30 de agosto de 2010
Olá! Neste domingo o Papo de Mãe recebeu convidados para falar sobre um tema muito importante que interessa a muita gente: a Síndrome do Ninho Vazio. Você pode nunca ter ouvido falar a respeito, mas certamente conhece alguém que já tenha passado por isto, ou, quem sabe, esteja passando. Trata-se daquela tristeza profunda, daquela sensação de vazio que alguns pais enfrentam quando os filhos crescem e saem de casa. A casa fica parecendo maior, a vida parece não ter mais o mesmo sentido e a solidão passa a incomodar… Mas como a gente mostrou no programa, esta é mais uma etapa da vida que temos que passar. Embora nosso desejo seja ficar perto dos filhos para sempre, temos que aceitar que, na verdade, criamos nossos filhos para o mundo, e nada mais natural do que um dia chegue a hora deles “voarem com as próprias asas”. Para dar início às postagens da semana sobre este tema, trouxemos o artigo da nossa convidada, a terapeuta Dorli Kamkhagi, que participou do nosso Papo de Mãe deste último domingo. Confira!
A saída dos filhosEmocionalmente, a falta das crianças pode ser vivenciada como a perda de um certo lugar, é a “síndrome do ninho vazio”Por Dorli KamkhagiPara algumas mulheres, a saída de casa dos filhos – assim como seu crescimento e evolução – é um sinal de que as coisas andaram bem. Afinal, é quando se percebe que os filhos possuem autonomia e podem pensar em alçar voo solo (às vezes em dupla, no caso de um casamento) que temos mais tranquilidade. Outras mulheres, porém, sentem uma grande dor neste momento de separação, pois a partida dos filhos remete às questões de temporalidade e da percepção de que novos ajustes deverão ser feitos. Emocionalmente, a saída dos filhos pode ser vivenciada como a perda de um certo lugar. Alguns especialistas chamam este momento de “síndrome do ninho vazio”. O que nos leva a pensarmos nestes espaços físicos e emocionais que necessitam de novos significados. Isto quer dizer que o lugar de mãe continua e, talvez, de uma forma mais rica e ampliada. Este filho começa a ter uma outra forma de reconhecer a sua família e pode também, com um certo distanciamento, aprender a reconhecer tudo aquilo que o ajudou a se construir como um adulto que pode e deve ter um caminho próprio a percorrer. Mas um fenômeno que vem ocorrendo é que muitas mães precisam, ao mesmo tempo, lidar com a saída dos filhos adultos e também encarar o momento em que seus próprios pais estão adoecendo e morrendo. Esta dupla função muitas vezes acaba por adoecer esta mulher, que é mãe, filha e cuidadora. São momentos longos, que podem resultar em adoecimentos e quadros depressivos nestas mulheres que passam por tão difíceis e diferentes situações. Pode ser necessário uma terapia para conseguir lidar de forma mais tranquila com as perdas. Ter um espaço para poder recuperar a sua história e, principalmente, o desejo de desejar. Este momento de reflexão pode ser de grande eficácia na recuperação de partes desta “mulher” que precisa também reaprender a olhar novamente para si. Uma imagem baseada na despressurização de um avião me parece própria: “primeiro é preciso colocar a sua própria máscara de oxigênio para depois cuidar dos outros”.
Dorli Kamkhagi é doutora em Psicologia Clínica, mestre em Gerontologia e pesquisadora do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.Fonte:
http://delas.ig.com.br/Se você tem vontade de relatar sua história ou fazer uma pergunta para os especialistas convidados, escreva para [email protected]. No decorrer da semana continuaremos a abordar o tema. Acompanhe o Papo de Mãe pelo blog, twitter e facebook. Obrigado pelo carinho, audiência e até breve!