No Brasil, Covid-19 mata mais mães e puérperas do que qualquer outro grupo de risco. E isso parece não importar para o judiciário e o governo; ajude a pressionar o STF pela vacinação dessas mulheres para que elas não morram
Política é a Mãe Publicado em 21/06/2021, às 11h09
Alguns poucos municípios brasileiros colocaram as mulheres que amamentam no grupo prioritário da vacinação contra o coronavírus, mas ainda não há uma política nacional. No Brasil, apenas as lactantes com comorbidades fazem parte do grupo prioritário. Na última semana, viralizou a imagem de Giovanna Deckenbach tomando vacina e amamentando seus gêmeos. Foi em Mauá, cidade que colocou todas as mulheres que amamentam no grupo com prioridade. E o coletivo Política é a Mãe faz um apelo.
Desde 2020 cientistas e médicas obstetras alertam: mulheres grávidas - e puérperas - diagnosticadas com Covid-19 têm 17 vezes mais chance de morrer por complicações associadas à doença. A gravidez e o parto recente são fatores de risco para as mulheres, mesmo para aquelas que não apresentam nenhuma comorbidade.
Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro e da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras mostram que 59% das grávidas ou puérperas que faleceram em 2021 não tinham nenhuma comorbidade. Em 2020, segundo a Fiocruz, toda semana morria, em média, 12 gestantes ou puérperas por Covid-19. Este ano, a média está em 47,9 mortes semanais. Com uma taxa de letalidade de 7,2%, quando o índice do Brasil é de 2,8%.
Dentre os fatores associados ao óbito estão ser negra, viver em área periurbana, não ter acesso ao Programa de Saúde da Família e morar a mais de 100km do hospital de referência. A maior parte das gestantes e puérperas que estão morrendo eram pobres, periféricas e mães de outras crianças, agravando ainda mais uma situação de vulnerabilidade e desigualdade social.
Se todas as grávidas e puérperas apresentam este risco, por que o Brasil representa 8 em cada 10 mortes maternas do mundo? Por que as grávidas morrem mais aqui do que nos outros países? Por que o Estado Brasileiro e o judiciário estão autorizando que MÃES morram de uma doença que já têm vacina?
O Brasil é o país que mais mata grávidas e puérperas no mundo por Covid-19. A doença representa hoje a principal causa de morte materna no país. É uma calamidade pública e descaso com a vida. É dever do Estado garantir a atenção à saúde, atendimento pré-natal, assistência ao parto e ao puerpério de qualidade. É dever do ESTADO vacinar TODAS as grávidas e puérperas com urgência e agilidade.
Estamos deixando uma legião de órfãos, de famílias destruídas, de sonhos arrancados. Quando o Judiciário e o Estado Brasileiro têm o poder de mudar essa situação, mas não o fazem, podemos entender que as vidas das Mães, das Mulheres, das Crianças não importam. Um país que mata as mães é um país que despreza a vida.
Parada em boa parte do país. O Ministério da Saúde suspendeu a vacinação de todas as mulheres grávidas e puérperas sem comorbidades em 11 de maio de 2021. Segundo a Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras, o fato ocorreu depois que uma mulher grávida sofreu um evento adverso considerado extremamente raro após ter recebido o imunizante da AstraZeneca. Diante deste evento, a Anvisa recomendou a suspensão da vacinação de gestantes com a vacina da AstraZeneca, mas o Ministério da Saúde decidiu suspender a imunização com todas as vacinas disponíveis no país, apesar de diversos estudos científicos internacionais mostrarem que os possíveis riscos de mortalidade materna e morbidade fetal por Covid-19 superam em muito os riscos da vacinação na gravidez.
Para que a vacinação das gestantes e puérperas retorne em todo o país, dentro do Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19, o PSOL , com apoio técnico da Anis Bioética, do Projeto Cravinas, da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras e algumas Defensorias Públicas Estaduais, protocolaram a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 846 no STF. O pedido é que o STF vote pela reinserção das gestantes e puérperas, com e sem comorbidades no Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19, com a utilização de doses das vacinas Coronavac ou Pfizer. A ação (ADPF 846) afirma que a remoção das gestantes e puérperas sem comorbidades dos grupos prioritários foi feita sem qualquer explicação, baseada em um caso isolado e sem comprovação de que a vacina tenha provocado a morte.
O pedido aponta ainda que grávidas e puérperas correm maiores riscos de complicações em caso de contágio de Covid-19, com maior necessidade de intubação, maior comprometimento de pulmão, trombose, risco de parto prematuro, nascimento de bebês natimortos e morte das mulheres, em razão da vulnerabilidade do corpo após o parto.
STF: vote em favor das mães!
Nós estamos morrendo. Nós, do Política é a Mãe, Coletivo Caosa e Cientista que Virou Mãe reforçamos o pedido: VACINEM AS GRÁVIDAS E PUÉRPERAS. Parem de matar as mães. Clique aqui para ler o Manifesto o Manifesto pela Vacinação de Grávidas e Puérperas.
#VacinasParaGestantesEPuérperasUrgente
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*Política é a Mãe é um coletivo formado por mulheres mães que luta para que as vozes das mães e das crianças sejam ouvidas como ponto central nas discussões e ações relacionadas às políticas públicas da sociedade. Nos acompanhe pelo nosso instagram @politicaeamae, onde falamos de política, feminismo, maternidades, infâncias e cuidado.