A pediatra Paula Borelli Barros explica o que é a catapora, sua transmissão, sintomas e como tratar a doença em crianças e adultos
Maria Cunha* Publicado em 14/07/2021, às 18h38
A varicela, conhecida como catapora, é uma doença viral de alto contágio causada pelo vírus varicela-zoster e que atinge a pele por meio de uma irritação cutânea com bolhas.
A pediatra Dra. Paula Borelli Barros conversou com o Papo de Mãe e explicou que a catapora pode ocorrer em qualquer idade, desde bebês até idosos, mas é mais grave em adultos.
De acordo com a pediatra, a transmissão da catapora se dá por via respiratória, tosse, espirro, objetos contaminados, e pelas lesões ativas na pele. Além disso, a doença pode ser passada da mãe para o bebê, durante a gravidez, parto ou amamentação.
A Dra. Paula também explica que a catapora é mais comum no final do inverno e começo da primavera, e destaca que a doença tem um período de incubação, antes de apresentar sintomas, de 4 a 16 dias.
"A transmissão começa 1 a 2 dias antes de aparecerem as lesões e até seis dias após as lesões estarem com casquinha. Então, o período de transmissão é muito grande e a pessoa deve ficar em casa porque é uma doença altamente contagiosa".
A Dra. Paula Borelli Barros conta que os sintomas da catapora se iniciam com febre, mal estar, indisposição, dor no corpo, e aí começam as lesões na pele.
"Essas lesões são polimórficas, são vários tipos de lesão ao mesmo tempo, desde uma lesão avermelhada a vesículas, e a lesões que parecem uma queimadura e que evoluem com casquinhas, com crostas. As lesões coçam bastante e podem acometer as mucosas, como a mucosa ocular".
A médica ainda explica que a catapora também pode resultar em lesões na boca, em regiões de períneo, o que acaba ardendo bastante e, por comprometer a boca,dificulta alimentação.
Outras complicações citadas são: encefalite, pneumonia e infecções de pele secundárias.
A médica completa ao relatar que o diagnóstico da catapora é clínico e as lesões e os sintomas são característicos.
"Existem exames de sorologia, de testagem, mas não são indicados, a gente consegue diagnosticar de forma clínica".
Para o tratamento, a Dra. Paula Borelli Barros explica que é de extrema importância o cuidado com as medidas de higiene. Também é comum usar anti-histamínicos e talco mentolado para aliviar a coceira e é recomendado o uso compressas com água fria.
É importante ressaltar que o uso de pomadas deve ser evitado nas lesões, assim como é contraindicado o uso do AAS, ácido acetilsalicílico, pois ele pode levar a uma complicação chamada Síndrome de Reye, doença rara e grave que causa confusão mental, inchaço no cérebro e danos ao fígado.
A pediatra reforça que a catapora é uma doença prevenível com vacina.
"A vacina, pelo PNI, Programa Nacional de Imunização, feito pelo SUS, é dada aos 15 meses e aos 4 anos, a segunda dose, e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, quando nós fazemos a vacina, ela é feita com 1 ano e, a segunda dose, de 1 ano e 3 meses até 24 meses. Então, quando é particular, ela é adiantada".
Já em adolescentes que não vacinaram, por exemplo de 11 anos, a Dra. Paula explica que são feitas duas doses com intervalo de três meses e, quando há um surto de catapora, comum em creches e escolas, é possível adiantar essa vacina aos 9 meses.
Outra prevenção que é importante, além da vacina, é lavar as mãos e realizar o isolamento do paciente.
A médica conclui explicando que a diferença entre crianças e adultos é que a catapora em crianças tende a ser mais benigna do que em adolescentes e adultos, que podem apresentar mais complicações. As lesões em pessoas mais velhas são mais intensas, a febre é mais persistente e há mais riscos de complicações.
“A gente tem uma média de 3 milhões de casos ao ano, com internações de 4.000 a 12.000 pessoas por ano. As internações acontecem mais em adultos, porque os adultos têm mais complicações, e em relação aos adolescentes, a catapora é menos intensa, porque a maioria já está vacinada”.
A Dra. Paula Borelli Barros finaliza ao lembrar que toda doença de criança, que acomete um adulto ou um adolescente, tem o costume de ser mais dolorida, coçar mais, ter mais sintomas e mais lesões, ou seja, um quadro mais intenso.
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe