Seguindo as recomendações da Anvisa, Ministério Público suspende por tempo indeterminado vacinação de grávidas e puérperas com o imunizante da AstraZeneca/Oxford. Veja o que dizem Febrasgo e Defensoria Pública de SP sobre as outras vacinas
Redação Papo de Mãe Publicado em 12/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h49
Após a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) recomendar a suspensão imediata da vacinação em gestantes e puérperas com o imunizante da AstraZeneca/Oxford, milhares de mulheres passaram a ter dúvidas relacionadas à segurança da vacinação contra a COVID-19. No entanto, não é preciso temer: a campanha continua!
Segundo a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a suspensão foi apenas em relação à vacina da AstraZeneca, e que a proteção com doses da Coronavac e com a Pfizer devem ser mantidas para gestantes e puérperas com comorbidade, de acordo com o plano estadual de imunização. A comorbidade pode ser comprovada através de exames, relatórios, receitas ou prescrições médicas.
Ao Papo de Mãe, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) também comentou sobre a recente recomendação da Anvisa, respaldada pelo Ministério da Saúde. De acordo com Dr. Agnaldo Lopes, presidente da associação, é preciso que este grupo de mulheres continue se protegendo contra o vírus.
“A Febrasgo adverte que a infecção pela COVID-19 em gestantes e puérperas está associada a um risco elevado de complicações e mortalidade. A suspensão da vacina Astrazeneca/Oxford foi resultado de monitoramento, de efeitos aversos que podem estar associados ou não a essa vacina.”
As mulheres que já receberam a primeira dose da vacina de Oxford precisam aguardar novas informações e orientações sobre a segunda dose do imunizante. Já a Febrasgo afirma estar monitorando a situação e que em breve, com mais orientações, atualizará as recomendações com os devidos respaldos científicos.
A suspensão da vacina AstraZeneca/Oxford foi anunciada nesta terça-feira, 11 de maio, após a notificação da morte de uma gestante de 35 anos que havia recebido dose do imunizante. No entanto, segundo a Anvisa em nota oficial, no último dia 7 de maio, a Fiocruz, fabricante da vacina Oxford/AstraZeneca, informou sobre a suspeita de “evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico com plaquetopenia ocorrido em gestante e óbito fetal”.
A causa da morte ainda está sendo investigada, e não foi comprovado que a trombose que levou a gestante carioca a óbito, foi devido ao uso da vacina. Por precaução, os órgãos públicos excluíram momentaneamente o uso do imunizante neste grupo de pessoas.
A suspensão da vacina de Oxford em gestantes será mantida até que ocorra uma nova orientação por meio do PNI (Programa Nacional de Imunização) do governo federal.
O Ministério da Saúde incluiu as grávidas e puérperas como um grupo de risco ainda em 2020. De acordo com os Núcleos de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, em junho do ano passado, pesquisas apontaram que o Brasil era o país com o maior número de mortalidade materna por questões ligadas à COVID-19.
Apesar disso, o grupo foi só passou a fazer parte do PNI (Programa Nacional de Imunização) no final do mês de abril. As gestantes com comorbidades já haviam sido incluídas no programa no dia 15 de março. De acordo com a Agência Brasil, a coordenadora do PNI, Franciele Francinato, defendeu a antecipação das grávidas na fila da vacinação, e disse que “o risco de não vacinar gestantes no país já justifica a inclusão desse grupo”.
Em recente publicação ao Papo de Mãe, o ginecologista e obstetra Gustavo Kröger afirmou que existe sim, vacinas que não podem ser tomadas durante a gravidez, por terem vírus atenuados, como sarampo, rubéola e tríplice viral. Essas colocam mãe e bebê em risco, mas até agora nada foi comprovado em torno da imunização contra o novo coronavírus.
Em nota oficial, a AstraZeneca afirmou que “mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos” da vacina. As informações foram obtidas pelo G1. “Referente a suspensão do uso da vacina, a AstraZeneca esclarece que as mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos por uma precaução usual em ensaios clínicos. Os estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos no que diz respeito à gravidez ou ao desenvolvimento fetal.”
O presidente da Febrasgo, Dr. Agnaldo Lopes, afirmou que os estudos envolvendo a Pfizer e a CoronaVac, esta última que é desenvolvida de forma semelhante à vacina da gripe, por exemplo, não mostraram riscos ou consequências às gestantes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que a vacinação contra a COVID-19 em grávidas, deve ocorrer apenas se a mulher em questão tiver algum tipo de comorbidade ou for profissional da área de saúde, estando então exposta ao vírus. A OMS também alega que ainda há poucos dados que comprovem a segurança da administração da vacina durante a gravidez.
Vale ressaltar que tanto a CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan em parceria com a farmaceuta Sinovac, como a Pfizer, não incluíram gestantes ou puérperas em suas fases de teste.
*Ana Beatriz Gonçalves é repórter do Papo de Mãe
*Carolina Novaes é repórter do Papo de Mãe
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