Estudo recente realizado pela Febrasgo mostrou que o índice de mães jovens teve uma queda significativa nas últimas duas décadas
Redação Papo de Mãe* Publicado em 09/08/2021, às 17h48
Não precisa ir longe para conhecer ou ouvir histórias de adolescentes que, sem planejar, se tornaram mães ainda jovens. A gravidez precoce é muito comum, e está normalmente ligada a uma série de fatores como evasão escolar, vulnerabilidade social e econômica, entre outros.
Mas segundo a pesquisa mais recente realizada pela ginecologista Dra. Denise Leite Maia Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), houve uma queda no número de gestações em adolescentes no Brasil nos últimos 20 anos.
O estudo inédito divulgado pela Federação apontou que o número de nascidos vivos (NV) de mães de 10 a 19 anos de idade, entre os anos 2000 e 2019, apresentou uma queda total de 37,2%, bastante significativa. No começo de 2000, mães adolescentes foram responsáveis por 23,4% do total de nascidos vivos. No ano de 2018, por exemplo, a participação das adolescentes entre 10 e 19 anos representou 15,5% do total de partos. Já no último ano do levantamento, esse índice caiu para 14,7%.
Para a Dra. Denise Leite, a gravidez precoce acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o recém-nascido. Segundo ela, as complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente.
"Existe maior risco de eclâmpsia, endometrite puerperal, infecções sistêmicas e prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ainda há consequências sociais e econômicas como rejeição ou violência e interrupção dos estudos, comprometendo o futuro dessas jovens", explica a médica.
Apesar da queda significativa da gravidez precoce no país nas últimas duas décadas, a especialista da Febrasgo alerta que a situação envolvendo este cenário ainda deve ser uma preocupação da saúde pública.
O cenário da gestação adolescente continua preocupante. Dados do DataSUS/Sinasc apontam que a cada dia ocorram cerca de 1150 nascimentos de filhos de adolescentes", afirma.
Para compreender melhor a questão da gestação precoce, a Dra. Denise também analisou as taxas de fecundidade dessa população, de acordo com diferentes perfis etários e regiões.
De modo geral, de acordo com a pesquisa, o Brasil apresenta um declínio do percentual de NV (nascidos-vivos) de mães adolescentes e uma redução da taxa de fecundidade por idade específica (TIEF), estando inversamente relacionado ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
"O IDH de 2017 de cada região brasileira mostrou maiores índices de fecundidade nas regiões sudeste e sul, seguido do centro-oeste, norte e nordeste, no entanto, a proporção de NV de mães adolescentes do sudeste e sul são as menores. A região norte ainda apresenta a maior taxa de gravidez na adolescência, seguida pelas regiões nordeste e centro-oeste.
A pesquisa ainda aponta que a redução de gravidezes juvenis caminha em velocidades distantes ao observar aquelas ocorridas entre meninas de 10 a 14 anos ante o grupo de 15 a 19 anos. Infelizmente, a região norte se destaca quando se trata de gravidez na infância. Segundo a especialista, isso reflete os desafios ligados ao combate ao casamento infantil e abuso sexual infantil.
FONTE: SOGIA-BR e CNE-FEBRASGO de Ginecologia Infanto Puberal