Roberta Manreza Publicado em 13/06/2017, às 00h00 - Atualizado às 11h15
Por Dra. Ana Karolina Marinho, Coordenadora do Departamento de Imunizações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)*
Tira-dúvidas sobre vacinação e dicas de como deixar a criança mais tranquila na hora da picadinha que protege de muitas doenças. Confira!1- Existem vacinas contraindicadas para crianças alérgicas? Quais são e por quê?
Sim. Mas, antes de tudo, precisamos saber a quais agentes as crianças são alérgicas. Por exemplo, crianças com alergia à proteína do leite de vaca não devem receber a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) de alguns fabricantes que contém traços de leite.
Crianças com alergia grave ao ovo, em princípio, não podem receber a vacina contra a Febre Amarela (contém ovo em grandes quantidades).
2- Todas as vacinas existentes hoje no mercado são eficientes? Ou mesmo vacinando a criança ainda corre-se o risco de contrair a doença?
A maioria das vacinas tem uma eficácia muito alta chegando a cerca de 95% de proteção. Algumas vacinas oferecem 100% de proteção como é o caso da vacina contra o tétano.
Embora menos comum, mesmo vacinadas, as crianças podem ter a doença infectocontagiosa. A vantagem é que será uma forma mais leve da doença, na maioria dos casos.
3- Há uma corrente que defende a “Não Vacinação” de crianças. Quais os riscos escondidos nessa decisão?
A vacinação coletiva ajuda a prevenir e acabar com determinadas doenças no mundo. Se as pessoas começarem a não se vacinar ou a não vacinar as crianças, doenças como sarampo podem voltar ao cenário.
4 – Adultos alérgicos devem se vacinar também? Quais as vacinas mais importantes para os adultos?
Adultos alérgicos respiratórios, principalmente que têm asma, devem se vacinar contra o pneumococo e contra a Influenza.
No calendário do adulto não pode faltar: tríplice bacteriana acelular (tétano, difteria e coqueluche), hepatite B, hepatite A e Influenza. Para as outras vacinas do calendário do adulto, deve-se considerar o risco de exposição e a situação epidemiológica.
5 – Crianças e adultos que sabem ser alérgicos, quais os cuidados que devem ter no momento da vacinação?
Alérgicos aos componentes da vacina, ou que tiveram alguma reação alérgica em dose anterior daquela vacina, devem ser avaliados pelo médico antes da vacinação. Os quadros leves de alergia geralmente não contraindicam doses futuras.
Em caso de reações alérgicas graves deve-se levar em consideração o risco benefício de vacinar o indivíduo. O risco da doença é maior do que o risco da reação a vacinação? Por exemplo: alérgicos ao ovo e febre amarela. No cenário atual, o risco de contrair infecção pelo vírus da febre amarela é muito grande. Sendo assim, o paciente alérgico a algum componente da vacina deve ser encaminhado para o médico para ser avaliada a possibilidade de vacinação.
6 – Como tornar a vacinação um momento menos tenso para as crianças?
Os pais devem passar segurança à criança. Precisam estar calmos e confiantes. Para aquelas crianças que já têm compreensão, deve-se informar que o procedimento é necessário para protegê-los de doenças e suas consequências (internação, faltas à escola, impossibilidade de brincar, etc.).
Algumas clínicas e laboratórios dispõem de dispositivos tecnológicos para distrair as crianças enquanto recebem a picada da vacina. Brinquedos, ambiente agradável e decorado podem ajudar a distrair os pequenos.
*A ASBAI, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, existe desde 1946. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cujo objetivo é promover o estudo, a discussão e a divulgação de questões relacionadas à Alergologia e à Imunologia Clínica, além da concessão de Título de Especialista em Alergia Clínica e Imunologia a seus sócios, de acordo com convênio celebrado com a Associação Médica Brasileira. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 21 estados brasileiros.