O distanciamento dos processos produtivos e o modo de viver contemporâneo trouxe cada vez mais dependência seja de crianças ou dos adultos. Se pararmos para pensar, antigamente, nossos avós e bisavós participavam muito mais de todos os processos, cada um com sua habilidade.
Processos simples, desde costurar um botão numa camisa, fazer um prato de comida, pintar uma parede, até processos mais complicados como consertar um aparelho doméstico, fazer uma roupa do zero entre outras coisas eram possíveis de ser feitos sem a necessidade de terceirizarmos nada.
A Modernidade trouxe consigo a ideia da razão e do progresso.
“Ser moderno” implicava em terceirizar nossa produção. E, assim, as cadeias produtivas destinaram-se à invisibilidade e a sociedade moderna acreditou que estava ganhando tempo para viver melhor.
Hoje podemos observar que tal “afastamento” dos processos criou esta dependência que vivemos hoje.
O que proponho aqui não é retrocedermos, nem negarmos tais modernidades e tão pouco os enormes avanços tecnológicos e digitais. Longe disso.
Porém, crianças e adolescentes que não sabem para que serve um abridor de latas, que nunca arrumaram uma cama, que não podem chegar nem perto do fogo…como entender que ele causa queimaduras?
Não há dúvidas que ao longo das últimas décadas “a vida das crianças está mais controlada e institucionalizada, e que, se elas ganharam em proteção e direitos, perderam em responsabilidade e em liberdade de ação”. (Montandon, Cleópâtre; Longchamp, Philippe. Você disse autonomia? Uma breve percepção da experiência das crianças).
Se queremos dar mais autonomia para que nossas filhas e filhos tenham competência para gerir as suas próprias vidas com protagonismo, temos de educá-los nesta direção.
Precisamos diminuir as distâncias de entendimento dos processos, encurtar essas lacunas que foram criadas ao longo das últimas gerações e nos aproximar do lugar onde crianças e adolescentes habitam.
Segundo Immanuel Kant, filósofo prussiano, foi também na modernidade que a concepção de autonomia na educação ganhou sentido, tal como entendemos hoje. Alguns fundamentos no campo da educação necessitaram de certa autonomia do sujeito, abrindo uma perspectiva de liberdade. Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro, nos aponta que a experiência do indivíduo é fundamental para a construção do conhecimento (Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006).
Portanto, faz-se necessário e imprescindível que nossas filhas e filhos participem de pequenos trabalhos domésticos, ajudem na arrumação de seus quartos e das roupas nos armários, cuidem das plantas, observando seu crescimento e suas necessidades, tratem dos animais, caso os tenham e também, como insisto dizer, cozinhem conosco!
Ah! Devo dizer que, em meio a essa escrita, parei para almoçar e o arroz estava soltinho, maravilhoso e com gostinho de autonomia, liberdade e muito amor.
A receita de hoje será de um arroz delicioso e incrementado para vocês fazerem em família!
Receita arroz com queijo coalho e castanha de caju
Ingredientes
2 xícaras (chá) de arroz
200 g de queijo de coalho em peça
½ xícara (chá) de uvas-passas brancas (cerca de 80 g)
½ xícara (chá) de castanha-de-caju torrada sem sal (140g)
½ cebola
4 xícaras (chá) de água
1 ½ colher (sopa) de conhaque
2 colheres (sopa) de azeite
1 folha de louro
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (chá) de sal
Como preparar
Numa tigela pequena, regue as uvas-passas com o conhaque e deixe de molho. 2. Enquanto isso, numa chaleira, leve um pouco mais de 4 xícaras (chá) de água ao fogo alto para ferver.
Descasque e pique fino a cebola.
Leve uma panela média ao fogo baixo. Quando aquecer, coloque o azeite, adicione a cebola e a folha de louro. Tempere com uma pitada de sal e refogue por cerca de 2 minutos.
Acrescente o arroz e mexa bem para envolver todos os grãos com o azeite. Junte as uvas-passas (com o líquido) e as 4 xícaras (chá) de água fervente. Acerte o sal e misture. Aumente o fogo para médio e deixe cozinhar.
Assim que a água começar a secar, diminua o fogo e tampe parcialmente a panela. Deixe cozinhar até que o arroz absorva toda a água.
Desligue o fogo e mantenha a panela tampada por 5 minutos. Enquanto isso, corte o queijo de coalho em cubinhos de cerca de 1 cm e pique grosseiramente as castanhas-de-caju.
Leve ao fogo médio uma frigideira grande. Quando aquecer, adicione a manteiga e mexa para derreter. Junte o queijo de coalho e deixe por cerca de 3 minutos, virando para dourar os cubos por igual. Junte as castanhas picadas e misture bem para perfumar.
Solte o arroz com um garfo e descarte a folha de louro. Transfira para uma tigela grande e acrescente os cubos de queijo dourados com as castanhas. Misture bem e bom apetite!