Aditivos alimentares são definidos pela portaria SVS/MS 540 de 27/10/97 da ANVISA como “todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente sem o propósito de nutrir, com o objetivo de modificar suas características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais com o objetivo de proporcionar vantagens de ordem tecnológica”. Nos rótulos, os aditivos são encontrados no final da lista de ingredientes descritos por seu nome completo, seu número de identificação ou INS ou ainda sua função principal no alimento.
Os aditivos podem ser divididos em algumas classes de acordo com sua função. Os corantes são usados para colorir e tornar os alimentos mais atrativos; emulsionantes, espessantes e gelificantes visam alterar a consistência e textura dos alimentos; edulcorantes ou adoçantes conferem sabor doce com baixo ou nulo valor energético; conservantes, antioxidantes, antiumectantes e reguladores de acidez objetivam aumentar o tempo de prateleira dos produtos; e aromatizantes conferem aroma ou sabor aos alimentos.
Derek Lowe, químico PhDHD pela Universidade de Duke, critica a situação observada como “quimiofobia” ou seja, uma rejeição exacerbada à adição de aditivos alimentares. De fato, a Organização Mundial da Saúde, a fim de estabelecer um nível de consumo seguro, criou as IDAs ou Ingestão Diária Aceitável com valores máximos a serem seguidos, entretanto há uma ascensão de estudos que correlacionam o consumo de aditivos alimentares em longo prazo a reações agudas e/ou crônicas deletérias.
Um estudo realizado no Kuwait por Husain et al, analisou a ingestão de corantes artificiais por crianças de 5 a 14 anos através da avaliação de recordatórios dos alimentos ingeridos nas 24hs prévias com 3.141 alunos de 58 escolas diferentes. Em seguida, o teor de corantes nos 344 itens consumidos foi analisado pelo processo de cromatografia líquida de alta eficiência. Os resultados indicaram que dos nove corantes testados, quatro, sendo eles, tartrazina (INS 102), amarelo crepúsculo (INS 110), carmosina ou azorrubina (INS 122) e vermelho 40 (INS 129), estavam acima do comparados às IDAs para adultos, uma vez que não existem dados para a população infantil, tornando esse dado ainda mais relevante.
Algumas das correlações deletérias dos aditivos alimentares incluem:
• Reações como asma, urticária, rinite, angioedema, vasculite e reações anafilactóides;
• Câncer, sobretudo de esôfago, estômago, cólon, reto, mama e ovário, lembrando que também são fatores de risco para os mesmos tipos de câncer as bebidas alcoólicas, os nitritos e nitratos, além do sedentarismo, tabaco, dieta pobre em fibras e rica em gordura saturada, uso indiscriminado de agrotóxicos, etc.;
• Déficit de atenção e hiperatividade em crianças
Os corantes mais frequentemente relacionados a estes efeitos são:
Azul Brilhante: INS 133
Ingestão Diária Aceitável (IDA): 0 a 12,5mg/Kg
Amarelo Crepúsculo: INS 110
IDA: 0 a 2,5mg/Kg
Tartrazina: INS 102
IDA: 0 a 7,5mg/Kg
Vermelho Allura ou 40: INS 129
IDA; 0 a 7mg/Kg
Diante dessa realidade, o que pode ser feito para garantir a segurança dos alimentos consumidos é a exigência, enquanto consumidores, de que a rotulagem seja feita de maneira clara, transparente e fiscalizada quanto aos métodos de medição desses componentes. É fundamental que a informação dos rótulos seja divulgada e ativamente consultada pelas pessoas quando as mesmas forem escolher um produto e que isso tenha peso durante o processo de decisão. Para isso, além de limitar o consumo, priorizando alimentos frescos e caseiros, o melhor caminho é educar a população a respeito desses aditivos e das possíveis consequências de seu consumo para que, no caso de reações adversas, isso possa ser levado em consideração e solucionado o mais rápido possível.
O vídeo “Como Fazer Corante Comestível Natural” mostra como usar alimentos em sua forma natural para criar corantes:
Para citar esse artigo:
Rodella F. O outro lado da alimentação colorida. RESC 2015 Ago;2(8):e127.
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