A obesidade da criança pode provocar deformidades ósseas e problemas ortopédicos graves durante o desenvolvimento. Entenda
Redação Papo de Mãe Publicado em 30/03/2022, às 06h00
O ortopedista pediátrico e também professor de Saúde Pública David Nordon alerta que as complicações causadas pelo excesso de peso na infância vão além das cardiovasculares.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no Brasil, uma a cada três crianças, de até 12 anos, está acima do peso. Um estudo do ministério da Saúde, de 2019, aponta que o índice de sobrepeso em crianças é de 16,33%, obesidade 9,30% e obesidade grave em 5,22%. Em adolescentes, 18% de sobrepeso, 9,53% de obesidade e 3,90% de obesidade grave.
“Algumas complicações ortopédicas como a epifisiolistese – caracterizada pelo deslocamento do colo do fêmur em relação à epífise femoral, que é o escorregamento da cabeça do fêmur na bacia, acredita-se, que seja mais comum em obesos. Estudos apontam que 81% dos casos são em crianças com sobrepeso, e o risco de doença bilateral também é maior. Percebe-se o aumento dessa condição em consonância com o aumento da obesidade nas faixas etárias acometidas. Elas ainda terão mais dificuldade com a marcha: apresentam menor velocidade, menos tempo no apoio monopodálico, gastam mais energia e provocam maior pressão no antepé, em comparação com crianças de peso normal. O passo é mais longo, com uma maior base de apoio, como uma estratégia para ganho de estabilidade. Elas apresentam, também, uma menor flexão dos quadris e joelhos, quando caminham em uma velocidade determinada por si mesmas, o que pode se relacionar a um quadríceps contraturado e a diminuição da amplitude de movimentos do quadril e joelho”, conta o médico.
“É responsabilidade dos pais, médicos e entidades de saúde, sejam públicas ou privadas, alertar para a série de riscos causados pela obesidade, incluindo o de desenvolvimento estrutural, para essas crianças. A obesidade infantil causa comprometimentos e dificuldades, seja para o tratamento conservador, seja para o acesso durante tratamento cirúrgico, para o risco de infecções, ou até mesmo risco anestésico. A longo prazo, a sobrecarga articular e o desalinhamento levarão, invariavelmente, a dores e desgaste precoce”, finaliza Nordon.