Raphael Preto Pereira media hoje, dia 1º de outubro, um mini-curso sobre educação inclusiva no 5º Congresso Internacional de Jornalismo da Educação
Maria Cunha* Publicado em 01/10/2021, às 18h14
A JEDUCA (Associações de Jornalistas de Educação) está realizando seu 5º Congresso Internacional. A edição de 2021 tem como tema principal a Educação Inclusiva e traz, como subtemas, a necessidade de evolução das políticas de educação para pessoas com deficiência, os impactos da educação inclusiva para todas as pessoas e as tentativas do governo federal de modificar as regras da Política Nacional de Educação Inclusiva.
Hoje, dia 1° de outubro, nosso repórter Raphael Preto Pereira é o mediador de um mini-curso dentro do Congresso. O curso será ministrado pelo Rodrigo Mendes, presidente de um instituto, com o mesmo nome, que desde 1994 trabalha para a melhoria da educação inclusiva, procurando garantir saltos de qualidade e equidade na educação inclusiva.
Em entrevista ao Papo de Mãe, Raphael contou que, no curso, pretende-se falar sobre o decreto, que está tentando modificar a política de educação inclusiva, o acesso à esse tipo de educação, como você consegue garantir o seu direito à educação inclusiva e a possibilidade de você fazer matrícula em contraturno, tendo, assim, uma equipe disciplinar na escola para o auxílio educacional da pessoa com deficiência.
“Esses temas estão juntos com a educação inclusiva, são a construção de uma rede de apoio geral para garantir que uma pessoa com deficiência estude em classes regulares”, conta Raphael.
O repórter do Papo de Mãe ainda comenta qual a importância de discutir a educação inclusiva que, na sua opinião, está começando a nascer.
“Se você pegar uma pessoa com 18 anos, que acabou de sair, ela dificilmente vai ter tido contato com pessoas com deficiência na escola, por exemplo, são poucos os que têm”.
Entretanto, segundo Raphael, desde a década de 90, o governo tenta ir no caminho contrário às políticas inclusivas e não incentiva que as pessoas com deficiência estejam nas salas de aula regulares.
“É importante que esse debate seja feito porque existe muito preconceito com pessoas com deficiência, a gente teve um ministro que falou que a criança com deficiência atrapalha. Acho que esses debates são importantes para gente trazer experiências de sucesso, pra gente mostrar que é possível colocar pessoas com deficiência nas classes comuns”, explica Raphael Preto Pereira.
O repórter ainda comenta sobre uma pesquisa que afirma que quando há pessoas com deficiência estudando na mesma sala de pessoas sem deficiência, ocorre um ganho muito grande de habilidades socioemocionais, como empatia, convivência entre os diferentes e aprende-se a ouvir mais.
“Essas habilidades estão sendo muito exigidas dentro e fora da escola. Se você conversar com qualquer recrutador de estágio, ele vai falar das competências socioemocionais, porque são coisas que você não aprende na aula como um conteúdo disciplinar, não está no currículo, não tem uma matéria”.
Então, para Raphael, a escola tem uma grande oportunidade ao colocar pessoas com e sem deficiência juntas de garantir um intercâmbio de experiências, o que é muito bom, porém está em risco.
“Esses temas, quanto mais a gente fala sobre eles, é importante para que cada um possa falar o seu lado, mas sem mudanças bruscas, porque é importante que toda a sociedade esteja a par desse processo”, conclui o repórter.
Para mais informações sobre o minicurso, acesse: https://jeduca.org.br/jeduca2021/mesa/mini-curso-educacao-inclusiva-avancos-e-desafios
Depois de um mês, todos os conteúdos, inclusive o mini-curso ministrado pro Raphael, serão disponibilizados no YouTube.
O repórter do Papo de Mãe, atualmente com 27 anos, se me formou na FMU em 2020, e sempre cobriu educação.
“Todo o meu estágio, toda a minha carreira profissional foi em educação, então estágio no terceiro setor e depois só reportagem sobre educação. Eu já escrevi pra Folha, sempre como colaborador, Uol, Nova Escola e para o portal Lunetas, duas vezes”.
O motivo do repórter cobrir educação não é o esperado. Ele conta que, no começo da faculdade, teve um choque inicial.
“Quando a gente gosta de escrever, a família sempre diz que a gente escreve bem, e quando você chega na faculdade, você começa a ler o texto de algumas pessoas que escrevem muito bem e aí você chega à conclusão de que você não escreve tão bem quanto as pessoas dizem que você escreve”, relata Raphael.
Como escrever bem é matéria-prima para o Jornalismo e o repórter não acreditava ter um texto, segundo ele, “primoroso”, buscou um caminho para conseguir se firmar na profissão: virar referência em um assunto específico, no qual as pessoas o procurariam para falar sobre, porque saberiam que ele entendia.
Surgiu, então, a ideia de cobrir educação. Influenciado pelos pais que são professores, Raphael percebeu que entendia um pouco do assunto por causa da própria convivência e viu que pouca gente cobria educação ou tinha essa vontade.
“Eu encontrei um nicho que não era muito concorrido. É meio chato falar isso agora, porque a ideia é que eu fale que queria mudar o mundo, mas o meu primeiro contato com o Jornalismo Educativo foi bem prático”.
Mas, depois, o repórter afirma ter descoberto que educação é uma área muito legal, pois é possível falar de qualquer coisa, economia, política, desigualdade social ou cultura.
“A partir daí, eu comecei a ter a certeza. Em 2016, no meu primeiro ano de faculdade, a JEDUCA tinha acabado de ser lançada e eu fui na primeira reunião. Esse é o segundo ano que eu participo, participei no ano passado, também em uma mesa sobre desigualdade na escola durante a pandemia”, finaliza Raphael Preto Pereira.
Fábio Takahashi, fundador da Jeduca, explica que o objetivo do Congresso é sintetizar, em uma semana de evento, debates que possam complementar coberturas de educação ou trazer reflexões para novas coberturas com foco, este ano, principalmente em desigualdades na educação brasileira.
"A gente ficou bem atrelado a este tema em todas as mesas, como principal ponto de discussão. E a gente entende que o Congresso dá uma sensação de coletividade. Mais de 100 pessoas passaram por cada mesa, juntas, pensando no mesmo tema. Pessoas de diferentes áreas. O Congresso dá este espírito de corpo para a categoria do jornalista de educação", diz Takahashi.
Além disso, o fundador da Jeduca explicou como ocorre a escolha dos profissionais.
Na Jeduca, a gente pensa em profissionais que sejam especializados em reflexões, em conteúdos mais avançados para este público. Mas não é a regra, as pessoas têm outras áreas, nem todos são especializados. Então a Jeduca tenta também ser útil para profissionais que não são da área de educação para ajudá-los. Neste sentido temos a Editora Pública, a Marta Avancini". (Fábio Takahashi)
A grande missão da Jeduca é ajudar a melhorar a cobertura do jornalismo de educação na imprensa brasileira. A intenção é ajudar tanto o jornalista especializado quanto o que não é da área. Neste sentido há diversos serviços oferecidos, tais como:
Saiba mais em @jeducabrasil e em jeduca.org.br
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe