Roberta Manreza Publicado em 25/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 11h26
Por CGC Comunicação em Educação,
A composição que Milton Nascimento e Ronaldo Bastos criaram em 1976 reflete o sentimento de muitos educadores no atual momento da nossa história. Há mais de seis meses dando aulas de forma remota, e em meio à discussão “volta o ensino presencial, ou não volta”, o sentimento dos educadores é o de luto. A escola que existia antes, não será mais a mesma.
Para Luciana Fevorini, diretora do Colégio Equipe, em São Paulo, a sensação é de muito saudosismo. No entanto, Fevorini afirma que muitas coisas boas estão acontecendo na educação. “Os educadores perderam o medo da tecnologia. Perderam o medo de se relacionar com pessoas que vivem fora da nossa cidade, possibilitando as videoconferências com o mundo. Temos muitas histórias bonitas para contar sobre a força da coletividade entre os alunos e entre os educadores”.
No Centro Educacional Pioneiro, a força do espírito coletivo é a grande lição deste momento. “Temos de abraçar o que temos, e fazer melhor. Não podemos ficar lamentando a escola que não existe mais. Agora é outra escola, outra relação. Importante é estar junto das famílias de maneira prazerosa”, diz a diretora pedagógica Irma Akamine Hiray.
Para Ligia Mori, diretora da Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha), os educadores estão saudosos dos seus alunos. Saudosos do espaço de encontro, do convívio e da interação. Mas ela própria se questiona. Para qual escola queremos voltar? “Na escola de antes a tecnologia era vista com receio. Hoje enxergamos a sua potência”, afirma.
Presidente do Instituto Singularidades e ex-secretário municipal de educação de São Paulo, Alexandre Schneider, acredita que muitas mudanças ocorrerão na educação. “As escolas do amanhã deverão desenhar um currículo mais voltado para as práticas, o que exigirá que os docentes estejam em constante formação”, diz.
Nada será como antes! “Desnaturalizou coisas que tínhamos muito incorporado. A educação remota vai trazer muito mais significados. As relações pessoais serão mais valorizadas. Cuidaremos dos lutos, dos medos. Ao mesmo tempo, vamos celebrar muitas coisas boas. Vamos ressignificar o que era essencial”, afirma Luciana Fevorini, diretora do Equipe.