A pediatra Dra. Fernanda Viana explica a importância das vacinas e dá mais detalhes sobre a volta do sarampo, doença que já estava erradicada no país
Maria Cunha* Publicado em 09/06/2021, às 18h23
Nesta quarta-feira, dia 9 de junho, é o Dia Nacional da Imunização. A data, tem o objetivo de lembrar a importância da vacinação, tanto individualmente, como para a saúde coletiva. Isso se torna ainda mais relevante com as quedas no índice de vacinas aplicadas nos últimos anos e o retorno de doenças que podem ser previnidas e já estavam erradicadas.
Dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) revelam que, do ponto de vista federal, só 61,83% das crianças foram vacinadas contra a gripe na campanha deste ano. A meta era de 90%. Além disso, uma pesquisa do Ibope mapeou que o medo da Covid fez com que 29% de pais e mães atrasassem a vacinação dos filhos para outras doenças.
Por serem produzidas com propriedades dos vírus causadores das doenças, em estado inativo, as vacinas produzem uma reação ao entrarem no organismo e fazem com que o sistema imunológico produza anticorpos. Isso só evidencia a importância de manter a vacinação em dia.
Em entrevista ao Papo de Mãe, a pediatra Dra. Fernanda Viana, do Saúde4kids, explicou que as vacinas protegem não só as crianças, mas também adultos, contra diversas doenças graves e contagiosas. "Essas doenças, até o surgimento da vacinação, faziam com que muitas pessoas morressem ou ficasse com sequelas. Depois que começou o advento das vacinas, muitas doenças foram erradicadas, sumiram, e outras, mesmo quando a criança ou qualquer outra pessoa tem, elas são atenuadas, são doenças menos graves".
A pediatra cita, como exemplo, a varíola, já erradicada, que "fez um estrago gigante" até o começo do século XX e depois conseguiu ser contida. Outra doença mencionada pela Dra. Fernanda Viana é o sarampo, que pode causar óbito em crianças, especialmente nas menores e que, com a vacinação, tinha diminuído muito. "No Brasil, o sarampo tinha sido erradicado, mas, no final da década de 2010 a 2020, começou a aparecer casos graves. Isso é em consequência de pessoas que não foram vacinadas, pegam a doença e transmitem", afirma a médica Dra. Fernanda Viana.
Ainda sobre o sarampo, Dra. Fernanda Viana explica que é uma doença de notificação compulsória, ou seja, todo caso de sarampo, obrigatoriamente, tem que ser notificado para a vigilância sanitária. Em 2015, havia sido notificado o último caso de sarampo, ocorrido no Ceará. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado da OMS de erradicação da doença, mas, em 2018 começou de novo a aparecer e ocorreu um surto. Na região norte, especialmente, foram mais de 10.000 casos entre 2018 e 2019. Em 2019, a doença voltou a causar mortes de crianças.
Segundo a Dra. Fernanda Viana, os sintomas do sarampo se iniciam a partir da febre. "O sarampo é uma doença febril, ela vem com febre alta, vem com tosse persistente, com irritação ocular evermelhidão, e começa a ter coriza. Depois que aparece isso, vem aquelas manchas no corpo, manchas vermelhas, que progridem da parte central, pescoço e tronco, para os pés. Então, vai para as extremidades. Ela dura, essa primeira parte de sintomas, mais ou menos, de três a cinco dias. A duração mínima é de três dias".
De acordo com a médica, o grande problema é que podem surgir infecções junto com a doença, como infecção de ouvido, pneumonia, até convulsões, lesões cerebrais e, infelizmente, pode levar à morte. "O sarampo ele compromete tudo, as vias aéreas, então vai dar esse quadro respiratório, pneumonia, pode causar diarreia, então chega no trato gastrointestinal e também na cabeça. As complicações são causadas pelo próprio vírus que vai atingir as outras regiões e são mais grave nas crianças desnutridas, nos recém-nascidos, nas grávidas e nos imunodeficientes, pessoas que tem alguma doença deimunossupressão. O sarampo é uma doença grave e que pode levar a sequelas e à morte", relata a pediatra Dra. Fernanda Viana.
Em relação à transmissão, a médica pontua que se dá no contato de pessoa a pessoa e é por meio de gotículas, mais ou menos igual a Covid-19. Assim, o contágio ocorre através de uma pessoa contaminada que tosse, espirra, fala ou respira muito perto de você. "Se aquela pessoa está com o vírus, as gotículas que saem desse fração da tosse e do espirro, elas contém o vírus e isso, tendo contato com a pessoa não vacinada, vai entrar no organismo e vai causar doença. O contágio começa na fase da febre, então começa aparecer febre alta antes de aparecer as manchas", relata a Dra. Fernanda Viana.
Desse modo, a médica ressalta que a única forma de prevenir doenças como o sarampo é por meio da vacinação. "Não tem jeito, tem que vacinar. Possivelmente, se a vacinação do sarampo tivesse continuado como era, não teria tido esse surto e não teria voltado. Então, a queda da vacinação foi o principal ou o único responsável pela volta da doença, infelizmente.As crianças que estão um pouco mais protegidas são aqueles bebezinhos que as mães foram vacinadas e receberam através da placenta o anticorpo quanto estavam na barriga. Depois, isso vai ter uma imunidade temporária até o final do primeiro ano de vida, quando isso passar, não tem jeito tem que vacinar".
Além disso, a pediatra conclui ao lembrar da importância de manter a carteirinha de vacinação atualizada, já que isso mantém a proteção da sua criança, do seu filho, e também dos outros. A Dra. Fernanda Viana completa ao dizer que existem crianças que não vão poder ser vacinadas, sãoimunodeprimidas, têm algumas doenças, e ficam totalmente à mercê daquelas que são saudáveis, não terem a doença. "Tem que vacinar para evitar que você fique doente e que os outros em volta não fiquem doentes. Vacinação é um pacto da sociedade pela saúde da humanidade, porque as vacinas são única forma de proteger contra diversas doenças. Tem gente que vai falar: tomou a vacina e teve a doença. Mas ela vai se proteger contra a forma grave, como é o caso, por exemplo, da catapora, muitas crianças que tomam a vacina podem ter, mas de uma forma mais leve", finaliza a pediatra Dra. Fernanda Viana.
É importante ressaltar que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), 18 tipos de vacinas que protegem crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes contra 26 doenças graves.
Tipo de vacina | Ao nascer | 2 meses | 3 meses | 4 meses | 5 meses | 6 meses | 9 meses | 12 meses |
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BCG Id | Dose única | | | | | | | |
Hepatite B | 1ª dose | 2ª dose | 3ª dose | |||||
Poliomielite | | 1ª dose | | 2ª dose | 3ª dose | | ||
Tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) | 1ª dose | 2ª dose | 3ª dose | |||||
Haemophilus | | 1ª dose | | 2ª dose | | 3ª dose | | |
Pneumocócica 13V | 1ª dose | 2ª dose | 3ª dose | Reforço | ||||
Rotavírus 5V 1 | 1ª dose | | 2ª dose | | 3ª dose | | | |
Meningocócica ACWY 2 | 1ª dose | 2ª dose | 1º reforço | |||||
Meningocócica B 3 | 1ª dose | 2ª dose | Reforço | |||||
Influenza (gripe) | Dose anual. duas doses na primovacinação antes dos 9 anos de idade. | |||||||
Febre Amarela | 1ª dose | |||||||
Tríplice viral 3 (sarampo, caxumba e rubéola) | 1ª dose | |||||||
Varicela 3 (catapora) | 1ª dose | |||||||
Hepatite A | 1ª dose |
Tipo de vacina | 15 meses | 18 meses | 4 anos | 6 anos | 10/11 anos | 14 anos |
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Poliomielite | 1º reforço | 2º reforço | ||||
Tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) | 1º reforço | 2º reforço | | |||
Haemophilus | Reforço | | | | ||
Pneumocócica 13V | | |||||
Meningocócica ACWY 2 | | |||||
Meningocócica B 3 | | |||||
Influenza (gripe) | Dose anual. duas doses na primovacinação antes dos 9 anos de idade. | |||||
Febre Amarela | Reforço | | ||||
Tríplice viral 3 (sarampo, caxumba e rubéola) | 2ª dose | |||||
Varicela 3 (catapora) | 2ª dose | |||||
Hepatite A | 2ª dose | |||||
HPV 4 | Duas doses | |||||
Tríplice bacteriana tipo adulto5 | | Reforço |
Legenda
Tipo de vacina | 19 a 49 anos | 50 a 59 anos | 60 a 64 anos | >= 65 anos |
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Dupla ou Tríplice bacteriana 1 | 1 dose a cada 10 anos | |||
HPV 2 | 3 doses | |||
Tríplice viral 3 | 2 doses | | ||
Varicela 4 | 2 doses | |||
Hepatite A 5 | 2 doses | |||
Hepatite B 6 | 3 doses | |||
Herpes Zoster 7 | 1 dose | |||
Influenza 8 | 1 dose anual | |||
Pneumococo 9 | 1 dose PC13V | 1 dose PPS23V | ||
Meningococo ACWY 10 | 1 dose | |||
Meningococo B 11 | 2 doses | |||
Febre Amarela 12 | 1 dose | |
Legenda
Vacina/Doença | Indicação |
---|---|
Tríplice Bacteriana Acelular 1 | A partir da 20ª semana de gestação |
Hepatite B | Toda gestante que ainda não foi vacinada. |
Influenza2 | Em qualquer momento da gestação |
Legenda
Tabelas do Hospital Albert Einstein
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe