Oftalmologista explica 5 pontos que devem ser levados em conta na hora de decidir pelo uso de lentes de contato para crianças
Sabrina Legramandi* Publicado em 26/08/2021, às 15h31
Os efeitos da pandemia da Covid-19 também passaram a refletir na visão tanto de crianças quanto de adultos. Em 2020, a prevalência de miopia aumentou 3 vezes entre crianças de 6 a 8 anos, segundo um estudo da revista médica JAMA Ophtalmology publicado este ano.
Porém, muitas crianças não se sentem confortáveis usando óculos, seja por uma questão de autoestima, pelo bullyingque, muitas vezes, acontece na escola ou até para a prática de esportes. Diante disso, muitos pais passam a buscar outras alternativas. Mas, afinal, as lentes de contato poderiam ser uma delas?
Segundo a oftalmologista especialista em lentes de contato e chefe do setor de lentes de contato do Hospital de Olhos de Florianópolis, Claudia Del Claro, as crianças podem usar as lentes. Elas, inclusive, podem ser muito positivas para o tratamento, desde que bem utilizadas.
A oftalmologista explica haver casos muito específicos em que o recomendado é o uso de lentes para crianças de 1 a 5 anos. Um deles envolve um grau muito elevado de miopia, astigmatismo ou hipermetropia em apenas um dos olhos. Nessa circunstância, o objetivo é corrigir a ambliopia, ou o "olho preguiçoso", ou seja, o que não teve o desenvolvimento normal da visão.
Outra situação que pode envolver os pequenos é o nistagmo, doença que causa um tremor involuntário nos olhos. De acordo com Claudia Del Claro, as lentes são mais indicadas do que os óculos nesses casos, pois podem acompanhar o eixo visual.
Por volta dos 10 ou 12 anos, muitas crianças começam a usar lentes de contato para a prática de esportes, como futebol ou balé, ou começam a ter vontade de usá-las. Alguns pontos, porém, devem ser considerados no momento dessa decisão e a médica comenta sobre cinco deles.
1. Existe alguma contraindicação?
As lentes de contato nem sempre são uma opção. Crianças que tenham olhos secos, que apresentam algum tipo de alergia no olho ou alterações na pálpebra e na córnea não devem utilizá-las. Por isso, o uso deve ser feito apenas com recomendação médica.
Depois de averiguar se não há contraindicações, o médico realiza exames complementares para verificar qual é a lente mais indicada. Após isso, o paciente recebe um treinamento de manuseio e cuidado das lentes.
2. Os pais também precisam se responsabilizar pelos cuidados
Como as crianças são muito novas, os pais também devem estar cientes de que o manuseio e o cuidado também serão responsabilidade deles. "Eles devem participar dos testes e também devem aprender a manusear as lentes e receber as orientações com seus filhos", explica Claudia Del Claro.
3. Na grande maioria dos casos, a criança ainda usará óculos
O tratamento com os óculos não deixará de fazer parte da rotina. A oftalmologista esclarece que, como muito provavelmente a criança continuará usando lentes por muitos anos, é importante que haja um limite de tempo de uso diário.
As lentes devem ser uma alternativa principalmente para quando a criança for praticar algum esporte ou for para a escola, por exemplo." (Claudia Del Claro)
4. As lentes de descarte diário são as mais indicadas
Existem lentes que podem ser utilizadas várias vezes, mas, para as crianças, as mais recomendadas são as de descarte diário com alto nível de oxigenação. Claudia explica que esse tipo de lente minimiza complicações que podem ocorrer.
5. A visita ao oftalmologista deverá acontecer a cada seis meses
Para acompanhar o tratamento e também como os olhos estão reagindo ao uso das lentes, o ideal é que a visita ao oftalmologista aconteça periodicamente. Segundo Claudia Del Claro, a criança deverá fazer uma visita ao médico a cada seis meses.
*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe