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E quando a ginecologista identifica uma vítima de violência doméstica?

A ginecologista e obstetra Ligia Santos conta uma triste realidade que já vivenciou em consultório: atender uma vítima de violência doméstica

Mariana Kotscho* Publicado em 06/10/2021, às 07h00

Dra.Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe
Dra.Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe

Desta vez a colunista Ligia Santos, ginecologista e obstetra, nos traz a história de uma paciente de cerca de 50 anos que atendeu em consultório. Bonita e bem vestida, a mulher, de classe média, procurou a médica dizendo que tinha pouca libido e queria resolver isso.

A paciente então contou que o marido queria ter relações todos os dias e que com a proximidade da menopausa ela achava que já não era mais tão "atraente para ele" e queria "ajuda" para resolver isso, pois ele a fazia se sentir mal e "pra baixo".

Lembrando que a violência doméstica não é só física, mas é também psicológica, moral, sexual, patrimonial. A médica conta que esta mulher sequer percebia que era vítima de violência doméstica. Mas o fato é que uma mulher ser obrigada, ou se sentir obrigada, a ter relações sexuais com o marido é sim uma violência. Isso pode ser chamado, inclusive, de estupro no casamento.

Assista ao depoimento da Dra. Ligia Santos sobre o caso de violência doméstica

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O marido a obrigava a ter relações todos os dias, mesmo a machucando, mesmo sem ela querer e a humilhava. É importante falar sobre isso para entender que isso é uma violência doméstica. Que não é porque a mulher é casada que ela tem obrigação de fazer algo que ela não quer, que isso é um relacionamento abusivo.

A Dra. Ligia faz um alerta muito importante para que a sociedade não seja conivente com a violência doméstica. Assim como ela, como médica, identificou e conversou com a vítima, é preciso ajudar essas mulheres, orientar, denunciar. "Não normatize a violência, não faça com essa vítima se sinta mal em te contar o que está acontecendo. Acolha, escute, reconheça que ela é vítima e que precisa de ajuda", alerta a médica: "Esta mulher precisa se empoderar para sair desta situação".

*Mariana Kotscho é jornalista

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