Papo de Mãe

Miopia, astigmatismo e hipermetropia são responsáveis por 43% dos casos de baixa visão na infância

Roberta Manreza Publicado em 26/04/2017, às 00h00

Imagem Miopia, astigmatismo e hipermetropia são responsáveis por 43% dos casos de baixa visão na infância
26 de abril de 2017


Por Dra. Marcela Barreira*, oftalmologista Pediátrica, neuroftalmologista e especialista em Estrabismo

O mês de abril foi escolhido para conscientizar a população brasileira sobre a cegueira por meio do movimento “Abril Marrom”. Segundo relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), estima-se que no Brasil haja cerca de 1,2 milhão de casos de cegueira e mais de 5 milhões de pessoas com perda visual grave. O mesmo relatório mostra que no País mais de 33 mil crianças são cegas devido a doenças oculares tratáveis ou evitáveis.

Cegueira na infância

De acordo com Dra. Marcela Barreira, Oftalmologista Pediátrica, Neuroftalmologista e Especialista em Estrabismo, há muitos mitos em torno da cegueira na infância, sobretudo a respeito da perda visual causada pelos erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia) não corrigidos.

“Temos a cegueira reversível e a irreversível. Os erros refrativos são responsáveis por 43% ou mais dos casos de cegueira ou baixa visão. Uma criança com um alto grau de miopia que não usa óculos, por exemplo, é considerada legalmente cega. Mas, é uma cegueira reversível, já que, com o uso de lentes corretivas, a visão volta ao normal. Por isso, é muito importante fazer o acompanhamento com um oftalmopediatra desde a infância, principalmente nas crianças em idade escolar”, explica Dra. Marcela.

“Ainda na infância temos as causas de cegueira por cicatrizes de córnea, cicatrizes retinianas causadas por infecções congênitas intrauterinas e retinopatia da prematuridade, sendo essas causas evitáveis. Já as doenças como catarata congênita e glaucoma congênito são quadros genéticos não evitáveis, porém tratáveis, e, quando tratados de forma precoce, e associados a um bom programa de reabilitação visual, consegue-se garantir um bom desenvolvimento visual”, afirma a médica.

Lembrando que o sistema visual da criança não nasce pronto. Ele precisa de estímulo para terminar seu desenvolvimento fora do útero, e tudo que impeça ou atrase esse processo pode levar à baixa visão.

Cegueira x baixa visão
Nem todas as pessoas consideradas cegas legalmente enxergam tudo preto. “Quem tem perda importante do campo visual também é considerado cego. Nestes casos, é adotado o conceito de baixa visão, que ocorre quando há comprometimento do funcionamento visual, mesmo após tratamento ou correção de erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia)”, afirma Dra. Marcela.

“Considero essa campanha fundamental para esclarecer e conscientizar a população sobre a importância de cuidar da visão desde o nascimento. O ideal é que todos os pais consultem um oftalmopediatra no primeiro ano de vida do bebê, para prevenir e tratar qualquer condição que possa afetar o desenvolvimento visual normal, afinal, a visão é responsável pela captação de 85% das informações enviadas ao cérebro e, desta maneira, torna-se fundamental para o desenvolvimento saudável de nossas crianças”, conclui Dra. Marcela.

*Dra. Marcela Barreira é médica graduada pela Universidade Federal do Paraná. Realizou Residência Médica em Oftalmologia no Hospital Angelina Caron. Recebeu o título de Oftalmologista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e também foi aprovada pelo International Council of Ophthalmology. Realizou Fellowship em Oftalmopediatria e Estrabismo na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde ainda atua como orientadora e vice-chefe do departamento de Estrabismo. Realizou um segundo Fellowship em Neuroftalmologia pela Universidade de São Paulo, onde hoje é médica voluntária desse departamento. É cofundadora da Neurokinder onde atua como oftalmopediatra, oftalmologista e neuroftalmologista pediátrica e de adultos. Exerce ainda o cargo de chefia do setor de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e trabalha como oftalmopediatra na APAE de São Paulo.

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