Como estão seus pensamentos desde que você decidiu ter seus filhos? Mais saudáveis ou estão negativos na maior parte do tempo?
Kênia Braga* Publicado em 20/10/2021, às 11h40
Durante a gravidez e após o parto, observa-se um aumento do risco de desordens mentais nas mulheres. A maioria das mães vivencia um aumento no nível de ansiedade devido as preocupações com a gestação e as mudanças físicas e com o ajustamento de suas funções maternas; algumas possuem mais chances de desenvolverem problemas mentais durante a chegada do bebê ou após o nascimento do filho. Dentre os fatores preditores para depressão das mães estão: a gravidez de risco ou partos complicados, histórico de psicopatologia, gravidez não planejada, situações financeiras ruins ou desemprego, stress crônico ou má relação com a própria mãe, falta de apoio familiar, ausência de amigos, estado civil, problemas de humor da mãe durante a gestação, conflitos com o parceiro, autoimagem negativa, maternidade precoce, separação conjugal, abuso psicológico, agressão, luto de algum ente querido, o temperamento da criança; entre outros. Mas anterior a tudo isso, existe algo que deflagra toda a desordem emocional... os chamados pensamentos negativos ou disfuncionais que são originados muitas vezes das preocupações com as mudanças físicas, emocionais, profissionais e sociais da gestação.
São pensamentos ou imagens dos quais se pode não estar muito ciente, a menos que sejam foco de atenção. São um fluxo de pensamento que coexiste com o fluxo de pensamento principal. Passam despercebidos e são aceitos como verdadeiros sem uma avaliação crítica. São breves e as pessoas conseguem identificar com mais facilidade a emoção deles decorrente. São pensamentos ventilados de forma automática na mente das mães de ressignificação para não comprometer a saúde mental materna.Doenças mentais nas mães, podem deflagrar consequências graves, chegando até mesmo ao infanticídio. É muito importante conscientizar as mães sobre os pensamentos negativos mais comuns, que distorcem a visão de si mesmas, do outro e do mundo, formando a tríade depressiva ou ansiosa. Esses pensamentos precisam ser olhados, organizados e gerenciados de forma estruturada, por um profissional com especialização em terapia cognitivo comportamental. Identificar, avaliar e responder a pensamentos automáticos produz mudanças positivas nesses sentimentos. Este é foco inicial do tratamento da terapia cognitivo comportamental. Da mesma forma que as os pensamentos precisam ser modificados as emoções negativas também precisam ser validadas, e gerenciadas para prevenir a ocorrência de uma somatização psicológica (psicopatologia como ansiedade ou depressão) ou física (alguma doença somatizada no corpo).
As situações problemáticas que ocorrem entre os pensamentos automáticos, podem ser investigadas, na terapia, o psicólogo ensina o hábito de questionar sobre o autoconhecimento:
O questionamento ou método socrático é outra ferramenta muito utilizada na clínica para identificar as distorções cognitivas. Exemplos de perguntas nesta prática:
E após discutir os pensamentos automáticos com o psicólogo é ensinado a identificar e discutir algumas distorções cognitivas, que são formas mais rígidas de pensar... quando não identificadas e tratadas elas conduzem para a desordem emocional e podem levar a problemas mentais ou físicos.
Situação é avaliada apenas com duas categorias e não num continuum.
Catastrofização:
O futuro é avaliado negativamente, sem considerar outros resultados prováveis.
Desqualificação do positivo:
Não se leva em consideração experiências, atos ou qualidades positivas.
Argumentação emocional:
Pensa que algo deve ser verdade, porque sente isso de maneira muito convincente, ignora evidências contrárias.
Rotular:
Coloca um rótulo global e fixo em si mesmo ou nos outros sem considerar evidências.
Magnificação/Minização:
Avalia a si mesmo, outra situação ou outra pessoa aumentando o lado negativo e diminuindo o positivo.
Filtro Mental:
Presta atenção indevida a um detalhe negativo ao invés de avaliar a situação em geral.
Leitura Mental:
Acha que sabe o que os outros estão pensando.
Supergeneralização:
Tira uma conclusão negativa radical que vai muito além da situação real.
Personalização:
Acredita que os outros se comportam mal devido a ele, sem considerar outras explicações.
Declarações do tipo é "devo”, preciso, tenho que.
Visão de túnel:
Vê apenas os aspectos ruins de uma situação.
Questionamento Socrático;
Experimentos Comportamentais é testar o pensamento ou as crenças negativas em uma situação experimental real.
Continuum cognitivo:
Técnica para encontrar um meio-termo quando o paciente utiliza um pensamento dicotomizado. Construção de uma escala para verificar se há realmente somente duas categorias, ou se há graus entre elas.
Dramatização (Role-play):
Quando a pessoa alega que do ponto de vista racional entende que a crença é disfuncional, mas a sente como verdadeira.
Contrastes extremos:
Comparação com alguém real ou imaginário que está no extremo negativo da qualidade relacionada ao pensamento ou à crença central.
Desenvolvimento de metáforas:
Facilita um distanciamento seguro para promover uma reflexão parecida com a sofrida pela pessoa.
Reestruturar memórias antigas:
Estimular o afeto do paciente por meio de uma reestruturação do sentido atribuído a um evento anterior relacionado a uma situação conflitiva atual. Há a oportunidade de resgatar o acontecimento anterior traumático e atribuir-lhe um novo significado.
Agora que você conhece um pouco mais sobre os pensamentos negativos e a importância de buscar ajuda profissional, faça uma autorreflexão e cuide bem de sua mente, é muito importante avaliar o nível de sofrimento e encontrar recursos para a manutenção consistente do bem-estar, para que você possa desfrutar de uma vida mais equilibrada e feliz!
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