil, 67,7% das crianças mamam na primeira hora de vida e a duração média do aleitamento materno exclusivo é de 54 dias. Além disso, 41% dos menores de 6 meses tiveram alimentação exclusivamente por leite materno.
A rede brasileira conta com 215 bancos de leite e 98 postos de coleta. Atualmente, todos os estados têm pelo menos um banco de leite, mas o Distrito Federal é a única unidade federativa que consegue ter suficiência de leite humano para todos os prematuros.
Danielle Oliveira, 30 anos, é mãe de João Vitor, prematuro que nasceu após 26 semanas de gestação pesando menos de 1 quilo. Apesar das dificuldades enfrentadas no dia a dia, ela retira leite para dar ao filho, ainda internado, e também para doar aos demais bebês prematuros que precisam do alimento.
“É muito difícil ter um bebê na UTI [unidade de terapia intensiva] e um seio cheio de leite. A melhor coisa a se fazer é doar. Além disso, você supre um pouquinho daquela angústia de não ter o seu bebê no seu colo. São poucos minutinhos na sua vida que fazem muita diferença.”
Viviane Leal da Silva, 25 anos, vive uma história similar – é mãe de Vitor Hugo, que também nasceu prematuro, após 32 semanas de gestação e pesando pouco mais de 800 gramas. A diferença é que, no caso de Viviane, seu leite não é suficiente para suprir a demanda do filho internado e ela precisa utilizar o estoque do banco de leite.
“Quando ele melhorar, pretendo ser doadora. A gente não sabe a importância que tem o leite. Para a gente, é muito pouco, mas faz diferença. Se o meu filho não estivesse recebendo esse leite, ele não teria uma recuperação tão boa como está tendo. Hoje, ele está com 1 mês e pesa 1,2 quilo.”
De acordo com o Ministério da Saúde, com o leite materno, o bebê fica protegido de infecções, diarreias e alergias. Além disso, a criança cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido e fica menos tempo internado. O aleitamento materno também diminui o risco de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.
Já para a mãe, a amamentação ajuda o útero a recuperar seu tamanho original, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia. As chances de adquirir diabetes ou de desenvolver câncer de mama e de ovário também diminuem significativamente com a amamentação.
Ainda segundo a pasta, toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Basta estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Quem tiver interesse em doar leite materno deve procurar o banco de leite mais próximo ou ligar para o Disque Saúde no número 136.