Pesquisa aponta que 92% das mães se consideram donas de casa mesmo na liderança do lar
Sabrina Legramandi* Publicado em 06/07/2021, às 12h08
Você sabe o que é ser uma mulher chefe de família? De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 34 milhões de mulheres são chefes de família no Brasil.
No comando de 47,5% dos lares brasileiros, 92% ainda se consideram donas de casa. É o que aponta a pesquisa recente realizada pelo C.Lab, laboratório de pesquisas da Nestlé, em parceria com o Studio Ideias.
“Apesar de serem as responsáveis financeiras pelos lares, muitas mulheres ainda não compreendem a importância disso e se definem apenas como donas de casa, não como chefes de família. O peso é muito maior”, afirma Milena Shimizu, gerente de pesquisa de mercado da Nestlé.
A pesquisa abrangeu diferentes classes sociais, sendo a C1 a mais estudada, com 37% de respostas, e a D e a E somando, juntas, 8% dos estudos. A maioria das participantes se denomina pardas e brancas – o correspondente a 45% e 39,9%, respectivamente – enquanto apenas 0,3% são indígenas.
Confira a seguir os principais pontos e o que pensam as mães chefes de família no Brasil.
A pesquisa envolveu mães solteiras e também aquelas que vivem com o cônjuge. Para 64% delas, um homem não seria capaz de dar conta sozinho do que elas fazem e, 54% das que vivem com os maridos consideram a divisão de tarefas injusta.
“Essa mulher se vê acumulando papéis e essa sobreposição gera desequilíbrio e exaustão”, afirma Shimizu. “No caso das mães solo, a rede de apoio precisa existir, mas é pequena e elas acabam contando com os próprios filhos para ajustar a rotina”.
Por conta desse estereótipo social de ser a provedora da casa, quase metade das mulheres entrevistadas concorda que ser mãe dificulta a sua carreira e mais da metade afirma que não é respeitada no trabalho.
Milena Shimizu entende que esses dados refletem a desigualdade dos papéis sociais exercidos por homens e por mulheres.
“As cobranças de um homem chefe de família são muito diferentes das cobranças de uma mulher chefe de família” (Milena Shimizu)
Para 73% das mulheres entrevistadas, priorizar o cuidado de outras pessoas impacta no seu próprio autocuidado. “Em muitos momentos a doação para os filhos é tanta que elas acabam deixando o autocuidado de lado. Isso acontece por falta de apoio e suporte para cuidar dos filhos”, diz Milena.
O impacto de assumir esse papel influencia, até mesmo, na vaidade. Mais de 70% das mulheres dizem não terem tempo para cuidar de si mesmas e que já cuidaram melhor do seu lado vaidoso e 69% afirmam que, quando conseguem um tempo sozinhas, não sabem nem o que fazer.
De acordo com Shimizu, isso é resultado de uma função de longa data exercida pelas mulheres. Ela lembra que “as mães buscam sempre priorizar os filhos porque desde sempre é o exemplo que tiveram na sociedade”.
Porém, mesmo com uma vida de dificuldades e de tensões, a grande maioria das mães entrevistadas – cerca de 80% – se sentem orgulhosas por quem se tornaram.
“Uma das maiores dificuldades passa por esse prazer de reconhecer seu próprio esforço e autonomia junto com o peso de ser a responsável e ter que equilibrar tudo sem apoio” (Milena Shimizu)
O impacto de se reconhecer como uma mulher forte também resulta em uma esperança no futuro. Afinal, 80% delas querem que as filhas cresçam como exemplos de figuras femininas fortes e independentes.
*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe