pmadmin Publicado em 19/09/2013, às 00h00 - Atualizado em 03/10/2014, às 20h08
Por Miguel Boarati*
Dr. Miguel Boarati, psiquiatra infantil |
O medo é um comportamento normal e adaptativo presente em animais superiores, sendo um importante avanço evolutivo, tendo como principal função a vigilância e preservação da integridade e da vida do indivíduo. Do contrário, ao longo de toda a evolução humana, não teríamos sobrevivido a perigos reais.
Durante uma situação de perigo real ocorre uma série de reações físicas e psicológicas que levam o individuo a rapidamente tomar decisões como forma de proteger a si e a prole. O medo quando presente em situações de perigo não reais ou em intensidade acima do justificável constitui um quadro patológico denominado Fobia.
As fobias são extremamente prevalentes na espécie humana e constitui um grupo grande de medos de situações de perigo não real, onde reações físicas são desencadeadas visando a esquiva da situação fóbica. Crianças e adolescentes sofrem desse mal em uma proporção bastante significativa, sendo esse o principal transtorno psiquiátrico nessa população (cerca de 15% das crianças e adolescentes sofre de alguma fobia ou transtorno de ansiedade).
Os dois principais tipos são a Fobia Social, onde o medo exagerado e injustificado é de situações de exposição social cotidiana, como ser chamado pela professora para responder a uma pergunta ou de pedir para ir ao banheiro. O outro grupo de fobias, são as fobias específicas que é o medo exagerado e irracional de objetos e situações que não são perigosas como aves, insetos (como borboleta), lugares fechados, escuro, etc.
O sofrimento e a disfunção social, acadêmica e familiar são significativas e intensas a ponto de a criança ou adolescente evitarem a situação fóbica mesmo que ocorram sansões como a reprovação escolar ou deixar de fazer um passeio. Muitas vezes, esse medo é confundido com timidez (no caso da fobia social) ou como medo normal de criança. A diferença se dá quando a intensidade gera comprometimento pela vida a fora desse indivíduo. É comum que crianças com fobia social evitem lugares com mais pessoas, sofram por não terem amigos ou comecem durante a adolescência a usar substâncias como o álcool e a maconha para conseguir enfrentar a situação fóbica social.
No caso de fobias específicas, como por exemplo, de pombos ou de tirar sangue, a criança ou adolescente se recusa a ir a parques, passear ou fazer exames necessários ao tratamento. O não-diagnóstico e consequente o não-tratamento geram prejuízos ao longo da vida, possibilitam o risco de cronificação, além do desenvolvimento de outras condições como dependência química, depressão e suicídio, dado as dificuldades que podem acarretar.
Pais ansiosos ou extremamente rígidos podem contribuir de forma negativa, principalmente quando não entendem que se trata de uma doença, não buscando tratamento adequado. O tratamento envolve a psicoterapia (principalmente as abordagens comportamentais e cognitivo-comportamentais), terapia familiar, orientação a pais e professores e em alguns casos o uso de medicação.
Todo o processo de avaliação diagnóstica e terapêutica deverá ser feita por profissionais habilitados no atendimento de crianças e adolescentes (psiquiatra infantil, psicólogos, terapeuta de família, entre outros). Quanto mais precoce for realizado o diagnóstico e tratamento, melhores serão os resultados, e muito sofrimento e dificuldades serão evitados.
* Dr. Miguel Boarati é psiquiatra infantil. Participou como especialista convidado do Papo de Mãe sobre FOBIA, exibido em 15.09.2013.
Clique AQUI e assista ao programa sobre FOBIA.
Dica: Papo de Mãe – Fobias