Ministério da Saúde divulga documento recomendando a vacina contra Covid-19 para gestantes, puérperas e lactantes
Mariana Kotscho* Publicado em 16/03/2021, às 00h00 - Atualizado em 17/03/2021, às 09h29
Em nota técnica publicada dia 15, o Ministério da Saúde afirmou que é recomendada a vacinação contra Covid-19 de gestantes que possuam alguma comorbidade pré-existente, como diabetes, hipertensão arterial crônica, obesidade e outras.
“Esta nota é importante porque avalia ainda que gestantes que não tenham comorbidades, após uma avaliação de risco-beneficio, também devem ser vacinadas. É um avanço neste sentido”, avalia a Defensora Pública Paula Sant’Anna Machado de Souza, coordenadora do Núcleo de Promoção de Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem) da Defensoria Pública de São Paulo. Mas ela ressalta que “Ao mesmo tempo, apesar da nota, ainda não recebemos nenhuma atualização do plano nacional de imunização que contemple este mesmo grupo como grupo prioritário para a vacinação”.
A defensora Paula Souza lembra que “Em 2020, o Ministério da Saúde classificou este grupo como grupo de risco, mas até o momento ele não está como grupo prioritário. Então, apesar da recomendação da vacina é importante avançar para que gestantes, puérperas e lactantes, vítimas da pandemia com altos índices de mortalidade materna, entrem no grupo prioritário de vacinação.
Como a inclusão destas mulheres no grupo prioritário ainda não aconteceu, a Defensoria vai continuar batalhando por esta inclusão, já que agora existe a recomendação e no final da tarde desta terça-feira a Defensoria Pública de São Paulo decidiu enviar ofício ao Ministério da Saúde indagando se, a partir da recomendação, as grávidas serão incluídas como grupo prioritário de vacinação. Mais de 20 defensorias estaduais assinam o ofício.
O Núcleo da Mulher (Nudem) da Defensoria de SP e de mais 15 outras Defensorias do país enviaram em fevereiro um ofício ao Ministério da Saúde pedindo informações sobre a não inclusão de mulheres grávidas (consideradas grupo de risco para Covid-19) como prioridade no plano nacional de vacinação. Assinam o documento as Defensorias dos seguintes estados: São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Roraima, Espírito Santo, Rondônia, Santa Catarina, Goiás, Amazonas, Piauí, Tocantins, Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia.
De acordo com o documento, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) recomenda que, após avaliação feita pelo médico e pela gestante acerca dos riscos e benefícios da vacina, a vacina possa ser ofertada para as mulheres grávidas.
A Defensora Pública do Estado de São Paulo e coordenadora do Nudem, Paula Machado, explica que os Núcleos de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres vêm acompanhando as consequências da pandemia para as mulheres gestantes, puérperas e lactantes. Em 2020, o Ministério da Saúde incluiu este grupo como um grupo de risco.
“Também estamos acompanhando a confecção do plano nacional de imunização. Inicialmente as gestantes eram contra indicadas, depois o plano as incluiu como um grupo especial, mas ainda, embora reconhecidas como grupo de risco, ainda não foram incluídas no grupo prioritário”, diz a Defensora Paula Machado, e ela completa: “É importante também a gente pensar em mulheres que estão em situação de vulnerabilidade, apesar de não estarem no grupo prioritário, como aquelas que saem para trabalhar, que dependem do transporte público”.
O ginecologista e obstetra Gustavo Kröger disse ao Papo de Mãe que há vacinas que não podem ser tomadas durante a gravidez, por terem vírus atenuados, como sarampo, rubéola e tríplice viral. Essas colocam mãe e bebê em risco.
A vacina da febre amarela, por exemplo, deve ser discutida com o médico que vai avaliar riscos e benefícios. Assim também deve ser com a vacina de covid-19. Por ser uma vacina nova, ainda não foi testada em grávidas: “Por ser uma vacina de vírus inativo já sabemos que é mais segura, por ser similar a outras que a gestante deve tomar”.
Segundo a Febrasgo, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, as gestantes que forem do grupo de risco devem tomar. Pode-se decidir caso a caso, avaliando os riscos da doença. Já é sabido que no final da gravidez, contrair Covid-19 pode ser mais grave porque a capacidade pulmonar da mulher está reduzida.
*Mariana Kotscho é jornalista e apresentadora do Papo de Mãe