Pais e mães sempre têm dúvidas em relação aos alimentos que são ou não saudáveis. Identificou-se? Então, respire e leia atentamente até o final
Ariela Doctors* Publicado em 16/06/2021, às 16h18
E se você soubesse que, além de engordar, biscoitos, salgadinhos e, aparentemente, inofensivas bisnaguinhas, contém doses homeopáticas de veneno? Mas, afinal, o que são transgênicos e agrotóxicos?
Farei uma breve elucidação dos termos. Os alimentos transgênicos, ou melhor, as sementes transgênicas foram criadas com o intuito de melhorar e aumentar a produtividade agrícola e, consequentemente, ajudar a alimentar a humanidade. São sementes de plantas já existentes na natureza que foram modificadas em laboratório, alterando-se seu DNA.
A engenharia genética promete o melhoramento das espécies, criando sementes menos perecíveis e mais resilientes a alterações climáticas e a alguns tipos de pragas. Grandes empresas vendem a pequenos e grandes produtores essas sementes já patenteadas, acompanhadas dos devidos defensivos agrícolas para complementar o pacote e aumentar a produção.
Tais “defensivos”, mais conhecidos como agrotóxicos, podem repelir algumas pragas, porém causam mal à saúde humana e de outros animais. A grande maioria deles já são proibidos na União Europeia e nos EUA, enquanto por aqui, cada vez mais, temos liberação para seu uso. Com isso, transgênicos e agrotóxicos invadem nossa alimentação diariamente, nos envenenando aos poucos.
O estudo “Tem Veneno Nesse Pacote”, divulgado na terça-feira (1/6) pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), submeteu 27 alimentos industrializados à análise laboratorial, com o objetivo de detectar neles a presença de agrotóxicos. Foram investigados o teor de venenos agrícolas em alimentos ultraprocessados, ou seja, que não são comida de verdade, produzidos pela indústria com substâncias artificiais. Os critérios utilizados foram: exclusivamente produtos ultraprocessados consumidos pela população brasileira, produtos com maiores teores de açúcar, trigo, milho e soja na formulação, produtos com apelo para o público infantil e com apelo à saúde.
Do total de amostras, 59,3% apresentaram resíduos de defensivos agrícolas, ou seja, 16 produtos. Clique aqui para ver o estudo completo e as marcas pesquisadas.
Já sabemos que comidas ultraprocessadas são nutricionalmente vazias e comprovadamente coadjuvantes no aumento de índices de obesidade e doenças relacionadas em todo o mundo. Agora, podemos dizer que os processos de degradação desses alimentos é vergonhoso, obsceno, indecente, imoral.
Contradizendo a célebre frase de Alexander Woollcott*, jornalista norte americano, que tudo o que gostamos é ilegal, imoral ou engorda, muitos dos agrotóxicos proibidos no resto do globo são permitidos por aqui e, recentemente, está para ser autorizada a utilização de trigo transgênico no Brasil. Em outubro de 2020, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, realizou uma audiência pública para discutir a liberação comercial de trigo transgênico para o consumo humano e eventual cultivo deste tipo de alimento geneticamente modificado.
Na Argentina este plantio foi autorizado, desde que o Brasil aceite a importação deste alimento. Nós somos o destino das exportações de mais de 50% do trigo argentino. Se essa liberação se efetivar, certamente afetará a soberania alimentar dos países importadores em prol do lucro de algumas multinacionais. Já imaginou o pão nosso de cada dia entrar para o rol de alimentos envenenados? Acadêmicos e pesquisadores alertam que é preciso considerar as evidências dos riscos à saúde do consumidor e os riscos ao meio ambiente intrínsecos ao uso de sementes transgênicas e defensivos agrícolas.
A Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, regulamenta o direito à informação quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados.
Portanto, antes de optar pela praticidade que alguns desses produtos promovem e se render aos pedidos e clamores de seus filhos e filhas para comer “porcatitos e recheaditos”, pense na saúde da família e do planeta e opte por deliciosas receitas feitas em casa!
Aproveite para cozinhar junto e abordar essas questões de forma simples e transparente. Crianças e adolescentes entendem rápido e são os grandes atores da transformação que precisamos.
Assine a petição e ajude a impedir que o trigo transgênico seja liberado no Brasil.
Aqui vai mais uma receita deliciosa para a sua família!
● 3 cenouras
● 4 ovos
● 1 xícara (chá) de óleo de milho
● 1 1⁄2 xícara (chá) de açúcar
● 2 xícaras (chá) de farinha de trigo
● 1 colher (sopa) de fermento em pó
● 1 pitada de sal
● manteiga e farinha de trigo para untar e polvilhar a fôrma
1. Preaqueça o forno a 180 oC (temperatura média). Unte uma fôrma redonda de 24 cm de diâmetro e 7 cm de altura com manteiga. Polvilhe com farinha de trigo, chacoalhe e bata sobre a pia para tirar o excesso.
2. Numa tigela, coloque a farinha, o sal e o fermento, passando pela peneira. Misture e reserve.
3. Lave e descasque as cenouras. Descarte a ponta da rama e corte as cenouras em rodelas.
4. Numa tigela pequena, quebre um ovo de cada vez - para verificar se estão bons - e transfira para o liquidificador. Junte as cenouras, o óleo e o açúcar e bata bem até ficar liso, por cerca de 5 minutos.
5. Junte, aos poucos, a mistura do liquidificador à tigela com os secos, mexendo delicadamente com um batedor de arame, para incorporar.
6. Transfira a massa para a fôrma e leve ao forno para assar por cerca de 50 minutos. Para saber se o bolo está pronto, espete um palito na massa: se sair limpo, pode retirar do forno; caso contrário, deixe por mais alguns minutos, até que assar completamente. Deixe esfriar por 15 minutos antes de desenformar.
● 1⁄2 xícara (chá) de chocolate em pó
● 1⁄3 de xícara (chá) de açúcar
● 1 colher (sopa) de manteiga
● 1⁄3 de xícara (chá) de água
1. Numa panela pequena junte o chocolate, o açúcar, a manteiga e a água. Leve ao fogo médio e mexa com o batedor de arame até ferver.
2. Depois que começar a ferver, mexa por mais 4 minutos, até a calda engrossar e começar a desgrudar do fundo da panela. Regue a calda quente sobre o bolo frio (já desenformado) e deixe esfriar. Sirva a seguir.
Você pode acessar outras receitas no site Comida e Cultura.
*Ariela Doctors é chef, comunicadora e mãe - @projetocomidaecultura
(os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do Papo de Mãe)