pmadmin Publicado em 08/08/2012, às 00h00 - Atualizado em 19/09/2014, às 19h31
Nessas situações, este amigo lhe faz companhia, preenchendo um pouco o vazio que se instala na vida infantil, reduzindo a ansiedade. Assim, pode fazer com que não perca o controle, uma vez que vai conversando com o amigo e ouvindo a sua própria voz, a qual, entre outras coisas, o acalma. Estes amigos servem, ainda, para a descarga das emoções contidas, que as crianças não conseguem canalizar adequadamente.
Lembretes para os pais de crianças com “amigos imaginários”:· Os pais não devem dar muita importância a este acontecimento. Se ele persistir até à pré-adolescência então, nesse caso, é interessante consultar um profissional de saúde.· Os pais devem saber que ter “amigos imaginários” é algo perfeitamente comum entre crianças de 3 aos 6 anos de idade.· Os pais devem saber que esta é uma demonstração das capacidades da criança para explorar e expandir a sua imaginação e criatividade.· Os pais devem saber que, muitas vezes, estes amigos são usados para lidar com sentimentos como a raiva ou a inveja.· Os pais devem saber que as crianças podem usar estes amigos para praticarem o que é ser e ter um amigo.· Os pais devem saber que uma das grandes vantagens destes amigos especiais é que, se os pais ouvirem as conversas das crianças com eles, poderão ser capazes de descobrir alguns dos medos das crianças e alguns conflitos.· Os pais devem saber que uma vez que o amigo imaginário também é um confidente, a criança fala com ele dos seus medos, por exemplo, o receio de que alguém a maltrate, ou que não simpatize com ela, ou de algum tipo de inadaptação, ou perda que ninguém tenha notado e que era tão importante para a criança.· Os pais devem saber que a descoberta precoce deste, e de outro tipo de acontecimento, poderá ser determinante para proteger ou ajudar a criança.· Os pais devem saber que quando a criança pratica o solilóquio e ficar mais exacerbada devem estar atentos e falar com a criança, acalmando-a.· Os pais devem saber que é bom temporariamente perguntarem às crianças se realmente acreditam que estes amigos existem.· Os pais devem saber que quando uma criança defende vigorosamente a sua existência, no fundo, saberá que é uma brincadeira.· Os pais devem saber que tudo tem de ter certos limites, mas não há dúvidas de que estes amigos são importantes para as crianças. E, perante elas, devemos tratá-los com respeito.· Os pais devem saber que não vale a pena lutarem contra isto, pois que, não ajuda e pode fazer com que a criança se isole e se sinta diferente, o que não é benéfico.· Os pais devem saber que é bom tratar o tema com naturalidade e até tomar parte desse mundo da criança. Incluí-los na vida familiar, como se tratasse de um jogo. Sempre respeitando a faixa etária da criança, os pais não podem frustra-la, chamando-a de tola, maluca, etc. Devem brincar acreditando que o “amigo imaginário” e mais um ser da família. É uma excelente maneira de chegar à criança e estreitar os laços entre pais e filhos.· Os pais devem saber que quando a criança se sente mais segura e madura, algo que deve acontecer até aos sete ou oito anos, diz adeus a estes “amigos imaginários”, momento em que guardará uma lembrança carinhosa dessa sua etapa etária.· Os pais devem saber que a ajuda de um Psicólogo deve ocorrer quando a criança apenas quer estar sozinha com esse seu amigo imaginário, evitando o contato com os outros, ficando limitada e criando conflitos, isto é, alterando o seu normal inter-relacionamento com o meio e com os outros, algo de que a criança precisa para o seu desenvolvimento.Segundo Jerome L. Singer, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale, a imaginação é uma capacidade básica da espécie humana para criar imagens, fantasias e pensamentos. O estudo de crianças de brincar de “faz de conta” dá pistas valiosas acerca da arquitetura básica da mente infantil, uma vez que se trata de uma manifestação da capacidade para transcender o pensamento do que é o mundo aqui e agora, e pensar no mundo tal como poderá ser.Outros especialistas afirmam que, assim que esta fase começa, as crianças também são capazes de reconhecer o “faz de conta” nos outros. E mostram um rico e mais variado vocabulário, uma habilidade crescente para se distraírem.Por isso, se um for encontrada a criança brincando, ou tomando as refeições animadamente com “alguém” sentado à frente dela, relaxe, não se sente no lugar dessa “pessoa”, não desfaça nem diga que não existe. É perfeitamente natural. O “fazer de conta” é sinal de que a criança está desenvolvendo a sua imaginação. Num mundo imaginário, a criança testa os seus limites. E isso quer dizer que está crescendo de um modo saudável.A maioria das crianças reconhece a diferença entre fantasia e realidade sem a ajuda dos pais. E não faz mal incentivar o desenvolvimento da imaginação dos mais pequenos.Especialistas em Desenvolvimento da Criança dão algumas ideias aos pais.· Comprem brinquedos e materiais versáteis, que possam ser usados de maneiras variadas.· Proporcione-lhes material para desenvolverem as suas fantasia. Quando estão brincando de fazer comidinha ou de ser o dono de uma mercearia, por exemplo, precisam ter sacolas e algumas caixas de comida vazias.· Forneça-lhes fita adesiva em quantidade. É indispensável para construir casas com cartões e caixas.· Encoraje-os a brincar com massinha de boa qualidade que não seja tóxica, argila e areia. Estes materiais maleáveis têm um efeito calmante. As crianças podem usá-los todos os dias, de modo diferente, para criarem e controlarem as suas brincadeiras de “faz de conta”.· Não controle as brincadeiras, deixe que sejam crianças.· Não insista em intervir nas brincadeiras das construções infantis.· Se as crianças pretendem construir uma fortaleza debaixo da mesa da sala de jantar, os pais, de forma cautelosa e sem quebrar-lhe a inspiração, devem sugerir que a construa num lugar que não importunará ninguém, principalmente se tiver necessidade de permanecer por alguns dias.· Não comprem muitos brinquedos.· Comprem-nos com a presença da criança sem impor-lhe o brinquedo. Quando as crianças têm de procurar objetos para as suas brincadeiras, a imaginação voa.· Comprem brinquedos em épocas certas, isto é aniversário, dia da criança e festas de fim de ano. O abuso na compra gera consumismo e o valor educativo do brinquedo perde o efeito.Muitos pais, quando eram crianças de família pobre, não podiam ter brinquedos a vontade e quando adultos compram brinquedos sofisticados, muito mais para eles adultos brincarem do que seus filhos. É um erro crasso.Ensinar a criança a preservar o brinquedo e a tê-los em ordem, arranjando-lhe um local e recipiente apropriado para guarda.Lembrar-se que o brinquedo é como o remédio, que tem o seu uso certo, na idade correta e adequada. * Prof. Dr. Roque Theophilo “in memoriam” – Psicólogo e Jornalista Profissional, autor do título « O Amigo Psicólogo ® ». Presidente das Academia Brasileira de Psicologia e Academia Internacional de Psicologia, e um dos pioneiros da Psicologia no Brasil. Site www.psicologia.org.br.