Uma reflexão feita pelo jornalista Claudio Henrique dos Santos, autor do livro “Macho do Século 21”. Feminista assumido, ele fala sobre o mês da mulher
Claudio Henrique dos Santos* Publicado em 18/03/2021, às 00h00
Recentemente foi celebrado o Dia Internacional da Mulher (08/03), uma data comemorativa infelizmente ainda incompreendida por uma boa parte dos homens (e, talvez, uma minoria feminina também).
Muitos amigos ainda me questionam a respeito da razão pela qual as mulheres celebram a data ou se eu não acho que está muito exagerada esta “onda do feminismo”. Outros alegam que no noticiário “só vemos a celebração das conquistas das mulheres”. “Tudo tem um viés feminista agora”, segundo os mais inconformados.
Minha resposta é simples: não, eu não acho que isso é exagerado. As mulheres passaram a ocupar espaços que antes eram quase que exclusivamente ocupados pelos homens. E claro que isso é notícia. Das boas, aliás. Estas conquistas merecem ser exaltadas, pois representam um avanço da sociedade rumo a um maior equilíbrio. Muitos ainda não perceberam que é um privilégio enorme ser homem numa sociedade onde os homens ocupam os maiores espaços de decisão e de poder.
Um post publicado por um amigo no próprio Dia da Mulher é um bom exemplo disso. Seu texto dizia o seguinte: “neste dia – e em todos os outros – não lute por uma maior participação de mulheres na política. Lute por total participação de pessoas honestas! Porque se for alguém desonesto ou corrupto, tanto faz ser homem, mulher ou qualquer gênero.”
Quando não entendemos bem o que significa equidade de gênero, acabamos misturando alhos com bugalhos mesmo. A maior participação de mulheres não tem a ver com honestidade, mas com maior diversidade de olhares, de ideias. Talvez daí surja uma política melhor. No mínimo, teremos uma sociedade que respeite mais as próprias mulheres, o que já seria um grande avanço. Será que este meu amigo já se deu conta que as mulheres ocupam menos de 10% de cargos eletivos e que com uma participação tão minoritária fica difícil mudar alguma coisa?
O apoio dos homens à equidade de gênero é fundamental para o atingimento de uma sociedade mais justa e equilibrada. Isso começa a partir da maneira como nos relacionamos com nossas esposas e filhas dentro de casa, nossas chefes, pares e subordinadas nas empresas e em todas as situações do cotidiano. Uma sociedade mais igualitária certamente é mais benéfica para todos. Os homens têm muito mais a ver com isso do que imaginam.
*Claudio Henrique dos Santos é jornalista, palestrante e autor dos livros “Macho do Século 21” e “Mulheres Modernas, Dilemas Modernos”
Assista à entrevista com Luana Tolentino sobre o dia da mulher: