Roberta Manreza Publicado em 29/08/2016, às 00h00 - Atualizado às 10h51
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a infertilidade afeta de 50 a 80 milhões de pessoas no mundo, sendo considerado um problema para cerca de 15% dos casais. A dificuldade por estar no homem, na mulher ou em ambos. O casal é considerado infértil depois de um ano de tentativas de engravidar. Saiba mais sobre a infertilidade masculina.
Informações: Grupo La Torre – Edição: Clarissa Meyer – Portal Papo de Mãe
No caso do homem, a infertilidade pode ter uma ou várias causas. “O homem pode apresentar uma deficiência tanto na qualidade, quanto na quantidade de espermatozoides. Este fator está presente em 30 a 40% dos casos de infertilidade” explica a ginecologista e especialista em reprodução humana, Dra. Adriana de Góes.
A médica orienta que, num primeiro momento, é necessário analisar a qualidade dos espermatozoides por meio do espermograma, além do exame físico da bolsa testicular. “Fazemos uma análise envolvendo parâmetros como cor, volume, quantidade, movimentação e forma dos espermatozoides. Já no exame físico, analisamos se o paciente possui a varicocele, por exemplo, que é um conjunto de veias dilatadas na região do testículo, que aumenta a temperatura na região e dificulta a produção de espermatozoides e a obstrução do canal por onde ele passa”.
De acordo com a médica, “a infertilidade pode ter causas imunológicas como a produção de anticorpos que alteram a quantidade e qualidade desses espermatozoides; fatores ambientais como, por exemplo, radioterapia, hábitos de vida pouco saudáveis, estresse, hormônios na alimentação, uso de anabolizantes e medicamentos; além de causas genéticas e hormonais”.
O impacto da idade do homem na fertilidade também tem sido objeto de estudo. “Assim como a idade materna, quanto maior a idade do pai, maior é a chance de ocorrer alteração na produção e na qualidade dos espermatozoides, trazendo consequências como dificuldade na formação do embrião, risco de perdas precoces na gestação e maior risco de síndromes genéticas”, ressalta.
A boa notícia é que existem tratamentos eficientes para maior parte dos casos de infertilidade. “Tanto o homem quanto a mulher devem estar dispostos a investigar de onde vem a infertilidade. Eles devem fazer todos os exames e, descobrindo a causa, iniciar o tratamento. O apoio da família e a união do casal é fundamental para o sucesso do tratamento”, finaliza.
*Dra Adriana de Góes é ginecologista e obstetra, mestre e doutora pela UNICAMP e professora na pós-graduação de reprodução humana do Instituto Sapientiae.
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Dr. Conrado Alvarenga**, urologista
O atendimento do casal infértil, mais especificamente do homem com infertilidade, nos leva, dependendo do caso, a propor e auxiliar o congelamento do sêmen.
O congelamento seminal na sociedade brasileira ainda é revestido de inúmeros tabus e dúvidas: desde a confiabilidade do armazenamento das amostras até com relação ao risco de serem utilizadas sem o consentimento do casal ou os problemas que esporadicamente surgem quando o casal não apresenta mais interesse nas amostras estocadas.
Hoje em dia, já temos no país centros que congelam sêmen com técnicas mundialmente padronizadas, seguras e com resultados pós-descongelamento totalmente dentro dos parâmetros aceitáveis.
Indicamos o congelamento para homens com concentrações seminais abaixo de 5 milhões/mL, denominados oligospérmicos graves; homens que serão submetidos a tratamentos quimioterápicos ou radioterápicos; e, em alguns casos, em homens que farão vasectomia e têm interesse em manter amostras congeladas, mesmo sabendo que a vasectomia é reversível.
A grande maioria das vezes é para preservação da fertilidade masculina previamente a tratamentos oncológicos complexos. Ainda hoje há tentativa nítida de conscientização da comunidade médica em sempre abordar o assunto antes do início do tratamento, principalmente em adolescentes e adultos jovens.
Congelar o sêmen pode evitar situações extremamente tristes e desconfortáveis: a cura da doença de base mas o surgimento de infertilidade definitiva por lesão testicular irreversível durante o tratamento.
**Dr. Conrado Alvarenga é urologista, membro da Divisão de Urologia da USP. Participou como especialista convidado do Papo de Mãe sobre Infertilidade Masculina, exibido em 03.11.2013.
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