O Brazil LAB, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, publicou depoimento do artista indígena, que morreu nesta terça
Mariana Kotscho* Publicado em 03/11/2021, às 08h04
Morreu nesta terça-feira em São Paulo o artista indígena Jaider Esbell, aos 41 anos. Ele era colaborador do Brazil LAB, da Universidade de Princeton (EUA), que tinha gravado um depoimento com ele - ainda inédito.
A Entrevista, em vídeo (assista abaixo), foi publicada nas redes do Brazil LAB na noite de ontem e o departamento do Brasil na Universidade divulgou a seguinte nota em homenagem ao artista:
"O Brazil LAB da Universidade de Princeton e sua equipe lamentam profundamente a morte de nosso querido amigo e visionário artista e produtor cultural JAIDER ESBELL.
Nascido em 1979 em Normandia, estado de Roraima (hoje Terra Indígena Raposa Serra do Sol), Jaider Esbell, da etnia Makuxi, é figura central na consolidação da arte indígena brasileira e mundial. A sua arte conecta mundos e procura trazer as pessoas para um ambiente onde “a transformação está continuamente acontecendo e não exatamente se encaixando”, como ele mesmo disse em uma entrevista para Carlos Fausto em uma de suas visitas à Princeton.
Grande parceiro do Brazil LAB, Jaider esteve conosco em diversas ocasiões, sempre disposto a trocar ideias e experiências, de forma criativa e renovadora. Em novembro de 2019, Jaider foi um dos principais palestrantes do workshop Poéticas Amazônicas, que reuniu pesquisadores e artistas do Brasil e de Princeton. Em 2020, participou do programa “De olho no mundo”. Contribuiu, ainda, para a biblioteca sonora Clarice 100 Ears, lendo um excerto do romance Água viva. Arguto e crítico, iluminava nossos caminhos por meio de sua arte encantatória e de sua incansável mobilização pela Amazônia.
O Brazil LAB se une à sua família e comunidade, aos seus amigos e admiradores, neste momento de indescritível tristeza e imenso pesar."
As obras do artista estão atualmente em exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, como parte da Bienal.
Ser um artista indígena a partir da minha própria perspectiva é reivindicar por meio dessas quatro letras A R T E tudo o que ela nos conecta em termos de possibilidades e transpor exatamente mundos. É uma condição muito especial." (Jaider Esbell)
*Mariana Kotscho é jornalista