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Bebê com anticorpos para Covid-19? Entenda o caso

A Dra. Larissa Cassiano, ginecologista e obstetra, comenta o caso e repercute a eficácia e duração da imunização

Maria Cunha* Publicado em 21/05/2021, às 14h00

Vacina da Covid-19
Vacina da Covid-19

No dia 9 de abril, em Tubarão, Santa Catarina, nasceu Enrico. Dois dias depois, um teste comprovou a presença de anticorpos contra a Covid-19 no corpo do bebê. A mãe dele, Talita Mengali Izidoro, 33 anos, é médica e recebeu as duas doses da vacina CoronaVac contra a doença com 34 semanas de gestação. A presença de anticorpos no recém-nascido foi confirmada por um teste de neutralização SARS-COV-2, avaliado por diferentes profissionais. 

A Dra. Larissa Cassiano, ginecologista e obstetra da clínica Theia, explica que "já tem vários casos em que a mãe recebeu a vacina e o bebê foi imunizado. Nos Estados Unidos, foi o primeiro, utilizando a vacina da Moderna". O caso que a obstetra se refere aconteceu na Flórida e foi publicado na plataforma de saíde medRvix, no dia 5 de fevereiro deste ano. Além disso, a Dra. Larissa Cassiano confirma a existência de um caso espanhol e um relato do interior de São Paulo de um caso anterior, ainda não confirmado. 

A obstetra pontua que embora seja uma boa notícia e uma esperança no momento em que vivemos, "isso ainda é muito novo, a maioria dessas gestantes foram vacinadas e os bebês tiveram essa visualização e detecção de anticorpos, são casos bem recentes. A gente ainda não tem um período pra estimar quanto tempo dura essa imunidade". 

Dra. Larissa Cassiano ainda levanta dúvidas sobre o assunto: "Será que esse bebê vai ficar imune por um ano? Será que essa imunidade é temporária? A gente ainda não tem esses dados. Estamos esperando para saber quando, teoricamente, ele deve ser imunizado novamente". 

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É importante ressaltar que nenhuma pesquisa utilizou recém-nascidos, por isso a obstetra diz que não é possível propor a vacinação de bebês se ainda não se pesquisou o recém-nascido. 

Sobre a permanência dos anticorpos no corpo do bebê, a Dra. Larissa Cassiano informa que a duração ainda é muito difícil de avaliar. 

"Duas coisas que a gente ainda não consegue dizer é que idade gestacional seria o melhor momento pra vacinar e quanto tempo dura a imunidade. A gente ainda vai precisar pesquisar pra poder avaliar", explica a ginecologista e obstetra da clínica Theia.  

A Dra. Larissa Cassiano completa ao reforçar que esses bebês com anticorpos são precursores, foram os primeiros. "Acredito que eles ainda sejam submetidos a ensaios clínicos e estudos pra analisar a taxa de eficácia e a evolução deles". 

Em relação ao teste aplicado no bebê, a obstetra explicou que o exame avalia a produção de anticorpos, como que o antígeno foi recebido e como o corpo respondeu produzindo anticorpos. Assim, é possível detectar os anticorpos contra a Covid-19 no corpo do bebê. 

A médica revela que existem "alguns relatos e estudos sobre a presença de anticorpos no leite materno, mas é difícil ainda avaliar o quanto de anticorpos tem no leite materno, o que passa pela placenta e se é suficiente pra criar uma imunidade duradoura". 

O fato dos anticorpos serem decorrentes da CoronaVac é visto de maneira positiva pela Dra. Larissa Cassiano que conclui ao dizer que "a CoronaVac e Pfizer são as vacinas recomendadas nesse momento para as grávidas. Isso é um bom sinal".

Dra. Larissa Cassiani, ginecologista e obstetra
Dra. Larissa Cassiani, ginecologista e obstetra. 

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe

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