As famílias ainda não sabem direito quais os efeitos da pandemia e do isolamento a longo prazo nas crianças. Mas algo mudou. E como será daqui pra frente?
Monica Romeiro* Publicado em 26/08/2021, às 07h00
O comportamento dos meus filhos mudou com a pandemia, afinal já se vai um ano e meio de isolamento social, meses sem aulas presenciais e muita habilidade social perdida ou que não foi aprendida. Para completar o salseiro, as horas que eles passam nas telas aumentaram drasticamente, afinal eu precisava trabalhar e as telas funcionavam como babás.
Esta não é somente a minha realidade, muitas famílias estão sentindo as consequências da pandemia no comportamento das crianças.
Todas as famílias sofreram com a pandemia.
São tantos meses de isolamento social que vivenciamos diferentes sentimentos em diversas fases. Começamos com o medo do vírus até então desconhecido ao mesmo tempo em que as aulas presenciais foram subitamente suspensas, passamos por insegurança profissional e financeira, receio da falta de alimentos – até de papel higiênico –, o tempo do isolamento social aumentando sem qualquer previsão de voltarmos à normalidade, adaptação da rotina familiar, aprender a conviver com o EAD em que muitos pais viraram tutores de ensino das crianças mesmo sem qualquer experiência nesta área, saudade dos entes queridos, perdas... e todo este ciclo vai se repetindo, de forma mais tênue ou intensa para cada família.
E se para nós, adultos, já foi difícil, imagine para as crianças, que estão em pleno desenvolvimento emocional e social? O comportamento das crianças reflete não só os medos, mas também a falta do convívio com outras crianças da mesma idade.
Entre muitas queixas de comportamento infantil, as que mais aparecem nos comentários dos meus vídeos e postagens no Almanaque dos Pais são:
Algum desses problemas te soa familiar?
A boa notícia é que tem solução! Para que possamos ajudar nossas crianças, o primeiro passo é ter o olhar atento para nossos filhos e proporcionar a eles momentos e estímulos adequados.
O comportamento do seu filho mudou? Separei algumas dicas que vão ajudar você a lidar com esses desafios que a pandemia nos deixou e fortalecer os laços e confiança entre vocês. Para colocar em prática seu filho pode ter qualquer idade, o que muda é a forma com a qual você vai se comunicar. Quanto mais nova a criança, mais clara e objetiva deve ser a conversa.
1) Empatia e respeito aos sentimentos das crianças
Não é birra, é dificuldade em se expressar ou até mesmo entender o que está sentindo.
Ajudar nossos filhos a reconhecerem seus próprios sentimentos e ensiná-los a lidar com eles é uma das melhores formas de obter bons resultados. Dê nome aos sentimentos: - Você está frustrado porquê não pode assistir TV sempre que quer. Eu entendo o que você está sentindo, mas você precisa fazer outras atividades. Vou te ajudar a escolher um brinquedo.
Ou então: - Você está nervoso porquê passou do horário de dormir. Nosso corpo e mente precisam descansar para que a gente se sinta bem. Vamos ler uma história juntos para você relaxar e o sono chegar?
2) Rotina
Criança precisa de rotina para se sentir segura. Saber o que vai acontecer em seu dia a dia deixa seu filho mais tranquilo. Horário para acordar, dormir, comer e estudar (inclua horários das tarefas também) ajuda a organizar o dia da família e melhora o humor de todo mundo.
3) Vida saudável
Se alimentar bem, fazer exercícios regularmente, beber bastante água... são dicas que a gente sempre ouve por aí, e não é à toa, já que são os pilares para um corpo saudável. E com saúde nossa mente também funciona melhor. Inclusive melhorando bastante a qualidade do sono.
4) Limite o tempo de telas
Seja televisão, tablet ou celular, as telas comprovadamente deixam as crianças mais nervosas, ansiosas e alteram a qualidade do sono. Limite o uso de telas para que seu filho tenha tempo de brincar e até o tempo de não fazer nada, que é extremamente importante e promove a criatividade (as sinapses cerebrais de criatividade são criadas até 21 anos de idade, ou seja, quanto mais se brinca, mais criativo o adulto será).
Substituir telas por músicas também é super saudável. Se for dançar junto, melhor ainda! A família se diverte e se exercita juntos, todos saem ganhando.
E quando as telas forem necessárias, priorize os jogos e programas educativos. Ou então uma chamada de vídeo com um amiguinho. Minha filha adora quando faz chamada de vídeo com as amigas e brincam de boneca à distância.
5) Atividades ao ar livre
O contato com a natureza faz milagres, e existe evidência científica para provar (clique aqui para acessar o PDF Benefícios da Natureza para o Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes). Crianças e adolescentes que estão sempre em contato com a natureza têm criatividade e autoconhecimento aumentados, menor risco de dependência de drogas e álcool, possuem melhor desenvolvimento neuropsicomotor, entre outros benefícios para a saúde física e emocional.
Ser mãe na pandemia é um desafio que jamais imaginei viver, assim como ser criança na pandemia também será inesquecível para nossos filhos. Então vamos, juntos, transformar esta fase difícil em oportunidade para que os valores familiares sejam ainda mais fortalecidos e a infância vivida intensamente.
*Monica Romeiro é conselheira maternal, mãe do Lucas (10 anos) e da Lari (9 anos), criadora do Almanaque dos Pais e autora do livro Vem cá me dar um abraço.
YouTube: www.YouTube.com/
Instagram: @almanaquedospais
**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil.
Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas.
Conheça mais no site do programa